terça-feira, 26 de junho de 2012

O Escrivão da Fazenda Real, Estevão Velho de Mello


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN e do INRG
Em primeiro lugar veio a Fortaleza dos Reis Magos, entregue a Jerônimo de Albuquerque em 24 de junho de 1598, há exatos 414 anos, e depois é que surgiu a cidade do Natal. Com a Fortaleza, com a invasão dos holandeses, com a guerra dos bárbaros e com o repovoamento, tínhamos muitas pessoas servindo militarmente no nosso Rio Grande do Norte, como notamos nos registros de casamento e batismos. As concessões para cargos e sesmarias eram sempre precedidas de serviços prestados, quase todos de natureza militar, ao reino de Portugal. Por isso, sempre encontramos, alferes, tenentes, capitães, cabos de esquadra, coronéis, tenentes-coronéis, sargentos-mores, nos eventos religiosos.
Em artigo anterior, escrevemos que dois filhos de Estevão Velho de Melo, Bonifácia Antonia de Melo e Manoel Antônio Pimentel de Melo, casaram respectivamente com Francisco Antonio Teixeira e Anna Maria da Conceição, filhos de Francisco Antonio Teixeira e Maria da Conceição de Barros. Hoje escreveremos sobre mais alguns descendentes dele.
Outra filha de Estevão e Joanna, de nome Ana Maria de Melo, casou com Inácio Pinheiro Teixeira, filho de Francisco Antonio Teixeira e Maria da Conceição de Barros, pois em 5 de dezembro de 1671, foi batizado Miguel, nascido, em 6 de novembro do dito ano, neto de Estevão e de Francisco Antônio, tendo como padrinho José Félix de Sousa, solteiro, e Joana Gomes, filha de Manoel Gomes da Silveira.
Estevão Velho de Melo foi casado com Joana Ferreira de Mello, sendo ele da Freguesia de Cosme e Damião de Igarassu, e ela da Paraíba. Nos registros mais antigos, dos livros de batismos, encontramos o de Manoel Antônio Pimentel de Mello, batizado em 19 de abril de 1713, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, tendo como padrinhos o capitão Domingos de Morais Navarro e Maria Magdanella, filha do coronel Gonçalo da Costa Faleiros.
Em assentamentos de praça, localizamos mais dois filhos: Aurélio Ferreira de Melo, natural da Paraíba, que assentou praça em primeiro de janeiro de 1718, com a idade de dezesseis anos, de rosto tirado, feições miúdas, e alvo, cabelo estirado e claro, seco de corpo; e Estevão Velho Cabral, natural da cidade do Natal, que assentou praça com quinze anos de idade, em 25 de maio de1735, sendo de estatura espigado, seco de corpo, olhos pardos, cara redonda, cabelo solto acastanhado, sobrancelhas abertas.
Pelos dados acima, Estevão Velho de Melo e Joana Ferreira, antes de virem para o Rio Grande do Norte, estiveram na Paraíba. No primeiro assentamento consta que Estevão era capitão, e no segundo já era tenente-coronel. Um desses assentamentos foi feito pelo próprio Estevão.
Em 26 de maio de 1727, casou na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, a filha do casal, Estevão e Joana, Florentina Tereza de Melo, natural da Paraíba, com Manuel Gomes da Silveira, natural de São Gonçalo das Salinas, em Pernambuco, filho do sargento-mor Bartolhomeu da Costa, e Teresa da Silveira, ambos falecidos; foram testemunhas o tenente Faustino da Silveira, Jerônima Guedes Alcoforado, mulher do Bento Ferreira Mousinho e o coronel Teodósio Freire de Amorim, e sua mulher Damásia Gomes da Câmara.
Em 4 de maio de 1749, Úrsula Ferreira de Melo, outra filha de Estevão e Joana, casou na Matriz, com Manoel Correa Pestana, filho do tenente-coronel Manoel Correa Pestana e Joana de Freitas da Fonseca, tendo com testemunhas, Miguel de Oliveira e Melo e João da Costa Almeida, este último irmão do nubente, cujo nome herdou do avô João da Costa Almeida. Este era casado com  Dona Domingas da Fonseca e foram os pais de Dona Joana de Freitas.
Em 21 de abril de 1762, casou Miguel Ferreira Cabral de Mello, filho de Estevão e Joana, com Engrácia Maria da Conceição, filha do alferes Leandro Rodrigues Braga, natural de Valência, Arcebispado de Braga e D. Isabel Rodrigues de Amorim, já falecida. Em 23 de julho de 1774 era batizado, na Capela de Nossa Senhora da Soledade de Aldeia Velha, Manoel filho de Miguel Ferreira Cabral de Melo e Dona Engrácia Maria da Conceição, tendo como padrinho o capitão Manoel P. da Costa com procuração do Padre Teodósio da Rocha Vieira, da Vila de São José.
Uma das filhas do casal, Estevão e Joana, tinha o mesmo nome da mãe, Joana Ferreira de Mello. Ela casou em 2 de fevereiro de 1752, na Matriz, com o tenente Bernardo Pinheiro de Oliveira, filho do tenente-coronel José Pinheiro Teixeira e Maria da Conceição de Oliveira.
Você que está lendo este artigo pode ser descendente de umas dessas pessoas aqui citadas. Já fez sua árvore genealógica?

Um comentário:

  1. Estevão Velho de Melo foi requerente em 1712 e possuidor da data da Maniçoba, pelo rio Ceará-Mirim, começando a meia légua da atual cidade de Jardim de Angicos e correndo por 18 km, até acima da serra que deu nome a sua sesmaria. Naquele período a região sertaneja do Ceará-Mirim ficou conhecida por Sertão das Maniçobas. Em 1724, essas terras já pertenciam ao seu genro Manoel Gomes da Silveira. A sesmaria da Maniçoba fazia limites, ao leste, com terras dos Pinheiro Teixeira (José e Francisco) que ficou para seus descendentes (Manoel Pinheiro Teixeira, Maria da Conceição de Oliveira e Bernardo Pinheiro Teixeira). Antes da família Pinheiro Teixeira, 1734, pertenceu aos irmãos Manoel e Francisco Rodrigues Coelho, 1710, com quem se entrelaçaram. Na parte sul, fazia limite com terras do rio Quintimproá que pertencia a Baltazar da Rocha Bezerra (também aparece como Baltazar da Rocha Silveira) e Teodosio da Rocha, requerida em 1717. Ao norte, fazia limites com a Malacaxeta da Companhia de Jesus, requerida em 1716 por Antonio Amado e Manoel Lopes Homem; ainda ao note, fazia limites com a sesmaria do Cardoso, requerida em 1739 pelo tenente Antonio Cardoso Batalha. Uma área mais a oeste, em 1785, pertencia José Teixeira da Silva.

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