quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

OS LEITES DE CHAVES E MELO NA SERRA DO MARTINS. (I).


                            Por Marcos Pinto
                      A  paradisíaca  serra,  em  sua exuberante  beleza  natural,  contempla  os  viandantes  que  perlustram  o venerando  solo  da  antiga  SERRA  DA  MAIORIDADE  com  nostálgica e  misteriosa  transcendentalidade. Tais predicados  tem  como referencial  a  atual  cidade  denominada  de  MARTINS, no  Rio  Grande  do Norte. É  emblemática  em exponenciais  figuras  da  Magistratura  potiguar, tendo sido berço de nascimento  de  seis  Desembargadores.  O  referencial toponímico  pioneiro  foi  SERRA DO CAMPO GRANDE, denominação  constante  do requerimento do  Capitão-Mór  ALEIXO  TEIXEIRA, e da  concessão de  Carta de  Data de  Sesmaria  datada de  20.07.1736.  Aleixo era Capitão-Mór da  então  Aldeia  de  São João  Batista  dos  Tapuias  Paiacus, do  Lago Pody, atual  Apodi, onde  também  foi  concessionário, no lugar que  ficou  conhecido como "DATA DO ALEIXO".  Como o  Capitão  ALEIXO  caiu  em comisso, ou seja, não efetivou  posse  na sesmaria que lhe foi concedida, seis anos  após, precisamente  a  1º de  Março de  1742, foi  concedida a mesma  Data de  Sesmaria  ao  Capitão FRANCISCO  MARTINS RORIZ, que residia na Ribeira  do Jaguaribe, Capitania  do  Ceará, que fundou no alto da serra ainda  inabitada, uma fazenda  e  currais de gado, que passou a ser conhecida  pelo nome de seu proprietário - SERRA DO  MARTINS.
                     Emoldurando  o perfil  histórico  desta  tradicional família, detentora da nobreza de quatro costados, consigna-se que  é oriunda da Ilha Terceira, do arquipélago dos Açores. A história dessa família no Brasil começa no início do século XIX, com a vinda de Portugal, do Ajudante de Cavalaria Alexandre José Leite de Chaves e Melo. Esse militar prestou importantes serviços à coroa portuguesa.
Em 1805 acompanhou o 2º Governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de Oeynhausen em expedição ao Ipú, com o objetivo de prender o Coronel Manoel Martins Chaves e seus sobrinhos, o Capitão Francisco Xavier de Araújo Chaves e Bernardino Gomes de Franco, tendo o Ajudante José Leite, desempenhado importante papel nessa missão. Em 1817 vamos encontrar Alexandre José Leite no posto de Coronel, Comandante das Fronteiras e Inspetor das Milícias do Jaguaribe, onde impede que a REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817, que subvertia a ordem nas Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, se alastrasse até o Ceará.
Quando o Crato aderiu à causa da Revolução, o Governador mandou o então Coronel Leite marchar sobre o Cariri, a fim de sufocar a revolta.
Quando se preparava para descer sobre o Cariri, eis que recebe, oriundos do Crato, onde já havia sido deflagrada a contra-revolução, os presos: irmãos Alencares (Tristão e o padre Carlos), Francisco Pereira Maia, Pereira dos Santos e José Francisco de Gouveia Ferraz, remetendo-os para Fortaleza.
Recebidos os reforços normais constantes de tropas regulares, contingentes de índios e tropas de milícias, e como já não fosse mais preciso marchar sobre o Cariri, ordenou que se postassem piquetes nas estradas que davam acesso às Capitanias vizinhas, e marchou em fins de maio para o Rio Grande do Norte, onde pacificou o Apodi, Martins, Porta Alegre e Pau dos Ferros, fazendo numerosas prisões e obrigando o povo a acatar o governo português.
                  
            Consta que ALEXANDRE JOSÉ  LEITE  DE CHAVES E MELO  trouxe da terra natal dois irmãos: Leandro Leite Chaves e Melo e Francisco Álvares Afonso Leite de Chaves e Melo, que no Brasil viveram e deixaram frondosa descendência. O primeiro ter-se-ia localizado no Rio Grande do Norte, transferindo-se depois para o Rio de Janeiro, deixando prole numerosa e ilustre.  Francisco Álvares Afonso se radicara no Rio Grande do Norte, onde deixara muitos filhos, entre os quais: Manuel Álvares Afonso Leite, Maria Afonso de Chaves e Melo Pereira “Mariazinha”, Antonio Leite de Chaves e Melo e Alexandre Leite de Chaves e Melo. 
Mariazinha casou-se com o português Francisco Emiliano Pereira, latinista e educador de grandes méritos, tendo sido professor de seu sobrinho o Senador Almino Álvares Afonso. Sua filha Maria Joaquina Chaves, “Maroca” casou-se com o primo Ildefonso Leite de Araújo Chaves e Melo.
Manuel Álvares Afonso Leite morava entre Patu e Martins, no Rio Grande do Norte, tendo deixado dois filhos: Francisco Manuel Álvares Afonso e Viriato Afonso. Viriato foi Coletor em Independência, Ceará e Advogado em Martins e Francisco Manuel era pai do Senador Almino Álvares Afonso.
             Adentrando, ainda,  na contextualidade  do  título  que encima  este  despretensioso  artigo, é  possível  afirmar  que  há possibilidades  de a  fixação  inicial dos  LEITE  DE CHAVES E MELO  na  "SERRA  DO  MARTINS"  ter sido objeto de concessões  de  atenuantes  feitas  aos  revoltosos  alí  residentes  pelo  Coronel  ALEXANDRE  JOSÉ  LEITE DE  CHAVES E  MELO, destacando-se  entre  estes a  inolvidável  figura do  Capitão  ANTONIO  ALVES  CAVALCANTI, que  é  o mesmo  Antonio Alves Cavalcanti  citado  no livro  "DOCUMENTOS HISTÓRICOS", publicação da  Fundação  Biblioteca  Nacional.  Encantado com  as  belezas  naturais  e do clima  ameno  daquela  aprazível  serra, teria  o  Alexandre, passada  a  turbulência  do movimento revolucionário, instalado  o  seu  irmão Capitão  FRANCISCO AFONSO DE CHAVES  E MELO, em terras  que teriam  sido confiscadas  dos  partícipes  revolucionários.

2 comentários:

  1. Muito bom! Eu as vezes ficava me perguntando se não existira parentesco entre os Leite Chaves e os Martins Chaves. No entanto, a prisão do Coronel Manoel Martins Chaves demonstra o contrário. O ajudante de Cavalaria Alexandre José Leite de Chaves e Melo foi quem conduziu o Coronel Manoel Martins ao cárcere, despendendo dinheiro do seu próprio bolso. Isto só causou certa dor de cabeça ao Ajudante Alexandre, pois o governo português demorou em lhe restituir as despesas. Em breve publicarei um trabalho inédito sobre os pormenores dessa magnífica história.

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  2. Olá! Você tem mais informações sobre os índios que atuaram junto ao coronel Leite?

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