quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O estranho batizado de Joanna

Aqui e acolá, entre os registros da Igreja, encontramos algumas singularidades. É o caso do batismo a seguir. Nele não se encontra nem a data do nascimento nem a do próprio batizado. Além disso, a pessoa que batizou não parece que era padre. Está no livro de batizados de 1779.
Joanna, filha legítima de Alberto Pimentel, natural desta Freguesia, e de sua mulher Antonia de Freitas, natural de Recife de Pernambuco, neta por parte paterna de Francisco Gomes Pinto, natural da cidade de Olinda, e de sua mulher Placida Rodrigues (ilegível) desta mesma Freguesia, por parte materna do tenente Manoel Pacheco, natural de Pernambuco, e de sua mulher Maria de Freitas, natural de Pernambuco, foi batizada em casa por Domingos Fernandes natural do Recife de Pernambuco, como se costuma, de que mandei fazer este assento e por ausência do Reverendo Vigário me assinei, Joaquim José Pereira, pro-vigario do Rio Grande.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Conservação da memória

Conservação da memória
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do INRG
Há uma preocupação entre os genealogistas em face de uma recomendação do presidente do Conselho Nacional de Justiça, o ministro César Peluso, conforme artigo de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo. Tudo por conta do seguinte trecho: Será preservada uma amostra estatística representativa do universo dos documentos e processos administrativos e dos autos judiciais findos destinados à eliminação.
Essa preocupação é válida porque todos nós, que fazemos pesquisas genealógicas, dependemos de documentos que estão nas Igrejas, nos cartórios, nos fóruns judiciais, nos institutos históricos, nos arquivos públicos e privados, e em muitos outros locais que guardam ainda registros do passado.
A preservação de documentos não está nas prioridades dos órgãos públicos deste país. É uma atividade incipiente, mesmo levando em conta os avanços tecnológicos, principalmente, os processos modernos de digitalizações e fotografias.
Alguns inventários, que foram transferidos dos cartórios para alguns Fóruns Judiciais, não estão sendo cuidados com o devido zelo. São amontoados em lugares impróprios e vão se destruindo naturalmente. Eles são necessários a reconstituição da História dos nossos municípios, estados e do próprio país. Para muitos, trata-se só de papéis velhos e, por isso, muitos já foram descartados.
Os mórmons, através das microfilmagens, conseguiram preservar muitos desses documentos de cartórios, de igrejas, e de outros locais e, recentemente, estão disponibilizando aos poucos na Internet. Não fui até Florânia pesquisar, nos livros da Igreja, os meus ascendentes lá do Seridó. Para exemplificar, foi lá no site dos mórmos que encontrei o seguinte registro, em um dos microfilmes: Aos dois de maio de mil novecentos e cinco batizei André, filho legítimo de Pacífico Clementino de Medeiros e Anna Olindina Bezerra Cavalcante, nasceu a vinte e um de abril do dito ano, seus padrinhos José Garcia da Cruz, e Maria Pereira do Nascimento; para constar fiz este assento que assino. Vigário João Borges de Salles. Essa Anna Olindina, que conheci por tia Nana, era irmão do meu bisavô Alexandre Garcia da Cruz.
 No registro seguinte é batizado Torquato, filho de José Garcia da Cruz e Maria Pereira do Nascimento, e os padrinhos são Pacífico Clementino de Medeiros e Ana Olindina. Quem vê esses registros, pode observar que já estão bem deteriorados, e só é possível identificar alguns dados se já houver conhecimento de algumas informações anteriores.
Wandyr Soares de Araujo Villar que reeditou, em 2007, um livreto sobre a família Casa Grande, residente na cidade do Assú, de autoria de Antonio Soares de Macedo, escreveu no prefácio dessa edição: grande parte do acervo de Clara Soares foi fragmentada. Uma parte foi subtraída da família por pessoas, conhecidas, sob empréstimos, nunca devolvidos. Uma segunda parte foi igualmente subtraída por outros membros da família; eu mesmo tento recompô-la para juntar com o que me foi doado pelas minhas tias-avós e a terceira parte, a que foi doada para IHGRN é ocasionalmente encontrada em sebos, juntamente com outros artefatos roubados da instituição.
Outro exemplo que coloco vem desse livreto, de 1893, de grande importância para a história do Rio Grande do Norte. Veja o que escreveu seu autor, Antonio Soares de Macedo, no intuito de preservar a grata memória dos seus ascendentes, extraído de um caderno de lembranças do seus 4º avô.
Lembrança que deixo para aqueles, que de mim descenderem, saberem donde vim, porque para onde vou só a Deus pertence. Papary, 24 de dezembro de 1710.
Eu, Manoel Lopes de Macêdo, filho legítimo do capitão de mar e guerra, Manoel Lopes de Macêdo e D. Adelaide Cabral de Macêdo, nasci a 24 de dezembro de 1670; foram meus padrinhos o Dr. Antonio Freire de Amorim e sua mulher D. Bárbara Freire de Amorim, meus ilustres sogros. Embarquei na cidade do Porto em 12 de outubro de 1706 com minha mulher, D. Bárbara Freire de Amorim, oito filhas, a saber: Joanna, Bárbara, Delfina, Maria, Antonia, Josefa, Plácida e Adelaide, e quatro criados, com destino ao Maranhão; mas, tendo minha mulher dado à luz nos mares, fui forçado a desembarcar na capitania do Rio Grande do Norte, no dia 13 de dezembro do mesmo ano. No dia 6 de janeiro de 1707, na freguesia de N. S. da Apresentação foi batizada minha filha, que nasceu nos mares, a qual tomou o nome de Suzana. Foram seus padrinhos o coronel Balthazar da Rocha Bezerra e minha filha mais velha. No dia 20 do dito mês e ano segui pra esta aldeia e cheguei no dia 22, onde me acho com todas as pessoas de minha família, que existem até hoje, graça a Deus. Papary, 23 de dezembro de 1710. Manoel Lopes de Macêdo.
Procurei no livro de batismos da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação o registro de Suzana, mas não encontrei. Esse livro foi salvo, e se encontra, hoje, no Instituto Histórico Pernambucano.
Na sequência, Antonio Soares de Macedo cuida da descendência de sua 3ª avó, Dona Joanna Martins, primeira filha do coronel Manoel Lopes de Macedo. E as outras sete filhas que destino tiveram? Afinal, as preservações são mais cuidadas pelos indivíduos do que pelas instituições.
E você está escrevendo alguma coisa sobre seus ascendentes, para preservar para os seus descendentes?
Vem aí “Notícias genealógicas do Rio Grande do Norte”, editado pela Edufrn, reunindo mais de uma centena de artigos, que escrevi para este jornal.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Salvador de Antonio Rodrigues de Sá e Maria Rosa da Anunciação

Salvador, filho de Antonio Rodrigues de Sá, e de sua mulher Maria Rosa da Anunciação, naturais desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, neto por parte paterna de Simão Rodrigues de Sá, e de sua mulher Luzia Pereira da Fonseca, naturais desta mesma Freguesia, pela parte materna de Nicácio de Sousa e de sua mulher Anna Antonia de Jesus da Silva, ambos naturais desta mesma Freguesia, nasceu a três de outubro de mil setecento e setenta e oito, e foi batizado aos vinte e seis de novembro do mesmo ano, de licença nossa, pelo Padre Elias, na Capela do Lugar chamando Ferreiro Torto, batizado com os Santos Óleos; foram padrinhos o capitão Manoel Rodrigues de S. Thiago, madrinha Romana, filha de Nicácio Sousa, seu avô, e não se continha mais em dito assento, o qual mandei lançar no qual me assinei, por ausência do Reverendo Vigário, me assinei. Joaquim José Pereira, Coadjutor do Rio Grande.

Casamento de Antonio Francisco da Trindade, em desobriga no Potengi.

Aos seis de outubro de mil oitocentos e trinta e cinco, em desobriga do Pontengi, depois de feitas as denunciações na forma do Sagrado Concílio Tridentino, naturalidade de ambos os nubentes (?), e não constando impedimento algum, como se vê dos banhos, e mais papéis, que ficam em meu poder, em presença do Padre João Soares da Veiga, de minha licença, e das testemunhas Joaquim José de Mello, e Manoel Antonio de Sousa, moradores nesta Freguesia, se casaram em face da Igreja e por palavras de presente, Antonio Francico da Trindade, filho legítimo de Antonio da Trindade, e Maria Francisca, já falecida, que veio de menor de idade da Freguesia de Assú, sua naturalidae, com Josefa Maria da Conceição, natural do Brejo de Areia, donde veio de menor para esta Freguesia, filha legítimia de José Joaquim Pinheiro, já defunto, e Bernarda Maria da Conceição, e logo o dito Padre lhes deu as bençãos segundo os ritos e cerimônias da Santa Madre Igreja; do que tudo, mandei fazer este termo, que assino, Feliciano José Dornelles Vigário Collado.

Miranda Henriques e Moraes Navarro

Aos dezoito de novembro de mil oitocentos e trinta e oito, em São Gonçalo, pelas duas horas da tarde, feitas as denunciações, em minha presença e das testemunhas Joaquim de Moraes Navarro e Bernardo José Freire, se casaram José Barbosa Miranda, filho legítimo de Manoel Machado de Miranda Henriques, e Ignácia Francisca de Mello, com Josefa Joaquina de Moraes, filha natural do Capitão Lourenço José de Moraes Navarro, e Bernardina Muniz de Souza, já falecida, todos desta freguesia, e logo lhes dei as bençãos da Igreja; e para constar mandei fazer este termo em que assino. Candido José Coelho, Vigário Interino.

Antonio Martins Praça da Vila de Peniche, Freguesia de Lisboa

Encontramos dois registros de casamento de  Antonio Martins Praça, da Vila de Peniche, que transcrevo para cá. Os documentos nem sempre são totalmente legíveis, mas de qualquer forma pudemos salvar as informações básicas dos registros.
Aos vinte e nove de Dezembro de mil setecentos e trinta e nove anos, pela meia noite, pouco mais ou menos, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, em cujo lugar os contraentes são moradores, sendo dispensados nas denunciações por licença do Senhor Reverendo Visitador, o Doutor Felis Machado Freyre, que nesta cidade se achava de visita, na qual foram compreendidos os ditos  contraentes, em presença do Revendo Coadjutor da dita Igreja João Gomes Freire, que fazia vezes de Paróco, em minha ausência, sendo presente por testemunhas o sargento-mor Sebastião Cardoso Batalha, e Agostinho Cardoso Batalha, pessoas conhecidas, se casaram em face da Igreja, solenemente, por palavras, Antonio Martins da Praça Amarello, filho legítimo de João Martins da Praça, e de sua mulher Maria Martins França Amarello, naturais da Vila de Penixe, freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, Bispado de Lisboa, com Angela de Oliveira, preta forra, natural da Costa da Mina, moradores na Ribeira desta cidade, fregueses da dita paróquia, e  aos treze de janeiro de mil setecentos e quarenta lhe deu o dito Reverendo Coadjutor as bençãos conforme os ritos cerimoniais da Santa Madre Igreja, do que tudo mandei fazer este assento, que por verdade assinei. Manuel Correa Gomes, vigário. Agostinho Cardoso Batalha. Sebastião Cardoso Batalha.

Embora o registro a seguir não faça menção, acredito que Dona Angela faleceu, pois há um segundo casamento de Antonio Martins, como podemos ver a seguir.
Aos dezoito de abril de mil setecentos e quarenta e seis anos, na Capela de Nosa Senhora da Conceição de Jundiahy, desta freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações na forma do Sagrado Concílio Tridentino, nesta Matriz, e na Igreja do Senhor São Miguel da Missão de Guajiru, (ilegível)  foi a contraente moradora, e na sobredita Capela de Jundiahy, onde de presente  é moradora (ilegivel) desta dita Igreja, sem se descobrir impedimento, em presença do Reverendo Licenciado Antonio de Andrade de Araújo, de licença minha, sendo presente por testemunhas o sargento-mor Hilário de Castro Rocha, e o sargento-mor, Dionísio da Costa Soares, pessoas conhecidas, os quais vinham assinados juntamente com o Reverendo Padre assistente, conforme a licença que dei, segundo o provimento do Reverendo Senhor Doutor Visitador, nos capítulos de visita, se casaram em face da Igreja, solenemente por palavras, Antonio Martins Prassa, homem viúvo (não dize de quem) natural da Vila de Penixe, Arcebispado  de Lisboa, filho legítimo de Joam Martins Praça, e de sua mulher Maria Martins Amarella, já defunta, com Maria Antonia das Neves, filha legítima do capitão Antonio Teixeira Coelho, já defunto, e de sua mulher que foi Ignácia (ilegível), natural desta dita freguesia, e ambos os contraentes dela moradores, e logo lhe dei as bençãos conforme os ritos e cerimonias da Santa Madre Igreja, e pelo assento que me veio do dito Reverendo mandei fazer este em que por verdade me assinei. Manuel Correa Gomes, vigário.

Vejamos agora o casamento de Antonio Martins Praça Junior, filho de Antonio e Maria Antonia. Observe que nessa data, Dona Maria Antonia já era falecida,  e portanto seu marido estava viúvo mais uma vez.
Aos seis de julho de mil setecentos e sessenta e sete, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, pelas quatro horas da tarde, corridos os banhos juxta tridentinum, sem se descobrir impedimento algum, até a hora do seu recebimento, de licença minha, em presença do Padre Antonio de Sousa Nunes, se casaram com palavras de presente in facie Eclesia, Antonio Martins Praça, filho de Antonio Martins Praça, e de Maria Antonia, já defunta, com Josefa Mendonça, filha legítima de Manoel de Sousa Nunes, e Maria da Apresentação, presentes por testemunhas o Alferes Antonio da Sylva, e o cabo de esquadra, José Sylvestre de Morais Navarro, que logo assinaram; e logo lhes deu as bençãos conforme os ritos da Santa Madre Igreja de Roma; do que fiz este termo em que por verdade me assino. Pantaleão da Costa de Araújo. Vigário do Rio Grande.José Sylvestre de Morais Navarro.

A terceira esposa de Antonio Martins Praça foi Dona Catharina Peralta Rangel, como podemos ver do óbito dela a seguir.
Aos vinte e oito de janeiro do ano de mil setecentos e setenta e quatro, faleceu Dona Catharina Peralta Rangel, com seu testamento, casada com Antonio Martins Praça, de idade de sessenta e tantos anos, com todos os sacramentos, e foi sepultada na Matriz, sendo encomendada, de licença minha, pelo padre Coadjutor Bonifácio da Rocha Vieira, envolto em hábito de São Francisco, do que mandei lançar este assento em que me assino. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.


Agora, os óbitos de dois filhos Antonio Martins Praça Junior e Josefa, portanto, netos de Antonio e Maria Antonia.
Aos sete de janeiro do ano de mil setecentos e setenta e oito, faleceu da vida presente, Manoel, de idade de oitos meses, filho legítimo de Antonio Martins Praça Junior e Josefa das Neves de Mendonça, foi sepultado nesta Matriz, envolto em durante preto, encomendado, de licença minha, pelo Coajutor Bonifácio da Rocha Vieira, do que mandei lançar este assento, em que por verdade assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande. 
Ana, filha legítima do capitão Antonio Martins Praça, e de Josefa das Neves de Mendonça, com a idade de três anos, pouco mais ou menos, foi encomendada pelo Reverendo  Coadjutor  o Padre Joam Tavares da Fonseca, sepultada na Igreja do Senhor Bom Jesus das Dores, envolta em hábito de tafetá roxo, aos vinte e sete de junho do mil setecentos e oitenta e quatro; e não se continha mais em dito assento que mandei lançar e para constar me assinei. Francisco de Sousa Nunes, vice-vigário do Rio Grande.

Antonio Martins Junior tinha um irmão, José Martins Praça. Vejamos, através dos batismos  a seguir

Manoel, filho legítimo do capitão José Martins Praça e Dona Anna Quitéria de Mendonça, natural desta Freguesia, neto paterno de Antonio Martins Praça, natural da Vila de Penixe, Patriarcado de Lisboa, e de Maria Antonia das Neves, desta Freguesia,  e materno de Domingos João Campos, natural do Viseu, e de Dona Rosa Maria de Mendonça, natural desta Freguesia, nasceu aos cinco de julho de mil setecentos e oitenta e três, e foi batizado com os Santos Óleos, na Capela de Jundiahy, pelo Reverendo Padre Manoel Antonio de Oliveira, de licença do Reverendo Vice-Vigário, Francisco de Sousa Nunes, a dezessete de setembro do dito ano, foram padrinhos José Vicente Monteiro, da cidade da Paraíba, e Maria Angélica, filha do coronel Francisco da Costa, solteira desa Freguesia; e não se continha mais no assento do que mandei fazer este, e por verdade me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.


Francisco, filho legítimo de José Martins Praça, e de Dona Ana Campos, neto por parte paterna de Antonio Martins Praça, natural de Portugal, e de Maria Antonia, natural desta Freguesia, e pela materna de Domingos João Campos, natural de Portugal, e de Dona Rosa Maria desta Freguesia, nasceu a dez de janeiro, de mil setecentos e oitenta e um, batizado, de licença minha,  com os santos óleos, na capela de Jundiahy, pelo Padre Lus Felis; foram padrinhos Antonio Martins Praça Junior, e Nossa Senhora da Conceição, e não se continha mais no  dito assento, que mandei lançar e me assino, ausente o Reverendo Vigário. Declaro que foi batizado aso vinte e tres de fevereiro do mesmo ano.

Dona Josefa faleceu no ano de 1819, e seu marido um ano depois como podemos ver a seguir;
Aos dezesseis de maio de mil oitocentos e dezenove faleceu da vida presente, nesta freguesia, tendo recebido os sacramentos D. Josefa das Neves, branca, casada com o Capitão Antonio Martins Praça, com a idade de sessenta e cinco anos, foi sepultada na Capela do Senhor Bom Jesus da Ribeira envolto em mortalha dos religiosos de São Francisco, depois de encomendada por mim Reverendo Sacerdote desta Freguesia, e para constar fiz este termo que assino, Feliciano José Dornelles.

Faleceu da vida presente, aos três de julho de mil oitocentos e vinte, o capitão Antonio Martins Praça, viúvo, de idade mais ou menos, de setenta e cinco anos, morador que foi na Ribeira, com todos os sacramentos da Igreja, envolto em hábito de São Francisco, encomendado pelo Reverendo Vigário Francisco Antonio Lumachi de Mello, sepultado solenemente nesta Matriz de grades para baixo, e para constar fiz este termo no qual me assino, Francisco Antonio Lumachi de Mello, Vigário Interino.


sábado, 17 de setembro de 2011

O óbito do capitão-mor Joaquim Felis de Lima

óbito de Joaquim Felis de Lima
Aos vinte oito de setembro de anos de mil setecentos e setenta e quatro, faleceu da vida presente, o capitão-mor desta Capitania, Joaquim Felis de Lima, de idade de sessenta anos pouco mais ou menos, com todos os sacramentos, casado em Lisboa, com Dona Caetana Joaquina, e foi sepultado solenemente, nesta Matriz, encomendado de licença minha, pelo Reverendo Vigário da Vila de Extremoz, Francisco de Sousa Nunes, não fez testamento, e foi envolto em hábito de São Francisco, do que mandei lançar esta assento, em que por verdade me assinei, Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Antonio, filho do tenente Antonio Cardoso Batalha

No postagem anterior, está o casamento do tenente Antonio Batalha Cardoso com Anna Maria da Apresentação. Nesta, fizemos a transcrição do casamento do filho do tenente, de mesmo nome.
Aos vinte de agosto do ano de mil setecentos e setenta e dois, às oito horas do dia, corridos os banhos, juxta trindentinum, sem impedimento algum até a hora do seu recebimento, em minha presença, e das testemunhas abaixo assinadas, o capitão João Luis Pereira, solteiro, e o capitão Francisco Pinheiro Teixeira, homem casado, e morador nesta cidade, se casaram com palavras de presente, Antonio Cardoso Batalha, filho legítimo de Antonio Cardoso Batalha, e Anna Maria da Apresentação, e Luiza Antonia, filha legítima do Alferes Bernardo Pinheiro Teixeira e Damásia Gomes, todos naturais desta Freguesia, e logo receberam as bençãos na forma do Ritual Romano, do que mandei lançar este assento em  que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

O casal acima teve um filho de nome Bernardo, possivelmente homenageando o avô, que transcrevo para cá.
Bernardo, filho legítimo de Antonio Cardoso Batalha, e de Luiza Antonia, neto por parte paterna de Antonio Cardoso Batalha, e de Anna Maria da Apresentação, e pelo materno de Bernardo Rodrigues Pinheiro, e Damásia de Freitas, todos naturais desta Freguesia, nasceu aos vinte de maio do ano de mil setecentos e setenta e três, e foi batizado com os Santos Óleos, de licença minha, nesta Matriz, pelo Padre Miguel Pinheiro Teixeira, aos vinte e sete de junho do dito ano; foram padrinhos o capitão Francisco Pinheiro Teixeira, e sua filha Joanna Ferreira; do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo.

Mas Bernardo não sobreviveu muito tempo, pois, faleceu no ano seguinte como podemos observar pelo óbito do mesmo.
Aos cinco de outubro do ano de mil setecentos e setenta e quatro, faleceu Bernardo, filho de Antonio Cardoso Batalha e de Luiza Antonia, de idade de um ano e quatro meses, e foi sepultado nesta Matriz, envolto em tafetá azul, e encomendado de licença minha pelo padre Coadjutor Bernadro da Rocha Vieira, do que mandei lançar este assento, em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

O casamento do tenente Antonio Cardoso Batalha

O sargento-mor Sebastião Cardoso Batalha prestou muitos serviços a Capitania do Rio Grande do Norte, o que se ver pelas diversas assinaturas em documentos. Um dos seus filhos mais conhecidos era o tentente Antonio Cardoso Batalha. Por isso transcrevemos seu casamento, onde estiveram presentes diversas autoridades da Capitania.
Aos seis de junho de mil setecentos e trinta e cinco anos, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação da cidade do Rio Grande do Norte, onde foram corridos os banhos, por serem somente os precisos, sem descobri impedimenos, sendo presentes por testemunhas o Capitão-mor desta Capitania João Teive Barreto e Menezes, o Doutor Timotheo de Brito Quinteyro, Provedor da Fazenda Real dela, Dona Eugenia Rodrigues de Sá, mulher do Comissãrio Manuel de Mello de Albuquerque, e Dona Violante Rodrigues de Sá, mulher do Sargento-mor Caetano de Mello de Albuquerque, assisti ao matrimônio que entre si contrairam o Tenente Antonio Cardoso Batalha, filho legítimo do Sargento-mor Sebastião Carodoso Batalha, e de sua mulher Flávia Rodrigues de Sá, e Anna Maria da Apresentação, filha legítima de Francisco de  Gama  Luna e de sua mulher Paula Barbosa de Sousa, ambos naturais desta dita Freguesia e moradores sempre nesta cidade, e os mais todos também pessoas conhecidas, e logo lhes dei as bençãos da Igreja guardando em tudo a forma do Sagrado Concílio Tridentino, do que mandei fazer este assento em que por verdade assinei. Manuel Correa Gomes, Vigário, João Teive Barreto e Menezes e Thimotheo de Brito Guinteiro.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Agostinho Cardoso Batalha, três gerações

Em uma postagem neste blog sobre Felipe Barbosa Romeiro, noticiamos que Pedro Tavares Romeiro teve uma filha que casou com João Cardoso Batalha. Fizemos, depois, a transcrição para cá deste casamento. Por lá vimos que João Cardoso Batalha era filho de Agostinho Cardoso Batalha e de Theresa de Jesus. Vejamos mais sobre os Cardoso Batalha, começando com o casamento dos pais de João Cardoso

Aos quatorze de janeiro de mil setecentos e trinta anos, uma hora depois da meia noite, pouco mais ou menos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, em presença do Reverendo Visitador, o doutor Paulo Teixeira, vigário da Vila de Igarassú, se casou em Face da Igreja, Agostinho Cardoso Batalha, filho do sargento-mor Sebastião Cardoso Batalha e de sua mulher Flávia Rodrigues de Sá, e Thereza de Jesus de Oliveira, filha do Ajudante (ilégivel) e de sua mulher Agueda de Oliveira, já defunta, naturais e moradores deste Rio Grande, os quais foram confessados  na visita que fazia o dito Reverendo Visitador desta Freguesia, e por ele dispensados nas denunciações, sendo presentes por testemunhas (ilegível) Manuel da Fonseca Lima e o Reverendo Licenciado João Gomes Freire, coadjutor desta Matriz por notícia do qual, e do mesmo Reverendo Visitador, mandei lançar este assento em que assina por verdade o dito Reverendo Coadjutor. Manoel Correa Gomes.

Agostinho foi batizado, na Igreja de Nossa Senhora da Apresenação, aos sete de setembro de 1705, tendo como padrinhos o Reverendo Simão Rodrigues de Sá, e D. Eugenia Rodrigues de Sá, mulher do capitão Manoel de Mello Albuquerque. Possivelmente parentes de Dona Flávia

O registro de óbito diz: Aos vinte e sete de outubro do ano de mil setecentos e setenta e oito, faleceu da vida presente, Agostinho Cardoso Batalha, de idade de setenta e três anos, pouco mais ou menos, com todos os sacramentos, foi sepultado nesta Matriz envolto em hábito branco, e encomendado por mim, de que mandei lançar este assento em que me assinei por ausênica do Reverendo Vigário. Bonifácio da Roxa Vieira, Coadjutor do Rio Grande.

Agora o casamento de Agostinho Cardoso Batalha, irmão de João Cardoso Batalha.
Aos oito dias do mês de abril de mil setecentos e oitenta e dois, sendo as nove horas da noite do dito dia, na Igreja do Senhor Bom Jesus desta Cidade, em minha presença, e em virtude do venerando despacho de sua Excelência Reverendíssima, o Senhor Dom Thomaz da Incarnação Costa e Lima, dispensados dos Banhos, desta Freguesia de sua naturalidade, e residência, assisti ao matrimônio que entre si contrairam por palavras de presente, Agostinho Cardoso Batalha, com Thomazia Antonia, naturais e moradores, ambos nesta cidade, e logo lhe dei as bençãos na forma dos Sagrados Ritos, sendo presentes por testemunhas, o Reverendo Padre Joam Tavares da Fonseca, e Manoel Rodrigues de Aguiar, casado, cabo de esquadra da Infantaria paga da guarnição desta cidade, e pessoas conhecidas minhas, do que mandei lançar este assento, em minha presença, e me assinei para constar. Francisco de Sousa Nunes, Vigário Encomendado do Rio Grande.
Através do batismo de Agostinho, filho do casal acima, tomamos conhecimento dos pais do dito casal, que não consta do registro acima.
Agostinho, filho legítimo de Agostinho Cardoso Batalha, e de Thomazia Antonia, naturais desta freguesia, neto paterno de Agostinho Cardoso Batalha, e de Thereza de Jesus, e pela materna de Cosma Damiana, solteira, e de avô incógnito, todos naturais desta freguesia, nasceu aos vinte e oito de maio de mil oitocentos e oitenta e cinco, e foi batizado a quatorze de junho do dito ano, com os santos óleos, de licença minha pelo Reverendo Vigário de Vara, Francisco de Sousa Nunes, nesta Matriz; foram padrinhos o Doutor Provedor Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim, e Dona Quitéria Theresa de Jesus, desta freguesia, do que mandei fazer este assento, e por verdade me assino. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande


domingo, 11 de setembro de 2011

Casamento de João Cardoso Batalha e Anna Tavares Romeiro

Aos vinte e três de fevereiro de mil setecentos e sessenta e quatro anos, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação da cidade do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações nesta mesma Matriz, somente, e tendo a nubente justificado vir de sua naturalidade solteira, e desimpedida perante o muito Reverendíssimo Senhor Doutor Vigário Manuel Garcia Velho do Amaral, como constam dos documentos, e que ficam em meu poder, sem descobrir impedimento algum canônico, em minha presença e das testemunhas, abaixo assinadas, os Capitães de Infantaria Pedro Tavares Romeiro, e Manoel da Silva Vieira, homens casados, e moradores nesta cidade, se casaram solenemente, em face da Igreja, com palavras de presente, João Cardoso Batalha, filho legítmo de Agostinho Cardoso Batalha, e de Thereza de Jesus, já defunta, natural e morador nesta cidade, e freguesia, e Anna Tavares Romeiro, filha natural do capitão Pedro Tavares Romeiro, e Luisa Maria, já defunta, natural da cidade de Olinda, e morador nesta dita cidade, e dei as Santas Bençãos na forma do rito cerimoniais da Santa Madre Igreja, do que logo fiz este assento, em que por verdade me assinei. Miguel Pinheiro Teixeira, Provigário do Rio Grande.

João Cardoso morreu velho, como podemos ver do seu óbito.
Aos quatro de abril do ano retro (1820) sepultou-se, nesta Capela de São Gonçalo, João Cardoso Batalha, com idade de noventa e seis anos, envolto em pano branco e encomendado pelo Administrador Manoel de Andrade, para constar fiz este termo e me assino. O Vigário Francisco Antonio Lumachi de Mello

sábado, 10 de setembro de 2011

Famílias Casado e Dornelles Bittencourt

Famílias Casado e Dornelles Bittencourt
Buscando algumas personagens da minha família,  me deparo com registros de algumas famílias conhecidas. Aproveito a oportunidade para transcrever para cá. 

Casamento de Manoel Joaquim Casado e Rosa Maria da Conceição
Aos treze dias do mês de maio de mil oitocentos e trinta e três, pelas dez horas da manhã, na capela de Santa Ana do Campo Grande, em presença do Padre Vito Antonio de Freitas, e das testemunhas abaixo nomeadas, de minha licença, se receberam por Esposos presentes Manoel Joaquim Casado, e Rosa Maria da Conceição, meus paroquianos. O Esposo de idade de vinte e um anos, filho legítimo de Manoel Martins Casado, já falecido, e Anna Dornelles Bittencourt; a Esposa de vinte e um anos, filha legítima de Veríssimo Vieira de Mello e Maria Francisca, já falecida; o Esposo natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Brejo de Arêa, e a Esposa natural e moradora neste Assu, onde se fizeram as denunciações necessárias sem impedimento, e logo lhes dei as bênçãos nupiciais, sendo antes examinados na Doutrina Cristã, por não ser provisão de confessor, presentes por testemunhas Veríssimo Vieira Junior e Galdino Vieira de Mello, solteiros, todos deste Assu. E para constar fiz este assento, em que me assinei. Joaquim José de Santa Anna.

Gaudêncio de Manoel Joaquim Casado e Rosa Maria da Conceição
Gaudêncio, filho legítimo de Manoel Joaquim Casado e Rosa Maria da Conceição, esta do Assu, aquele de Brejo de Arêa, nasceu a vinte e quatro de maio de mil oitocentos e trinta e cinco, e foi batizada pelo Padre Vito Antonio de Freitas, de minha licença, a três de julho do dito ano, na Capela de Santa Ana de Campo Grande, e lhe pôs os Santos Óleos. Foram padrinhos Antonio Martins Casado, e Anna Dornelles Bittencourt por procuração apresentada por Maria Tereza de Mello, casada, todos deste Assu. E para constar fiz este assento em que me assino. José Joaquim de Santa Anna, Pároco do Assú.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Macau mais antiga


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do INRG

Dia 9 de setembro de 2011, Macau completará 136 anos que foi alçada a condição de Cidade. Antes foi Vila e chegou a ser a sede de Angicos. Mas a história dessa povoação começou bem antes. Já sabemos que Macau começou a ser povoada maciçamente quando migraram para lá os habitantes da Ilha de Manoel Gonçalves, por conta da invasão do mar.

Não se sabe, ao certo, quando o nome Macau apareceu nos mapas e documentos do Rio Grande do Norte. Não encontrei nas sesmarias do Rio Grande do Norte esse nome.

A sesmaria pedida por Francisco Carvalho Alcacer (Valcácer), em 1780, menciona locais como Ilha do Pisa Sal, Água Maré, Mangue Seco, Trapiche. Outra do mesmo Valcácer, datada de 1782, cita locais como Cambôa dos Barcos, Barra do Amargoso, Armazéns, Fazenda Amargoso, mas o  nome Macau não aparece, embora o documento pedisse todas as ilhas que estivessem dentro daquelas terras. Algumas informações sobre Macau e adjacências estão ocultas em alguns documentos e outras espalhadas em diversos livros. A cada momento surgem novas descobertas e precisamos ir atrás de outros documentos para consolidar a História de Macau.

No livro de Dioclécio D. Duarte - A indústria extrativa do sal e a sua importância na economia do Brasil - ele escreveu: As salinas do Assú e Mossoró (Revista do Instituto Histórico e Geográfico e Etnográfico do Brasil – Tomo XLVI – pag. 174) que se estendem em um espaço de costa, desde Água Maré até a barra de Assú, por 36 léguas, eram uma costa realenga, habitada por pescadores, que secavam o seu pescado e vendia para o Recife de Pernambuco e tiravam sal, que traziam para o pontal da barra do Assú e barra dos Cavalos, onde fundiam as sumacas, e eles vendiam o sal cada um alqueire a 60 e 80 réis.

Frei Manoel (de Jesus Maria), religioso carmelita do convento da Cidade de Olinda, no ano de 1792, tirou esse terreno por sesmaria em nome do seu pai (Valcácer) e aposentou-se lá de morada, dando 200$000 ao convento, e com a procuração do pai desapossou desta costa todos os moradores, deixando somente àqueles que estiveram pela dura condição de lhe darem metade de sua pescaria, depois de beneficiada e não tirarem o sal.

Compra a fazenda de criar gado junto ao rio das Conchas, chamada Cacimbas do Vianna, por 1:000$000 e a fazenda chamada Amargoso, por 1:200$000, e por este modo fica só com o exclusivo do sal, que vendia às sumacas a 160 e 200 réis.

Sabe ganhar amizade dos carregadores da comarca de Paraíba e com violência despeja um grande numero de povos que ali habitavam, tão úteis a Pernambuco pelo fornecimento do seu pescado seco; não obstante do maior número desses povos terem sido mais antigos em habitar este terreno e por isso tinha a preferência na conformidade da carta régia sobre as sesmarias e Ord. Do livro 4 tits. 57 e 58, que mandam preferir a posse a donativos das terras que contestam sobre aquele que tiram por sesmaria.

Finalmente cresce a indignação nestes povos sobre este padre e houve uns assassínios, em que ele saiu culpado, indo esse processo crime a Lisboa, foi sentenciado para Angola, não chegando a cumprir este extermínio, porque morreu no ano de 1806.

Suas terras foram repassadas para sua irmã, D. Francisca Rosa da Fonseca, sendo ambos filhos de Francisco Carvalho de Valcácer e Joanna Maria da Fonseca.

Na escritura das terras vendidas por Dona Francisca Rosa da Fonseca, no ano de 1797, está escrito que Macau, Trapiche, Quatro Bocas, Armazéns e Barreiras foram herdados dos seus pais Francisco Carvalho de Valcácer e Joanna Maria da Fonseca; na relação das 13 léguas pertencentes ao Coronel Bento José da Costa, dessas mesmas terras, consta que a Ilha denominada Macau, com uma légua de Leste a Oeste tinha 4 fogos (casas), não servia para criar, por não ter água.

Quando em 1810 foram feitas as avaliações das terras pertencentes aos bens de Domingos Affonso Ferreira e sua mulher Donna Maria Theodora Moreira de Carvalho, a descrição feita pelo Administrador dessas ditas terras, e procurador de Bento, José Álvares Lessa, era a seguinte: Ilha denominada = do Macáo = com uma légua de comprimento do Norte, e Cambôa dos Barcos a Leste, e Nascente até a Cambôa do Amargozinho, e com largura de três quartos de légua; tem ruins salinas, bons pastos para gado, porém não tem água doce; vista e avaliado por cinqüenta mil réis.

Segundo Francisco de Assis Gondim Menescal em “Algumas notas sobe as propriedades da Companhia Comércio e Navegação no litoral do Estado do Rio Grande do Norte (Coleção Mossoroense)”, quem recebeu as terras e tomou posse como Administrador das mesmas foi Felipe Rodrigues Santiago, procurador  dos compradores. Ele perante o tabelião público da Vila Nova da Princesa, Manuel José de Azevedo, lançou três vezes terras para o ar, abriu e fechou porteiras do curral da mesma fazenda, meteu e fincou estacas e finalmente cortou ramos e fincou uma grande cruz de pau de imburana entre o curral e a cerca. Diz mais: fincou finalmente uma cruz de trinta ou quarenta palmos no porto onde chega a maré.

Já em 1810, estava como Administrador José Álvares Lessa. Em 1818, quando da invasão dos piratas ingleses à Ilha de Manoel Gonçalves e adjacências, chefiava o degredo da Ilha, Alexandre José de Sousa. Naquela mesma data já se encontrava o Capitão João Martins Ferreira, como administrador das terras de Bento José da Costa.

Essa posse foi mantida por 71 anos, sendo transferida , em 26 de fevereiro de 1868, por Bento José da Costa (Junior) e sua mulher Emília Júlia Pires Ferreira ao capitão José Gomes de Amorim.
É importante que a Prefeitura de Macau, junto com as empresas que atuam naquela região, faça, urgentemente, a digitalização dos documentos antigos que se encontram no arquivo do Fórum, antes que eles desapareçam.

O cabo de esquadra Felipe Barbosa Romeiro



Assinatura de Felippe Barbosa Romeiro
De alguns personagens do passado, encontramos mais registros sobre a sua vida. Felipe Romeiro é um desses. Por isso, transcrevemos para cá algumas informações sobre sua vida, aqui no Rio Grande do Norte. Tais informações trazem, também, junto com elas outros indíviduos. Assim, vamos reconstituindo aos poucos a História do Rio Grande do Norte, e, também, a do Brasil. Vamos começar com um assentamento de praça por que traz um retrato falado de Felipe.
Phelipe Barbosa Romeiro, filho legítimo de João Gomes Romeiro, natural da cidade de Olinda, que representa ter idade de dezesseis anos, pouco mais ou menos, de baixa estatura, delgado de corpo, cabelo corrediço, e um tanto ruivo, olhos pardos, nariz grosso, boca grande e rasgada, cara bixigosa, senta praça por despacho do capitão-mor e governador desta cidade, João Coutinho Bragança, e intervenção do vedor geral interino, o capitão-mor Cosme do Rego Barros, por dar baixa Gonçalo Ferreira de Lira, em 3 de setembro de 1759, como  consta da portaria e livro nº 1,5 vê-se como os mais.

Felipe casou na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação da cidade do Natal, como podemos ver do registros a seguir
Aos vinte e seis de junho de mil setecentos e sessenta e cinco, nesta Matiz, às seis horas da manhã, corridos os banhos, nesta Matriz, com fiança aos da  Santa Sé e São Pedro de Olinda, donde o nubente é natural e morou, em presença do Padre Miguel Pinheiro Teixeira, de licença minha, sem se descobrir impedimento, se casaram in Facie Eclesia, na forma do Sagrando Concílio Tridentino, com palavras de presente, Phelippe Barbosa Romeiro, natural da Freguesia da Santa Sé de Olinda, filho de João Gomes de Albuquerque Romeiro, e de Dona Albina de Mello, e Anna Soares de Mello, natural desta Freguesia, filha legítima de Antonio Soares da Sylva, já defunto, e de Maria José da (ilegível), sendo presentes por testemunhas o capitão Pedro Tavares Romeyro, e o tenente Francisco Pinheiro Teixeira que assinaram, e logo lhes deu as santas bênçãos conforme os ritos cerimoniais da Santa Madre Igreja, do que fiz este assento em que por verdade assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Façamos agora o registro de alguns dos filhos de Felipe e Anna. Veremos que tanto os nomes quanto as localidades dos personagens que aparecem em cada registro mudam.
Ignácio, filho legítimo do Cabo de Esquadra de Infantaria Felipe Barboza Romeiro, natural da cidade de Olinda, e de Anna Soares de Mello, natural desta cidade, neto por parte paterna de Joam Gomes Romeiro, natural de Itamaracá e de Dona Albina de Mello, natural da Cidade de Olinda, neta materna de Antonio Soares da Sylva, natural da cidade de Olinda, e de Maria José do Espírito Santo, natural desta Freguesia, nasceu aos 30 de janeiro de mil setecentos e sessenta e nove, e foi batizado com os Santos Óleos, na Matriz, de licença minha, pelo Padre Coadjutor Bonifácio da Rocha Vieira, a nove de fevereiro do dito ano, foram seus padrinhos o Ajudante Alexandre de Mello Pinto, e Dona Anna Marreiro da Sylva, viúva. Do que mandei fazer este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande
Ignácio faleceu em 15 de maio de mil setecentos e setenta com a idade de quinze meses.

Antonio, filho legítimo do Cabo de Esquadra Felipe Barbosa Romeiro, natural de Olinda, e de Anna Soares de Mello, natural desta cidade, neto por parte paterna de Joam Gomes Romeiro, e de Dona Albina de Mello, naturais de Olinda, e pela materna de Antonio Soares, natural de Olinda, e de Maria José do Espírito Santo, natural desta cidade, nasceu aos quinze de maio de mil setecentos e setenta, e foi batizada com os Santos Óleos, na Matriz, por mim aos vinte e seis do dito; foram seus padrinhos o tenente José Baptista Freire e Francisca Antonia, solteiros, do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Anna, filha legítima do Cabo de Esquadra Felipe Barbosa Romeiro, natural da cidade de Olinda, e Anna Soares de Mello, desta cidade, neta por parte paterna de Joam Gomes Romeiro, e de Dona Albina de Mello Lins, naturais da cidade de Olinda, e pela materna de Antonio Soares da Sylva, natural do Recife de Pernambuco, e de Maria José do Espírito Santo, desta cidade, nasceu aos dois de janeiro  do ano de mil setecentos e setenta e três, e foi batizada com os Santos Óleos, de licença minha, nesta Matriz, pelo padre Joam Tavares da Fonseca, aos quinze do dito mês, e ano, foram padrinhos o tenente José Bonifácio Freire e Maria José do Espírito Santo, solteiros, e moradores nesta cidade, do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Aos dez de junho de mil setecentos e noventa e um faleceu da vida presente, Joam, filho do Alferes Felipe Barbosa Romeiro, de idade de 4 anos, foi envolto em mortalha de tafetá azul, encomendado de licença minha pelo padre Ignácio Pinto, e sepultado nesta Igreja de Santo Antonio; do que mandei fazer este assento em que por verdade assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Felipe faleceu moço, como podemos ver do registro a seguir
Aos dois de setembro de mil setecentos e noventa e dois, faleceu da vida presente, Felippe Barbosa Romeiro, de idade de quarenta anos, pouco mais ou menos, com os sacramentos  da Extrema Unção, envolto em hábito de São Francisco, encomendado, de licença minha, pelo padre Ignácio Pinto de  Almeida, e sepultado na Matriz, do que mandei fazer este em que por verdade me assino, Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Agora o registro de um irmão de Felipe que faleceu com pouca idade,  no Rio Grande do Norte
Aos doze de outubro de mil setecentos e setenta e quatro faleceu Manoel, filho legítimo de João Gomes Romeiro e de Albina de Mello Lins, de idade de cinco anos e meio, e foi sepultado nesta Matriz, envolto em tafetá azul, encomendado, de licença minha, pelo padre coadjutor Bonifácio da Rocha Vieira, de que mandei lançar este assento, em que assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, Vigário do Rio Grande.

Vejamos outros registros da carreira militar de Felipe Romeiro, encontrados nos assentamentos de Praça, do acervo do IHGRN.
Pedro Tavares Romeiro, Cavaleiro Fidalgo da casa de Sua Majestade Fidelíssima, capitão de uma das Companhias de Infantaria paga, da guarnição da Fortaleza  dos Santos Reis Magos, da cidade do Natal, unida ao Regimento de que foi coronel Patrício Nóbrega de Vasconcellos, por sua Majestade Fidelíssima que Deus Guarde, nomeio para cabo de esquadra  de minha Companhia a Felipe Barbosa Romeiro, soldado da mesma, por promoção de Pedro da Sylva Espínola que era do Sargento supra da dita, e concorreram as partes, e requisitos necessários que Sua Majestade Fidelíssima  dispensou no Seu Regimento, havendo, assim por bem o Ilustríssimo e Excelentíssimo  Senhor Conde e Copeiro mor Governador e capitão general destas Capitanias, cidade do Rio Grande do Norte, vinte e nove de abril de 1765 = Pedro Tavares Romeiro = confirmo esta nomeação, e em virtude dela, mando se lhe assente praça na vedoria competente. Recife 17 de maio de 1765 – Está a rubrica com que costuma rubricar o Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Conde e Copeiro-mor governador e capitão general de Pernambuco – cumpra-se coma manda o Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Conde e Copeiro-mor Governador e capitão, cidade do Natal 29 de maio de 1765 = Lima = cumpra-se, e registre-se, fazendo-se o assento de estilo. Cidade do Natal, 29 de maio de 1765. Albuquerque.
Outro   registro é de sargento supra que também transcrevo para cá:
José César de Menezes, do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, seu governador e capitão-general de Pernambuco, Paraíba, e mais capitanias anexas, nomeia para sargento supra de uma das Companhias de Guarnição da Fortaleza dos Santos Reis Magos da Cidade do Rio Grande do Norte, de que foi capitão Pedro Tavares Romeiro, que se acha vago por baixa que mandei dar a Pedro Espínola que o exercia, a Felipe Barbosa Romeiro, tanto por ser Cabo de Esquadra da mesma Companhia, como por nele concorrerem os requisitos necessários, pelo que ordeno ao Comandante da dita Companhia por tal o reconheça, honre, e estime, o vedor geral se mande sentar praça na forma do costume. Em firmeza do que, lhe mandei passar a presente por mim assinada e selada com o sinete das minhas armas, que se registrará na Secretaria deste Governo, na daquele Secretário, digo na daquela capitania, e Vedoria Geral dela, da desse  Pernambuco, aos vinte e sete dias do mês de julho. Diego Velho Cardoso, oficial maior da Secretaria, assinatura, ano de mil setecentos e setenta e cinco, o Secretário deste Governo Manoel Carvalho de Paes de Andradre, assina...
Esse capitão Pedro Tavares Romeiro, que nomeou Felipe, cabo de esquadra,  faleceu, em quatro de novembro de 1767, na cidade do Natal, tendo deixado testamento, datado de dezesseis de janeiro de 1767, onde afirma que era natural de Olinda, filho legítimo de Antonio Gonçalves Romeiro e Antonia Theresa Tavares, na época falecidos, casado com Anna Marreyra da Sylva e tio de Felippe Barbosa Romeiro. Era tesoureiro da irmandade de Nossa Senhora do Rosário da cidade do Natal. Devia ser irmão de João Gomes Romeiro. Diz mais que não tinha filhos vivos de sua esposa. Não cita outros filhos, embora haja alguns registros de batismo, onde  o nome dele aparece como avô, o que veremos mais adiante.
Outros registros, que encontro em vários documentos, transcrevo para cá.
Phelippe Barboza Romeiro é soldado desta Companhia, tem seu assento no livro 2, de sua matrícula, p 68, vence o mesmo que se declara p 13.
Passou a cabo de esquadra desta companhia em 29 de maio de 1765, como se ver de seu assento a p 59.
Passa este cabo de esquadra a Sargento Supra desta Companhia por nomeação do Ilustríssimo e Excelentíssimo Tenente General José Cesar de Menezes a sete de agosto de 1765.
Está por ordem do mesmo Senhor feito Mestre Escola da Vila de Arez, que tomou posse em 15 do mesmo mês.
Alferes Felipe Barbosa Romeiro, tendo-se lhe este assento por patente do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor General desta Capitania registrada a fl. 101, e assento, a dita praça de Alferes, hoje 16 de abril de 1786 por intervenção do Senhor Vedor Geral, vence de soldo dez mil réis por mês, e uma quarta de farinha de dez  em dez dias.
Pague a este Alferes enquanto (durar) de Diretor da Vila de Arez.
O Sargento de número Felipe Barbosa Romeiro, por nomeação do Senhor General desta Capitania, e intervenção do Vedor Geral, em 13 de Agosto de 1787, vence soldo e farda de quatro mil réis por mês e uma quarta de farinha de dez em dez dias.
Recolhido a esta cidade por ordem do Senhor General e apresentado nesta Vedoria, em 30 de junho de 1789.
Recebeu este Alferes as armas de sua Companhia a qual estava entregue ao Alferes José da Costa Pereira, e de como recebeu, na mesma forma este comigo assinou,
Cidade do Natal, 16 de julho de 1789. Felippe Barbosa Romeiro.

Como escrevemos acima, Pedro Tavares Romeiro teve filhos. Vejamos os batismos de três netos dele.
João, filho legítimo de João Cardoso Batalha, natural desta cidade, e de Anna Tavares, natural da cidade de Olinda, e ambos moradores nesta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, neto por parte paterna de Agostinho Cardoso Batalha e de sua mulher Theresa de Jesus, já defunta, naturais desta cidade, e por parte paterna do Capitão Pedro Tavares Romeiro e de Luiza do Rosário, naturais da cidade de Olinda, nasceu aos quatro de novembro, de mil setecentos e sessenta e quatro, e foi por mim batizado com os Santos Óleos, nesta Matriz, aos vinte e cinco do mesmo mês e ano; foram padrinhos o Capitão Pedro Tavares Romeiro e sua mulher Anna Marreyra da Sylva, fregueses e moradores desta freguesia, do que fiz este assento, em que por verdade me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Anna, filha legítima de João Cardoso Batalha, natural desta cidade, e de Anna Tavares Romeiro, natural da Cidade de Olinda, neta por parte paterna de Agostinho Cardoso Batalha, e de Thereza de Jesus, naturais desta cidade, e pela materna do Capitão Pedro Tavares Romeiro, natural de Olinda, e de Luiza Maria, natural da Costa da Mina, nasceu aos doze de maio do ano de mil setecentos e sessenta e nove, e foi batizada com os Santos Óleos, nesta Matriz, de licença minha, pelo Padre Antonio de Sousa Nunes, aos quatorze de dito, e foram seus padrinhos o Capitão Manoel Pinto de Crasto, casado, e Dona Joana Leornarda, filha do Agostinho Gonçalves; do que mandei lançar este assento, em que me assino. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande. 

Já com o mesmo nome tinha nascida anteriormente, outra filha de João e Anna.Vejamos o registro a seguir que dá notícia que Luisa Maria era do gentio de Angola.
Anna, filha legítima de Joam Cardoso Batalha, natural desta cidade, e de Anna Tavares, natural da cidade de Olinda, freguesia de Sam Pedro, neta paterna de Agostinho Cardoso Batalha e de Thereza de Jesus, naturais desta cidade, e pela materna do Capitão Pedro Tavares Romeiro, natural da cidade de Olinda, freguesia de Sam Pedro,  e de Luisa Mariaa, do gentio de Angola, nasceu aos dezessete de Agosto do ano de mil setecentos e sessenta e seis, e foi batizada com os santos óleos, nesta Matriz, por mim, abaixo assinado, aos vinte e seis do dito mês e ano, foram padrinhos o capitão Manoel Ignácio Pereira do Lago, e sua mulher Ignácia Pereira de Jesus, do que mandei lançar este assento, em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande




segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Concubinatos

Concubinatos
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
No livro de Francisco Marinho, O Rio Grande do Norte sob o olhar dos Bispos de Olinda, conta Frei João da Purificação Marques Perdigão, o que aconteceu dia 11 de maio de 1834: neste dia falei com 2 concubinados públicos, a cada um dos quais fiz ver quais eram os seus deveres, e apesar das mais sérias reflexões, não pude resolvê-los  a casarem, posto que os convencesse da futilidade de sua razões, tendo eles a tal respeito um claro conhecimento. Admirei a sua dureza, e apenas pude conseguir dar-me resposta no dia seguinte, para meditarem acerca de tão importantes razões por mim expostas. No dia seguinte dos dois só um apareceu disposto a casar.
Segundo Aluízio Alves, em Angicos, o coronel Jerônimo Cabral Pereira de Macedo, foi, em meados do século XIX, figura de destaque e prestígio político no município de Macau. Era proprietário da Fazenda Morro, porto de embarque que ficava a sessenta e cinco quilômetros do Assú, depois conhecido por Pedrinhas. Presidiu a primeira Câmara de Angicos, que funcionou de 27 de fevereiro de 1834 a 12 de janeiro de 1835. Foi eleito deputado à Assembléia Provincial, em 1846. Propôs, então, a mudança da sede do município para a povoação de Macau. Em 2 de outubro de 1847, foi aprovada a lei de nº 158, que elevou à categoria de Vila a povoação de Macau, subordinando Angicos, como povoação, à sua direção administrativa.Houve revolta e resistência do povo de Angicos.
Jerônimo Cabral Pereira de Macedo, conhecido por Jerônimo do Morro, era filho do capitão-mor Pedro Pereira da Costa e D. Josefa Maria da Conceição. Esta última filha do Coronel Jerônimo Cabral de Macedo e D. Maria do O' de Faria.
Por seu prestígio, sempre aparecia nos registros da Igreja como padrinho ou testemunha. O que me intrigava é que em vários desses registros estava acompanhado de Dona Anna Fragosa de Medeiros. Embora nos registros não houvesse menção à relação que existia entre os dois, pensei, a principio, que era uma filha sua. Procurei outros documentos. Já em 1827, na Fazenda Morro, há um casamento de escravos de Anna Fragosa, onde um dos padrinhos é Jerônimo Cabral Pereira de Macedo. Pelo registro de casamento de Carlos Cabral de Macedo, em 1824, observa-se que Jerônimo já era casado, nessa data.
No registro de batismo de Estevão, filho de Miguel Ribeiro (da Trindade Dantas) e de sua mulher Maria José Dantas, em1846, na Fazenda Morro, celebrado por Padre Felis Alves de Sousa, aparecem como padrinhos Jerônimo Cabral Pereira de Macedo e Anna Fragosa de Medeiros, seguida da palavra Conc., assim mesmo, abreviada. Pensei que pudesse ter outro significado, mas no registro a seguir, ficou mais claro.
Joanna, filha legítima de Ignácio Ferreira de Macedo e Maria Leocádia Pereira, nasceu aos treze de janeiro de mil oitocentos e quarenta e cinco, e foi batizada pelo Reverendo Antonio Freire de Carvalho, com os Santos Óleos, na matriz de Santa Luzia de Mossoró, aos trinta de outubro do mesmo ano, e foram padrinhos Jerônimo Cabral Pereira de Macedo, e Anna Fragosa de Medeiros/concubinados/ por procuração que apresentaram Manoel da Silva Pereira e sua mulher Maria Joaquina do Sacramento; e para constar mandei fazer este assento em que assino. Manoel Januário Bezerra Cavalcante, pároco Colado do Assu.
É interessante observar que até o momento não encontrei o nome da esposa de Comandante Superior Jerônimo, nem filhos. Talvez a esposa dele tivesse algum tipo de problema. Jerônimo faleceu com 80 anos em 1860. No seu óbito não aparece seu estado civil. Anna Fragosa de Medeiros faleceu em 1873, com 77 anos de idade. A seguir alguns outros concubinatos encontrados, com suas especificidades.
Às oito horas da noite do dia vinte e dois de agosto de mil oitocentos e cinqüenta e cinco, no Sítio Camoropim, o Padre Coadjutor Elias Barbalho Bezerra, em desobriga, uniu em matrimônio, de minha licença, e deu as bênçãos nupciais aos contraentes José Lopes da Costa, de idade de setenta anos, e Maria Francisca da Conceição, de sessenta e cinco, concubinários antigos; e servatis ex more servandis; e o presenciaram as testemunhas Manoel Gregório Antunes, casado e Luiz da Circuncisão Ferreira, solteiro.
Às dez horas e meia da manhã do dia quinze de fevereiro de mil oitocentos e sessenta, no Sítio Linda-Flor, desta freguesia, por se acharem dispensados de consaguinidade, uni em matrimônio, e dei as bênçãos nupciais, aos contraentes, meus paroquianos, João Domingos Cardoso, e sua concubina Delfina Maria da Conceição, dispensados os proclamas em razão da idade madura, e do concubinato, e observados as mais formalidades de estilo, a que presenciaram Albano Francisco de Sousa e Luisa Nunes da Fonseca, casado.
Aos vinte e dois de abril de mil oitocentos e setenta, no Tubarão, em desobriga, assisti recebimento em matrimônio, os meus paroquianos Januário Pereira de Lima, viúvo, por falecimento de sua mulher Antonia Maria da Conceição, e Joanna Maria da Conceição, com quarenta e quatro anos de idade, os quais achando-se há anos concubinados, por admoestação minha, dispuseram-se  a casar, portanto dispensados foram de habilitação de papéis, sendo confessados e examinados em Doutrina Cristã, e lhes dei as bênçãos nupciais, servatis servandis de jure; foram testemunhas Francisco Antonio Baracho, e Guilherme Antonio de Araújo.