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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O mestre latinista de Almino Afonso e Bezerra de Menezes



João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG

De Fortaleza, o prof. Luciano Klein, descendente dos capitães João Martins Ferreira e Balthazar de Moura e Silva, portugueses que passaram pela Ilha de Manoel Gonçalves e que moraram em Macau, me escreve com o seguinte pedido: Gostaria de lhe solicitar a ajuda a fim de  encontrar informações sobre um dos professores do médico Bezerra de Menezes. No livro de Manoel Onofre Jr, "Martins, a cidade e a serra", que você gentilmente me presenteou, há ligeiras informações sobre o professor de latim Francisco Emiliano Pereira.
Luciano está fazendo uma nova edição do seu livro sobre Bezerra de Menezes, que morou em Martins de 1842 a 1846, entre os 11 e 15 anos. Procurei nos meus arquivos e na internet o que existia sobre o mestre para subsidiar meu parente.
Nestor Lima, no seu livro sobre os municípios do Rio Grande do Norte, escreveu na parte referente ao Assú: a cadeira de Latim, criada em 1827, foi regida pelo professor Francisco Emiliano Pereira, seu instalador; já na parte referente ao município de Martins, encontramos Francisco Emiliano Pereira, como professor do secundário, no ano de 1843, e como administrador de Martins nos períodos 1865-1869 e 1869-1873. Mas segundo informações de outros autores, o professor Francisco Emiliano faleceu no ano de 1869, não concluindo o seu mandato.
Na Revista do Instituto do Ceará, encontramos um artigo de Carlos Feitosa com o título de “A descendência de Antonio Leite de Chaves e Melo”. Antonio era filho de Francisco Álvares Afonso, radicado no Rio Grande do Norte, e tinha entre seus irmãos Manoel Álvares Afonso Leite, Maria Afonso de Chaves e Melo Pereira (Mariazinha) e Alexandre Leite de Chaves e Melo.
Diz Carlos Feitosa que Mariazinha casou-se com o português Francisco Emiliano Pereira, latinista e educador de grandes méritos, tendo sido professor de seu sobrinho o senador Almino Afonso. Sua filha Maria Joaquina Chaves (Marocas) casou-se com o primo Ildefonso Leite de Araújo Chaves.
Continua Carlos Feitosa: Manoel Álvares Afonso Leite, que não usava o restante do sobrenome, de Chaves e Melo, morava entre Patu e Martins, no Rio Grande do Norte, tendo deixado dois filhos Francisco Manuel Álvares Afonso e Viriato Afonso. Viriato foi coletor em Independências, Ceará, e advogado em Martins e Francisco Manuel é pai do senador Almino.
Nos registros paroquiais de Assú, encontro o seguinte batismo, com os nomes reduzidos: Antonio, filho legitimo de Francisco Emiliano e D. Maria Joaquina, desta Freguesia, nasceu aos três de dezembro de trinta e oito, e foi batizado, por mim solenemente, na Matriz, aos vinte e cinco de março de trinta e oito; foram padrinhos Basílio Quaresma Torreão (Junior, filho de nosso Presidente de mesmo nome), e sua mulher Josefa Enfigenia, do que para constar, fiz este assento que assino. Luiz Teixeira da Fonseca, vigário interino do Assú.
Acredito que o Francisco Emiliano que aparece acima é o nosso professor, por conta dos padrinhos ilustres. Só que isso gera um problema. Nas anotações de Carlos Feitosa a esposa era Maria Afonso de Chaves e Melo (Mariazinha) e a que aparece no registro tem o nome da filha do casal. É possível que tenha havido erro na nomeação dos nomes, pois houve abreviação dos mesmos ou, então, a mãe e a filha tinham o mesmo nome.
Outro detalhe é que em um site sobre Assú consta que Francisco Emiliano Pereira nasceu em Barriguda, hoje Alexandria, mas a Revista das Academias de Letras diz que ele era português da Ilha de São Miguel.
Monsenhor Severino, em Levitas do Senhor, faz duas menções ao professor Francisco Emiliano: diz que o padre Cosme Leite da Silva foi aluno do latinista, de português, latim e outras matérias, juntamente, com os futuros sacerdotes Antonio Dias da Cunha, Antonio Joaquim Rodrigues, Matias Fernandes de Queiroz, Joaquim Manoel de Oliveira Costa e Candido Pereira de Oliveira; e que por intermédio do Padre Francisco Justino Pereira de Brito foi criada, na povoação de Jardim, a cadeira de Latim e nomeado para mesma Francisco Emiliano.
 Na biografia dos patronos de grupos escolares, Francisco Emiliano Pereira aparece como tio afim e também como padrinho de crisma de Almino Afonso, mas pelas informações de Carlos Feitosa o professor era casado com a tia avó do senador. Há, portanto, problemas de geração, que se dá principalmente por falta de datas nas informações. Precisamos aprofundar esses estudos sobre o professor de Latim, para esclarecer e ao mesmo tempo conhecermos melhor esse personagem da nossa História. Talvez, um inventário ou alguns registros paroquiais resolvessem nossas dúvidas.

Um comentário:

  1. Carlos Alberto dantas Moura4 de dezembro de 2012 às 08:56

    É interessante como havia professores de Latim
    no RN de outrora. Na minha família lembro-me dos
    padres João Damasceno Xavier Dantas e Joaquim
    Serveriano Ribeiro Dantas, ambos meus tios trisavós. O cônego Estevão Ribeiro Dantas, que
    estudou em Roma, era professor de italiano no Ateneu e considerado um dos maiores latinistas do
    RN.Há um extenso obituário dele, escrito por
    Nestor dos Santos Lima em uma Revista do IHGRN.
    Todos são biografados pelo Monsehor Severino em
    "Levitas do Senhor". Meu trisavô, José Ribeiro
    Dantas era professor de Francês e Latim em São
    José de Mipibu e, apesar da pequena quantidade de alunos, seu salário era elevado.Ver História do Municípuo de São José de Mipibu, de Gilberto Barbalho.
    Carlos Alberto Dantas Moura

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