João Felipe da  Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,  membro do IHGRN e do INRG 
Nildo é um boneco cara de pau, cínico e debochado, de uma  coligação que disputa a Prefeitura da Cidade do Natal, que cuida exclusivamente  de falar de escândalos que envolvem candidatos de outra coligação. Esquece do que  acontece ao redor dele. Tudo isso me fez lembrar escândalos que ocorreram desde  que os portugueses resolveram tomar conta do nosso Rio Grande.
Já em 1598, a primeira obra desta cidade, a construção da  Fortaleza da Barra do Rio Grande, gerou a primeira denúncia para Manoel  Mascarenhas Homem, que teve que devolver a verba de 8:992$333 dos cofres dos  defuntos e ausentes, pois não conseguiu demonstrar como empregou o dinheiro na  dita obra, como conta Hélio Galvão no seu livro sobre a Fortaleza.
O Rei Filipe, em 1612, em carta ao Governador Gaspar de  Sousa, informa que tomou conhecimento que Jerônimo de Albuquerque, que dirigiu  a Fortaleza por um tempo, e depois foi capitão-mor do Rio Grande, exorbitou na  quantidade de terras que concedeu aos seus dois filhos, e, por isso, determinou  a redução pela metade dessas mesmas terras.
Na época dos holandeses, Joris Garstman, que chefiou por um  tempo a Fortaleza do Rio Grande, foi acusado de mandar assassinar Jacob Rabe,  vingando a morte do sogro, segundo uns, ou por ter se interessado pelos  tesouros que o facínora tomou de suas vítimas, segundo outros.
Bernardo Vieira de Mello, que foi capitão-mor de nosso Rio  Grande e Manoel Álvares de Moraes Navarro, que chefiou o Terço dos Paulistas na  Guerra dos Bárbaros receberam acusações recíprocas um do outro.
Francisco Xavier de Miranda Henriques, que também foi capitão-mor  desta capitania do Rio Grande, foi suspenso por quatro 4 meses, e chamado a  Pernambuco para ser repreendido  da parte  do Rei, tudo  por uma conta menos  verdadeira, que o Provedor da Fazenda, que era daquela capitania deu  contra  ele.
Alberto Maranhão, que governou o Rio  Grande do Norte, foi duramente acusado pelo capitão José da Penha, entre outras  coisas: que o  ano  passado   contraiu  na  Europa  um  empréstimo  de  cinco   mil contos  ao  tipo  de  69. Os juros foram  os   mais  exorbitantes do  mundo.  As  gorjetas  para  os  intermediários  foram  elevadíssimas e  o  prazo  de  cinquenta  anos.  Em suma:  o  Estado   venturoso  do  Rio Grande  do  Norte  recebeu   três  mil  e tantos  contos  de réis,  vai  pagar  fatalmente perto  de  dez  mil  e  sobrecarregou   o  seu  orçamento, que era  de mil  e  duzentos   contos,  com  os  pesadíssimos  ônus  desse   empréstimo  tão malbaratado. Alberto  reemprestou-o quase todo  aos  seus  queridos  parentes e com  eles então   contratou  uns  tantos  melhoramentos    duvidosos  para o  Natal dos Pobres,  relativamente,  alguns  desses  felizardos  ofereceram  como garantia, o  seu  parentesco  rendoso  e  a  indiferença  do povo  por  esses   arranjos ilícitos. Não  contente  de  tamanhas   desenvolturas,  Alberto  comprou  a  si  próprio  e  aos  seus  cunhados, por cem vezes  mais do que   devia,  terrenos  tão valorizados  que  até   nunca  tiveram dono.  É  impossível  ser  mais   imprudente  de  que  esse governador  traficante.
Aqui, mais recentemente, sofreram denúncias, principalmente,  em campanhas eleitorais, alguns até sem serem julgados ou indiciados, além dos  citados pelo boneco Nildo, os seguintes, entre muitos: José Agripino, pelo  famoso rabo de palha; Garibaldi, pela venda da Cosern, por pagamento de pessoal  com recursos da dita da venda, por conta do escândalo da merenda escolar (pobre  Rosário!), e pelo programa de erradicação das casas de taipa; Elias Fernandes pelos  escândalos no DNOS; João Maia por conta de escândalos no DNIT; Geraldo Melo,  por ter colocado recursos do SUS na Conta Única; Aldo Tinoco por conta do FNDE;  Fernando Bezerra por conta da Metasa; Fernando Freire pela operação gafanhoto; Gilson  Moura pela operação Pecado Capital; Heráclito Noé, em plena campanha eleitoral,  por concessão de favores; e mais João Faustino, Edson Faustino, Cortez Pereira,  Ney Lopes, Múcio Sá, Enildo Alves, Laire Rosado e diversos vereadores, em  outros episódios.
Henrique Alves sempre que se candidata para cargo executivo  é fruto de muitas denúncias. A eleição para Câmara Maior não vai ser fácil.
Mais de um cento de prefeitos do Rio Grande do Norte e  presidentes de Câmara, dos mais diversos partidos, foram condenados a devolver  dinheiro aos cofres públicos. Estão devolvendo? 
As eleições, em si, são exemplos de atos impróprios de  compras de votos. Pessoas totalmente desconhecidas dos eleitores se elegem com  uma facilidade enorme, sem que a justiça eleitoral perceba as suas tramoias.
Quando se observa os primeiros números das pesquisas para  vereadores, se percebe, facilmente, que nada tem mudado nesta taba. Os  eleitores tapuias continuam trocando apoios por bugigangas. A justiça, cega,  está engolindo elefantes e se engasgando com pequenas moscas. Fundações e  outras organizações de fundo de quintal continuam fazendo como reféns os carentes  dos serviços públicos necessários. Líderes comunitários e alguns candidatos ao  luxuoso cargo de vereador são cabos eleitorais de outros vereadores. Até Jesus  é usado como moeda de troca por religiosos de araque. O Homem se voltasse a  terra iria usar o chicote mais vezes, pois encontraria aqui mais vendilhões do  templo, sepulcros caiados e novas raça de víboras.
Muitos são fichas limpas porque não tiveram suas vidas  políticas devidamente devassadas, ou usaram de suas práticas para comprar  silêncios. Outros, porque não experimentaram a areia movediça do serviço público.
A campanha eleitoral é um exemplo de falta de educação, aqui  e no mundo todo. Nela não há santos. 
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