A relação entre minha trisavó
Josefina Maria Ferreira e o português Bento José da Costa, morador em
Pernambuco, me levou ao estudo da Revolução de 1817, chefiada pelo capixaba
Domingos José Martins, pois este casou nesse mesmo ano com Maria Theodora, uma
das filhas de Bento.
Com as informações postadas em
blog sobre esses meus estudos, fui procurado via internet, por Heloísa Moura
Figueiredo, Emiliana Vieira e Creusmar Pereira de Almeida, pessoas que
descendiam de Domingos José Martins. Eles tinham algumas informações que talvez
pudessem nos levar aos elos que os ligavam até Domingos José Martins, embora
tais informações divergissem de um descendente para outro. Pesquisando mais a
fundo, descobri que antes de se casar com Maria Theodora, em 1817, ele tinha
tido um filho natural, lá em Salvador, pois foi encontrado pelo escritor Cândido Costa, um retrato pintado a óleo de Domingos na casa 37 à Rua dos
Marchantes, onde morava Dona Leocádia Angélica Martins Barbosa, neta bastarda
do mártir capixaba.
Tentei de todas as formas
encontrar, na internet ou em livros, informações sobre esse filho bastardo, que tinha o mesmo nome do pai.
Descobri depois de certo tempo que existia um inventário no Arquivo Público da
Bahia. Pedi a amigos da Bahia para procurar esse bendito inventário, mas sem
sucesso. Escrevi para o Arquivo, sem sucesso, também. Mas, por fim, a
pesquisadora Nísia Oliveira, que se encontrava em Salvador, me questionou seu
tinha interesse em alguma informação genealógica nessa cidade. Informei desse
inventário, que ela, prontamente, foi atrás e me enviou as fotos que ela mesma
tirou lá no arquivo. Tentei ler de início, mas não era de leitura fácil e, por
isso adiei minha pesquisa em cima desse inventário.
Agora, resolvi encará-lo e, por
isso, extrai algumas informações preliminares do seu testamento que informo
aqui. Tal testamento, que faz parte do inventário, foi feito em 10 de dezembro
de 1845, no Rio de Janeiro, na casa de morada de Domingos José Martins, na
Travessa da Barreira. Foi aberto em cinco de abril de 1864, após a morte dele
na Costa da África.
Escreveu Domingos José Martins, o
bastardo, também conhecido como Dominguinhos, que era filho natural de Domingos
José Martins, já falecido, e de Francisca Romana Pinto, que ainda vivia, e que
foi batizado na Freguesia da Sé da Cidade da Bahia, onde teve seu nascimento.
Escreveu mais, que nunca foi
casado, mas nem por isso deixava, por suas fragilidades, de ter descendência
natural, porquanto, achando-se na Costa da África, teve cópula carnal com
algumas mulheres de quem teve os seguintes filhos: Maria, Leocádia, Rafael,
Adelaide, Angelina e Marcelina, os quais todos são seus filhos e como tais os
reconheceu pelo modo mais solene.
Disse, ainda que os ditos seus
filhos achavam-se de presente na cidade da Bahia, entregues aos cuidados de
amigos: Maria, Leocádia, Adelaide e Angelina, em poder de José Bento Alves;
Rafael, em poder de Joaquim Pereira de Marinho; e Marcelina em poder de Manoel
da Paixão Ferreira.
Segundo Domingos, seus filhos foram todos batizados na cidade da Bahia,
na Freguesia de Santo Antônio de Além do Carmo, tendo como padrinhos: Joaquim
José de Brito Lima, de Maria, nascida a 20 de novembro de 1840, e de Leonarda,
nascida em 30 do mesmo mês e ano, e José Joaquim Gomes Guimarães, de Rafael,
nascido aos 24 de outubro de 1841, de Adelaide, nascida três meses depois deste,
de Angelina, nascida em 12 de abril de 1842, e de Marcelina, nascida a 25 do
mesmo mês e ano.
Destacou que as duas últimas filhas nasceram na Bahia, enquanto outros
filhos nasceram na África, e todos esses filhos tiveram como madrinha Nossa
Senhora, o que melhor constará dos respectivos assentos de batismo
Instituiu todos esses ditos filhos como seus herdeiros como se tivessem
sido filhos legítimos de matrimônio, e nomeou como tutor deles, em primeiro
lugar Joaquim José Pereira Marinho, em segundo, Joaquim Alves da Cruz Rios, e
em terceiro Francisco José Godinho.
Foram nomeados testamenteiros esses mesmos tutores, nessa mesma ordem.
No inventário os nomes completos que aparecem dos filhos eram: Maria Augusta
Martins, Leocádia Angélica Martins, Adelaide Constância Martins, Ângela Josepha
Olympia Martins, Marcelina Joana Martins. A única divergência do testamento era
que uma as filhas era Ângela e não Angelina.
Filhas de Domingos José Martins |
Bom dia. Gostaria de obter esse inventário/testamento. Seria possível obter essas imagens?
ResponderExcluirmeu e-mail: pstuckmoraes@gmail.com
ResponderExcluirvou tentar via dropbox
ResponderExcluirEsse Joaquim Alves Cruz Rios foi um grande traficante contrabandista de escravos na Bahia depois de sua proibição e coincidente mente um tataraneto dele exatamente com o mesmo nome e sobrenomes foi o secretário-geral do Jornal A Tarde de Salvador o periódico mais homofóbico do Brasil nos anos 80 e 90 tendo como Corifeu da intolerância o Joaquim Alves Cruz Rios que certamente pena no fogo do inferno
ResponderExcluirEu achei o termo bastardo meio pesado para a família do mais importante filho de Domingos Martins, em primeiro lugar porque ele teve esse filho antes do casamento, além disso por ter o nome e sobrenome do pai ele foi reconhecido pelo mesmo, além disso para uma pessoa com espirito revolucionário como ele o casamento na igreja seria uma mera imposição dos costumes atrasados do velho regime.
ResponderExcluirDesculpe me Joaõ Felipe mas não entendi o que você colocou sobre as divergências entre eu e os demais citados. Tudo que sei, e sempre lhe fui muito grata, foi você que me passou . No mais historias contadas de familia e mesmo assim mal explicadas uma vez que seriamos descendentes de bastardos. Por você é que soube da existência de Domingos José Martins Filho . Será que a divergência foi sobre o numero de gerações que nos precederam ? Desculpe mas quando comentei com você
ResponderExcluirque havia entre eu e Domingos Martins Filho quatro gerações enquanto para os outros havia somente dois foi um
comentário sem consequências e fácil de entender. Descendo pelo lado Martins de 4 mulheres , mãe, avó, bisavó e trisavó sendo que a trisavó Leocádia Martins Barbosa é uma das filhas mais velhas de Domingos José Martins , o Dominguinhos.
. As quatro gerações que me precedem são mulheres sendo que Leocádia é uma das filhas mais velhas.
Quanto ao bastardo imagino que como termo pejorativo desaparecerá ainda nesse seculo . Bom lembrar que a Casa de Bragança, ultima dinastia reinante em Portugal, começa com AfonsoI Duque de Bragança filho ilegitimo de João I de Avis e Inez Perez assim como Orléans ultima dinastia reinante na França da Casa de Orleans descende de uma neta ilegitima de Luis XIV com Mme Montespan eo Duque de Orleans . Se a gente se aprofundar Elizabeth 1ª dinastia Tudor também era bastarda mas...ilegitima sempre soa melhor.
Não coloquei o meu nome Heloisa de Moura Figueiredo.
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