segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A vida curta do Tenente Cirurgião Francisco Martins Ferreira

A vida curta do Tenente Cirurgião Francisco Martins Ferreira.
Estamos no dia 6 de janeiro de 1842 na cidade de Macau. O padre João Francisco Pimentel impôs os Santos Óleos aos dois filhos do Major José Martins Ferreira e Josefina Maria Ferreira. Um se chamava João e nasceu aos vinte dois de junho de 1840, o outro se chamava Francisco e nasceu no dia sete de outubro de 1841. O assento dos batismos foi feito pelo vigário encomendado de Angicos, Manoel Januário Bezerra Cavalcanti. João teve como padrinhos Pedro Alves Correia e João Martins Ferreira, avô de Francisco e João, como procurador de Maria Teodora da Costa Pires, da Praça de Pernambuco. Já Francisco teve como padrinhos o Tenente Coronel José Ramos de Oliveira e D. Maria da Costa.
Maria Teodora foi uma personagem de destaque da História do Brasil. Era a esposa de Domingos José Martins, chefe de uma das revoluções mais importantes da nossa História. Foi um casamento curto, pois Domingos foi fuzilado, em 12 de junho de 1817. Um casamento que não durou três meses.  Domingos, em carta a André de Albuquerque Maranhão, falava em um namoro de mais de 5 anos. Dizem que Bento foi o único português que apoiou a revolução. Contam, ainda, que o pai de Maria Teodora não queria o casamento e que se viu obrigado a aceitar quando Domingos assumiu o poder em 6 de março de 1817. Essa foi a alegação feita por Bento para escapar da prisão, segundo alguns historiadores. Em 1842, Bento já tinha falecido e Maria Teodora estava com 42 anos e era casado com Antonio José Pires.
O Tenente Coronel José Ramos de Oliveira, padrinho de Francisco e genro de Bento José da Costa, foi outro personagem da História Pernambucana. Foi deputado, criador, junto com o cunhado, Bento José da Costa Junior, da Companhia Beberibe de Águas do Recife e o primeiro presidente da Associação Comercial de Pernambuco. Era filho de José de Oliveira Ramos, outro personagem famoso da História Pernambucana. Há várias referencias a ele no livro de Tollenare, Notas Dominicais. Tollenare visitou o Engenho Salgado, pertencente a José de Oliveira Ramos e a partir daí se tornaram muitos amigos. Tollenare ficou encantado com a acolhida do Sr. Ramos e comenta isso em vários capítulos do seu livro. Quando José de Oliveira Ramos foi preso pela Revolução envidou todos os esforços para soltar o amigo. Tudo em vão. José de Oliveira só foi solto quando terminou a Revolução.
Não sei que caminhos percorreu Francisco Martins Ferreira até se tornar Tenente Cirurgião. Com poucas informações é difícil reconstituir sua história. O avô como Administrador das terras de Bento, e a mãe como sobrinha de Bento devem ter patrocinado alguma educação diferenciada para ele. Com o padrinho que teve é possível que tenha ido estudar em Recife. O transito de embarcações entre Recife e Macau era intenso desde o tempo da Ilha de Manoel Gonçalves. Um registro de batismo de Raphael filho de Manoel Estevão de Lima e Maria Clara, em um de janeiro de 1859, traz como padrinhos Francisco Martins Ferreira e sua irmã Maria Emidia Martins Ferreira. Nesse tempo eles tinham, respectivamente, 18 e 14 anos de idade. Maria Emídia tinha nascido em dois de junho de 1845, e teve como padrinhos Bento José da Costa Junior e Emília Júlia Pires Ferreira, filho de Gervásio Pires Ferreira, outra figura da História Pernambucana.
Francisco casou em vinte e sete de novembro 1869 com Francisca de Paula Maria de Carvalho, filha de Vicente Ferreira Xavier da Cruz e Maria Ignácia Rosalinda Brasileira (madrinha de batismo de Absalão Fernandes da Silva Bacilon), sendo testemunhas seu irmão Joaquim José Martins e José Francisco Alves de Sousa, cunhado de Francisca e pai do capitão José da Penha. Desse casamento só sobreviveu Maria Josefina Martins Ferreira, que nasceu, segundo meu pai, em Cacimbas do Viana no Açu, que fazia parte das 13 léguas de terras do Sertão de Açu, do Tenente Coronel Bento José da Costa. Foi também em Cacimbas do Viana que nasceu Militão Martins Ferreira, filho de José Alves Martins e Francisca Martins de Oliveira. Militão foi padrinho de batismo de Dona Liquinha, sua sobrinha, mãe de Aluizio Alves. Nesse mesmo lugar casou Manoel Martins Ferreira com Prudência Maria Teixeira, tendo como uma das testemunhas o pai José Martins Ferreira.
 Francisca de Paula faleceu de parto em Macau, em vinte e seis de Junho de 1873, com a idade de 25 anos. O filho do casal, ainda sobreviveu 11 meses e 21 dias, vindo a falecer em dezessete de junho de 1874.
O Tenente Francisco Martins Ferreira voltou a casar em vinte e sete de setembro de 1874. Desta vez com a prima de Francisca Paula, Antonia Lourença Dias da Rosa, filha de Miguel Francisco da Costa Machado e Anna Barbosa da Conceição. As testemunhas foram Manoel Jerônimo Caminha Raposo da Câmara, cunhado de Antonia Lourença e novamente o irmão Joaquim José Martins Ferreira. Deste casamento só sobreviveu um filho José Martins Ferreira (Senhorzinho) que foi morar, posteriormente em Manaus.
Aos cinco de outubro de 1877 o tenente cirurgião faleceu de hidropisia, dois dias antes de completar 36 anos de idade.
Sua esposa ainda viveu até o ano de 1891 quando faleceu com a idade de 52 anos.

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