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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Os descendentes de Domingos José Martins, o Dominguinhos

Por João Felipe da Trindade



A relação entre minha trisavó Josefina Maria Ferreira e o português Bento José da Costa, morador em Pernambuco, me levou ao estudo da Revolução de 1817, chefiada pelo capixaba Domingos José Martins, pois este casou nesse mesmo ano com Maria Theodora, uma das filhas de Bento.
Com as informações postadas em blog sobre esses meus estudos, fui procurado via internet, por Heloísa Moura Figueiredo, Emiliana Vieira e Creusmar Pereira de Almeida, pessoas que descendiam de Domingos José Martins. Eles tinham algumas informações que talvez pudessem nos levar aos elos que os ligavam até Domingos José Martins, embora tais informações divergissem de um descendente para outro. Pesquisando mais a fundo, descobri que antes de se casar com Maria Theodora, em 1817, ele tinha tido um filho natural, lá em Salvador, pois foi encontrado pelo escritor Cândido Costa, um retrato pintado a óleo de Domingos na casa 37 à Rua dos Marchantes, onde morava Dona Leocádia Angélica Martins Barbosa, neta bastarda do mártir capixaba.
Tentei de todas as formas encontrar, na internet ou em livros, informações sobre esse filho bastardo, que tinha o mesmo nome do pai. Descobri depois de certo tempo que existia um inventário no Arquivo Público da Bahia. Pedi a amigos da Bahia para procurar esse bendito inventário, mas sem sucesso. Escrevi para o Arquivo, sem sucesso, também. Mas, por fim, a pesquisadora Nísia Oliveira, que se encontrava em Salvador, me questionou seu tinha interesse em alguma informação genealógica nessa cidade. Informei desse inventário, que ela, prontamente, foi atrás e me enviou as fotos que ela mesma tirou lá no arquivo. Tentei ler de início, mas não era de leitura fácil e, por isso adiei minha pesquisa em cima desse inventário.
Agora, resolvi encará-lo e, por isso, extrai algumas informações preliminares do seu testamento que informo aqui. Tal testamento, que faz parte do inventário, foi feito em 10 de dezembro de 1845, no Rio de Janeiro, na casa de morada de Domingos José Martins, na Travessa da Barreira. Foi aberto em cinco de abril de 1864, após a morte dele na Costa da África.
Escreveu Domingos José Martins, o bastardo, também conhecido como Dominguinhos, que era filho natural de Domingos José Martins, já falecido, e de Francisca Romana Pinto, que ainda vivia, e que foi batizado na Freguesia da Sé da Cidade da Bahia, onde teve seu nascimento.
Escreveu mais, que nunca foi casado, mas nem por isso deixava, por suas fragilidades, de ter descendência natural, porquanto, achando-se na Costa da África, teve cópula carnal com algumas mulheres de quem teve os seguintes filhos: Maria, Leocádia, Rafael, Adelaide, Angelina e Marcelina, os quais todos são seus filhos e como tais os reconheceu pelo modo mais solene.
Disse, ainda que os ditos seus filhos achavam-se de presente na cidade da Bahia, entregues aos cuidados de amigos: Maria, Leocádia, Adelaide e Angelina, em poder de José Bento Alves; Rafael, em poder de Joaquim Pereira de Marinho; e Marcelina em poder de Manoel da Paixão Ferreira.
Segundo Domingos, seus filhos foram todos batizados na cidade da Bahia, na Freguesia de Santo Antônio de Além do Carmo, tendo como padrinhos: Joaquim José de Brito Lima, de Maria, nascida a 20 de novembro de 1840, e de Leonarda, nascida em 30 do mesmo mês e ano, e José Joaquim Gomes Guimarães, de Rafael, nascido aos 24 de outubro de 1841, de Adelaide, nascida três meses depois deste, de Angelina, nascida em 12 de abril de 1842, e de Marcelina, nascida a 25 do mesmo mês e ano.
Destacou que as duas últimas filhas nasceram na Bahia, enquanto outros filhos nasceram na África, e todos esses filhos tiveram como madrinha Nossa Senhora, o que melhor constará dos respectivos assentos de batismo
Instituiu todos esses ditos filhos como seus herdeiros como se tivessem sido filhos legítimos de matrimônio, e nomeou como tutor deles, em primeiro lugar Joaquim José Pereira Marinho, em segundo, Joaquim Alves da Cruz Rios, e em terceiro Francisco José Godinho.  Foram nomeados testamenteiros esses mesmos tutores, nessa mesma ordem.
No inventário os nomes completos que aparecem dos filhos eram: Maria Augusta Martins, Leocádia Angélica Martins, Adelaide Constância Martins, Ângela Josepha Olympia Martins, Marcelina Joana Martins. A única divergência do testamento era que uma as filhas era Ângela e não Angelina.
Filhas de Domingos José Martins