sábado, 22 de junho de 2019

A família do ilustre José Joaquim Geminiano de Moraes Navarro

Por João Felipe da Trindade


Provocado por Tathiane Navarro Vieira, descendente direta de José Joaquim de Moraes Navarro, resolvi pesquisar sobre esse norte-rio-grandense famoso. Vi que Câmara Cascudo teve um grande trabalho para descobrir pouca coisa sobre ele, que foi o primeiro natalense formado em Direito pela Faculdade de Olinda. Segundo o mestre, ele nasceu em 19 de dezembro de 1799, filho do padre Antônio Caetano do Rego Barros. Pelas informações de Tathiane a mãe de José Joaquim era Inácia Francisca  de Moraes Navarro. Comecei minha procura a partir dessa informação. Governou a província de Sergipe, de 1833 até 1835.
Um registro interessante é o de Inácia Francisca de Moraes Navarro, que foi  batizada pelo Pro vigário Miguel Pinheiro Teixeira, em 18 de abril de 1764. Segundo esse registro, Inácia era filha da viúva Francisca Antônia Xavier, e dizem que do capitão Manoel Álvares de Moraes, neto paterno do sargento-mor José de Moraes Navarro, natural de São Paulo, e de Dona Francisca Bezerra, natural da Paraíba, e pela materna de Antônio Cardoso Batalha e de Ana Maria da Apresentação (dos Anjos, em alguns registros), que teve como padrinhos o capitão José Pedro de Vasconcelos, casado, e Rosa Maria, mulher do alferes Manoel Gonçalves Branco. Essa Francisca Antônia era viúva de Bernardo Pinheiro de Oliveira, com quem tinha se casado em 1754.
Manoel Álvares de Moraes, branco, solteiro de 59 anos, faleceu aos 11 de novembro de 1798, sendo sepultado na Matriz, tendo feito testamento.
No seu testamento, o capitão Manoel Álvares de Moraes Navarro, morador na povoação de São Gonçalo, datado de 3 de novembro de 1798, em casa do Engenho, no Sitio Potengi, de São Gonçalo, disse que nunca foi casado, nem tinha herdeiros forçados, mas que tinha dois filhos naturais, Antônio de Moraes, havido com Margarida de Mendonça, e Inácia, havida com a viúva Francisca Antônia, como dito acima. Além desse filho foi beneficiado o afilhado Lourenço, filho do seu irmão Joaquim de Moraes.
Esse Antônio de Moraes Navarro, pardo, filho natural de Manoel Álvares de Moraes Navarro, falecido, e de Margarida de Mendonça, casou com Francisca Xavier, parda, filha de Antônio Nunes (Duarte) e Ana Teresa, em 26 de novembro de 1800, na Capela de São Gonçalo, na presença do alferes Antônio Rodrigues Santiago, viúvo, e Gonçalo Freire de Amorim, casado. Francisca Xavier era neta paterna de José Figueira e Arcângela Maria, e materna de Estevão Moreno e Adriana Freire. Observo que essa Arcângela Maria era minha tia-pentavó,  filha dos meus hexavós Luiz Duarte de Azevedo e Lourença Lopes.

O Mestre de Campo Francisco Machado de Oliveira Barros, pai do Padre Antônio Caetano do Rego Barros, que veio de Recife para cá, era casado lá no Recife, mas compareceu a vários eventos, na nossa cidade do Natal, na companhia de Antônia Maria Soares de Melo, filha de Dionísio e Eugênia de Oliveira. Teve vários filhos naturais  com ela, Antônia Maria. Ela faleceu aos 7 de agosto de 1784, com a idade de 41 anos. Em 28 de abril de 1795, faleceu o mestre de campo Francisco Machado de Oliveira Barros, viúvo de Antônia Maria Soares de Melo, morador nesta Freguesia, com 72 anos de idade, sendo sepultado na Matriz, e encomendado pelo Reverendo Antônio Caetano do Rego Barros. Ele deve ter nascido por volta 1723.
O testamento deixado pelo Mestre de Campo gerou polêmica. Dona Anna de Mello e Albuquerque contestou o testamento do irmão, que instituiu como herdeiro o filho Joaquim José Barros do Rego, por ser este nascido de punitivo coito, tendo sido excluído do mesmo o Padre Antonio Caetano do Rego Barros e Dona Francisca Xavier de Vasconcelos. Esses também eram filhos ilegítimos do Mestre de Campo Francisco Machado e Antônia Maria. Parece, pelo que se depreende dos documentos, que D. Inácia do Carmo, primeira esposa do dito Francisco Machado, não deixou descendência.  Assim, Dona Anna de Mello e Albuquerque se considerava herdeira do falecido irmão, e por não ter ascendentes e descendentes fez doação aos seus sobrinhos Padre Antonio Caetano e D. Francisca Xavier (esposa do Professor Régio José Leitão de Almeida), incapacitados de herdar por conta da ilegitimidade do nascimento, como se ver nos diversos depoimentos. 
Eram  filhos de Francisco Machado e Antônia Maria: Padre Antônio Caetano do Rego Barros; Padre Miguel Francisco do Rego Barros; Dionísia Romana da Costa Soares, casada com Francisco Antônio Carrilho, Francisca Xavier de Vasconcelos, casada com o professo régio José Leitão de Almeida, Joaquim José do Rego Barros, casado com Maria Angélica da Conceição e Vasconcelos; e Rita Joaquina da Conceição, casada com Alexandre de Melo Andrade.
O bacharel José Joaquim de Moraes Navarro, no ano 1850 dava aulas particulares de Latim, Filosofia e Retórica, na Rua da Cadeia Velha. Também, tendo exercido por anos o lugar de juiz de direito, se ofereceu para advogar nos auditórios da Corte.
José Joaquim de Moraes Navarro faleceu em 24 de agosto de 1858, de apoplexia fulminante. Era casado com Joana Francisca Xavier de Séve, que faleceu em 1886, no Engenho Serinhaém, Pernambuco.  Um dos seus filhos, Antônio Caetano Séve Navarro foi ministro do Superior Tribunal Militar, tendo sido antes, em 1865,  Juiz Municipal e de Órfãos do Termo de Santana do Livramento na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, tendo sido deputado geral nessa mesma Província. Antônio Caetano, que recebeu o nome do avô paterno, era casado com Casimira do Nascimento Navarro, e faleceu em 1898.

Um registro inserido nos batismos de 1820, difícil de ler, como se pode observar nas imagens abaixo, transcrevi o que entendi que estava escrito lá:  Nasceu José Joaquim de Moraes Navarro aos 19 de janeiro de 1799, e foi batizado no dia 29 do mesmo mês e ano, e foi seu padrinho o coronel de milícias Joaquim José do Rego Barros e batizou o  Reverendo Vigário da Vila de São José, o Padre Miguel Francisco do Rego Barros, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação  desta cidade do Natal do Rio Grande do Norte, e foi apresentado por....conhecido este assento pelo Tabelião Público sob atestado do dito coronel padrinho do batizado, cujo Tabelião interino se chama Manoel José de Moraes....do requerido ao Reverendo  da Vila pelo batizado para ser lançado o dito assento no competente livro por tomar...
 




 



 
 

 
 


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