quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O tesouro da igreja católica

O Tesouro da Igreja Católica

Minha pesquisa genealógica está me levando para muitas áreas do conhecimento. Além de me levar aos meus antepassados, me faz conhecer melhor o estado, alguns municípios e os hábitos e os costumes de épocas anteriores. Sempre gostei de História e Geografia. Lia os livros antes do início do período letivo. A maior parte do trabalho da pesquisa é feita em cima de livros de óbitos, casamentos e batismos e todo esse tesouro se encontra guardado na Igreja. É impossível conhecer, com mais detalhes, a nossa história sem se debruçar em cima de toda essa relíquia. Embora tenha começado meu trabalho com os livros Angicos, de Aluizio Alves e Angicos, Ontem e Hoje de Zélia Alves, somente com os registros da Igreja, eu pude me aprofundar mais sobre os laços familiares do passado. O material que tenho manuseado data do período compreendido entre 1820 e 1898. São livros com mais de 150 anos. No primeiro momento não são de fácil leitura, em virtude da caligrafia própria da época e também por conta de muitas abreviaturas. Há também trechos já apagados, faltando pedaços ou completamente esfarelados. O manuseio tem que ser feito com muito cuidado. Com o tempo, a vista e a mente vão se acostumando com o que está escrito e passamos então a dominar a leitura com mais facilidade. Grande parte do material que se encontra aqui em Natal já foi microfilmado, mas, infelizmente, a Cúria não tem equipamentos para leitura desses microfilmes, nem para fazer cópias dos mesmos. Dessa forma, ou fotografamos o que está lá ou simplesmente transcrevemos. É um trabalho árduo que leva tempo, mas que compensa por conta do aprendizado. Nessa viagem ao passado vamos descobrindo que nossos parentes tinham escravos, que as mulheres tinham filhos a cada ano e por mais de 20 anos.  Vemos também que muitas crianças morriam nos primeiros dias ou meses e que muitas vezes as mães morriam de parto. Eram as condições de educação e de higiene da época que as levavam a essa situação. Os livros vão informando também a freqüência dos filhos ditos naturais. Era o registro da época que antecedeu a 1890. Todos são registrados, os brancos, os negros, os pardos, os cabras e os escravos. Em um dos livros encontramos o seguinte registro de óbito: "Aos dois de maio de mil oitocentos e quarenta e quatro, nesta Matriz, de grades abaixo foi sepultada a adúltera Ignácia Francisca, mulher de Pedro Alexandre tendo idade de trinta anos, envolta em hábito branco, por mim encomendada, e para constar fiz este assento em que assino. Pe. Felix Alves de Sousa, Vigário de Angicos.". O registro de batismo do Jornalista Pedro Avelino, que encontro, diz o seguinte: "Pedro, filho legítimo de Vicente Ferreira da Costa Avelino e sua mulher Anna Bezerra da Natividade moradores nesta Freguesia, nasceu aos dezenove de maio de mil oitocentos e sessenta e um, e foi por mim solenemente batizado nesta Matriz de São José de Angicos aos trinta do mesmo mês e ano; foram padrinhos Luiz Gonzaga de Brito Guerra (futuro Barão de Assú e Ministro do Supremo Tribunal de Justiça do Império), casado, e Anna Teixeira de Sousa, casada, por sua procuradora Maria Leocádia Teixeira de Sousa, solteira, moradores aquele na Freguesia de Campo Grande, e esta nesta de Angicos; do que para constar mandei fazer este termo em que assino. Félix Alves de Sousa. Um exemplo de registro de casamento, por sinal muito abreviado e resumido(nesse não aparece o nome dos pais),  é o do  meu bisavô (último presidente da Câmara Municipal de Angicos no regime Monárquico) : "Aos 8 de maio de 1851, às três horas da tarde, nesta  Matriz  uni e abençoei em Matrimônio, os contraentes, meus Fregueses João Felippe da Trindade e Francisca Ritta da Costa, brancos, servatis ex more servandis, testemunhas Alexandre Francisco de Azevedo Costa e Gonçalo José Barbosa, do que faço este assento em que assino. Felix Alves de Sousa, Vigário Colado de Angicos.".  Seria interessante se as empresas privadas ou o poder público pudessem ajudar a Cúria Metropolitana com equipamentos que facilitassem as cópias de documentos como esses para os estudiosos e as pessoas em geral. A História do Brasil seria a grande ganhadora.

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