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segunda-feira, 29 de junho de 2015

A investigação de Gustavo de Vasconcelos


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
Gustavo Maximiano Sieben de Vasconcelos escreveu, via e-mail, para nosso Arquivo Público Estadual, solicitando algumas informações genealógicas.  O APE, reencaminhou para o Prof. Cláudio Galvão, que por sua vez mandou para mim. A solicitação era a seguinte: Boa tarde! Sou de Porto Alegre/RS, e através de pesquisas desenvolvidas junto ao Arquivo Público deste Estado e da Cúria Metropolitana da Capital, descobri que meu trisavô José Pedro de Vasconcellos era natural do Rio Grande do Norte, assim como seus pais Antônio José Seabra de Vasconcellos e Alexandrina Maria de Siqueira. Em vista disso, eu gostaria de saber se é possível o envio ao meu e-mail de quaisquer informações pertinentes a esses antepassados que constem nesse Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte. Antecipadamente agradecido, Gustavo de Vasconcelos.

Fui ao meu banco de imagens procurar alguma pista sobre os ascendentes de Gustavo e para facilitar minha resposta, resolvi, como de costume, escrever um artigo sobre o que encontrei.

Comecemos, pois, pelo casamento de José Pedro de Vasconcelos, avô do trisavô de Gustavo: Aos cinco de maio de mil setecentos e quarenta anos, as onze horas do dia, na Capela de Nossa Senhora dos Remédios do Cajupiranga, desta freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações nesta Matriz e na dita Capela e mais, próximas ao lugar onde são moradores os contraentes, na forma do Sagrado Concilio Tridentino, como consta da certidão  dos banhos que em meu poder fica e apresentando-se um mandado do muito Reverendo Senhor Doutor Provisor, e Juiz das Justificações Frei Francisco de Santo São Marcos, pelo qual mandava receber os contraentes, visto ter   os contraentes  dado fiança dos banhos do seu natural, sem se descobrir impedimento, em presença do Reverendo Padre Francisco Xavier de Barros, de licença do Reverendo Coadjutor, o licenciado João Gomes Freire, que fazia vezes de pároco em minha ausência, e sendo presentes por testemunhas  coronel Carlos de Azevedo do Vale, Lourenço Correa de Mello, Joanna Gomes, dona viúva, e Angélica de Azevedo, mulher do capitão Pedro Gonçalves da Nóvoa, pessoas conhecidas, se casaram em face da Igreja, solenemente, por palavras José Pedro de Vasconcellos, filho legítimo de Carlos José de Vasconcellos e de sua mulher D. Michaela de Seabra, moradores na cidade de Lisboa, Freguesia de Nossa Senhora do Alecrim, com Marianna da Costa Travassos, filha legítima do coronel Carlos de Azevedo do Vale, e de sua mulher Izabel de Barros de Oliveira, natural e moradora desta dita Freguesia e Paróquia, e logo lhes deu as bênçãos conforme os ritos e cerimônias da Santa Madre Igreja, do que tudo mandei fazer esta assento pelo que veio do dito Reverendo Padre, que por verdade assinei. Manoel Correa Gomes, vigário.

 Encontro Antônio José, filho do capitão José Pedro de Vasconcellos, que foi padrinho, em 1780, de Manoel, filho da Índia Paula Pereira. Mais adiante, na pesquisa, encontramos o seu batizado, com mais detalhes sobre os pais de José Pedro e Marianna, além da origem do Seabra: Antônio, filho legítimo do capitão José Pedro de Vasconcellos, natural da cidade de Lisboa, e de sua mulher Marianna da Costa, natural de Petimbu, da parte (palavra ilegível) da Freguesia de Nossa Senhora do O’ de Papary e ambos moradores desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, neto por parte paterna de Carlos José de Vasconcellos, natural de Trás dos Montes, e de Michaella Maria de Ciebra, natural da cidade de Lisboa, e pela parte materna de Carlos de Azevedo do Valle, natural de Guimarães, e de Izabel de Barros de Oliveira, natural da Bahia de Todos os Santos, foi batizado com os santos óleos aos vinte de outubro de 1762 anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, por mim Vigário encomendado dela, abaixo assinado; foram padrinhos o capitão-mor desta capitania Joaquim Felix de Lima, homem casado.....

 Em seguida, encontramos o batismo de uma irmã de Antônio José: Aos dezessete de dezembro de 1756, de licença do Padre Reverendo, o Doutor Manoel Correa Gomes, na Matriz desta cidade batizou e pôs os santos óleos o Reverendo Padre Theodósio da Rocha Vieira a Anna, filha do capitão José Pedro de Vasconcellos, e de sua mulher Marianna da Costa. Foi padrinho o Reverendo Padre Francisco de Albuquerque e Mello. Marcos Soares de Oliveira, visitador.

Outro irmão de Antônio José era Joaquim: Ao 1 de janeiro de 1755, de licença do Reverendo Vigário o Doutor Manoel Correa Gomes, na Matriz desta cidade, batizou e pôs os santos óleos o Reverendo Padre Francisco de Albuquerque e Mello a Joaquim filho de tenente Joseph Pedro de Vasconcelos e de sua mulher Marianna da Costa. Foram padrinhos o Procurador da Fazenda Real Doutor Dionísio da Costa Soares, e Anna Maria, mulher do sargento-mor Manoel Antonio Pimentel de Mello. Marcos Soares de Oliveira.

Carlos José, outro filho de José Pedro e Marianna casou em 1772, como segue: Aos vinte e sete de fevereiro de mil setecentos e setenta e dois as sete horas da manhã, corridos os banhos juxta tridentino, e sem se descobrir impedimento algum, até a hora de seu recebimento, nesta Matriz, de licença minha em presença do padre Francisco Manoel Maciel, e das testemunhas abaixo assinadas, o capitão Albino Duarte de Oliveira, solteiro, e Luiz José Rodrigues, filho do capitão Francisco Pinheiro Teixeira, moradores nesta cidade, se casaram com palavras de presente, in facie Ecclesiae, Carlos José Pereira de Vasconcellos, filho legítimo do capitão José Pedro de Vasconcellos e de Marianna da Costa, e Josefa Maria da Conceição, filha legítima de Luiz Pinheiro de Oliveira e de Rita Maria da Rosa, ambos os nubentes naturais desta cidade, e logo receberam as santas bênçãos na forma do Ritual Romano, do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Desse casal acima registramos o batismo de uma de suas filhas, que recebeu o mesmo nome de uma das avós: Rita, filha legítima de Carlos José Pereira e de Josefa Maria da Conceição, todos desta Freguesia, neto por parte paterna de José Pedro de Vasconcellos, natural das partes de Lisboa, e de Marianna da Costa, e por parte materna de Luis Pinheiro, e de Rita Maria da Rosa, todos desta freguesia, nasceu aos 24 de junho de 1786, na capela do Senhor Santo Antonio que serve de Matriz aos quinze de julho do dito ano, com os santos óleos, de licença minha, pelo Reverendo Vigário Francisco Maciel; foram padrinhos Francisco Antonio Casado, e Izabel Francisca mulher de Miguel de Oliveira. Do que mandei fazer este assento em que assino. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

Rita, mãe de Josefa, era filha de Antonio Batista Espínola e Francisca Antonia (ou Francisca do Rosário). Uma irmã de Rita, que nunca casou, e de nome Maria Francisca da Anunciação, quando fez seu testamento, deixou como sua herdeira, Joana, sua sobrinha neta, filha do Alferes Carlos José Pereira de Vasconcellos. Caso Joanna falecesse, a herança iria para o irmão dela Luiz. Um dos testamenteiros foi o Alferes Carlos José Pereira de Vasconcelos Junior.

Aqui o registro de óbito de Carlos: aos vinte de fevereiro de 1805, faleceu da vida presente, nesta Freguesia o tenente Carlos José Pereira, branco, com idade de cinquenta anos, pouco mais ou menos, casado com Josefa Maria da Conceição, tendo recebido todos os sacramentos da Igreja. Foi sepultado na Igreja Santo Antonio dos Militares desta cidade, envolto na sua farda, depois de ser encomendado pelo padre Simão Judas Tadeu, de minha licença, que por ser nimiamente pobre lhe fez encomendação por esmola. E para constar fiz este termo que assinei. Feliciano José Dornelles, vigário Colado.

José Pedro de Vasconcellos ficou viúvo, aos vinte e um de setembro de mil setecentos e setenta e dois. Dona Marianna, tinha nessa data cinquenta anos, e foi sepultada na Matriz envolta em hábito de São Francisco.

Outro neto de José Pedro e Marianna teve batismo em 1770: José, filho legítimo do cabo de esquadra José Silvestre de Moraes Navarro e de Angélica Maria de Seabra, naturais desta Freguesia, neto por parte paterna de Sutério da Silva de Carvalho, natural desta cidade, e de sua mulher Dona Elenna de Moraes Navarro, natural da cidade de Olinda, e pela materna de José Pedro de Vasconcellos, natural da cidade de Lisboa, e de Marianna da Costa Macedo, desta Freguesia, nasceu aos 23 de dezembro do ano de 1770, e foi batizado com os santos óleos, de licença minha, nesta Matriz, pelo Padre Francisco Manoel Maciel, aos dezessete de janeiro do ano de 1771; foram padrinhos o capitã José Pedro de Vasconcelos e sua filha Anna Francisca. Do que mandei lançar este assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.

José Silvestre casou com Angélica, após ficar viúvo de Escolástica Bezerra de Mesquita.

Nos assentamentos de praça, encontramos outros filhos de José Pedro. Vejamos esses registros que são importantes pela descrição física que faz dos assentados.

José Pedro de S(ilegível), solteiro, filho legítimo do capitão José Pedro de Vasconcellos, morador nesta cidade, de idade que disse ser de dezessete anos pouco mais ou menos, de estatura baixa, grosso de corpo, rosto redondo, com uma (?) no olho direito, cabelo estirado, sem falta algum nos dentes e sem barba, por ainda lhe não sair, assenta praça por sua vontade, de soldado, nesta companhia por despacho do capitão-mor desta capitania Joachim Felis de Lima, e intervenção do vedor geral da gente de guerra, o Doutor Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim, como consta da petição a linha.  Hoje, trinta de maio de mil setecentos e sessenta e cinco, vence de soldo, farda e pão como os demais.

Outro filho do capitão José Pedro aparece com dois assentamentos, como segue.
Manoel José de Vasconcelos, solteiro, filho legítimo do capitão José Pedro de Vasconcellos, natural desta capitania, de idade de dezesseis anos, pouco mais ou menos, de estatura baixa, grosso de corpo, rosto redondo, sobrancelhas grossas e olhos presos, sem falta de dentes adiante, senta praça de soldado, nesta companhia por despacho do capitão-mor desta capitania Joaquim Felix de Lima, e intervenção do Vedor Geral, o Doutor Manoel Teixeira de Moraes, em 17 de junho de 1760.

Manoel José de Vasconcellos, solteiro, filho legitimo do capitão José Pedro de Vasconcellos, de idade de vinte e quatro anos, pouco mais ou menos, homem branco, de estatura ordinária, rosto cheio, com bastante barba, cabelo estirado e preso, olhos negros, sem falta de dentes nenhuma, assenta praça de soldado, por sua vontade, nesta companhia por despacho do capitão-mor desta capitania Joaquim Felix de Lima e intervenção do Vedor Geral da Gente de Guerra, o Doutor Antonio Carneiro de Albuquerque Gondim. Hoje seis de outubro de mil setecentos e sessenta e seis, vence soldo, farda como os demais. Fl 13


Essas foram as informações preliminares que consegui encontrar de familiares de Gustavo.

3 comentários:

  1. Prezado Sr. João Felipe:

    Muito obrigado por todas as informações prestadas. Acabo de entrar em contato com o Patriarcado de Lisboa, para verificar se é possível que pesquisem por alguns dos meus antepassados naturais daquela cidade e citados pelor senhor nesse excelente artigo.

    Se houver qualquer outra descoberta a respeito do assunto, peço-lhe o obséquio de entrar em contato.

    Antecipadamente agradecido, envio-lhe cordial abraço.

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  2. Prezado Sr. João Felipe:

    Muito obrigado por todas as informações prestadas. Acabo de entrar em contato com o Patriarcado de Lisboa, para verificar se é possível que pesquisem por alguns dos meus antepassados naturais daquela cidade e citados pelor senhor nesse excelente artigo.

    Se houver qualquer outra descoberta a respeito do assunto, peço-lhe o obséquio de entrar em contato.

    Antecipadamente agradecido, envio-lhe cordial abraço.

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  3. Prezado Professor João Felipe:

    Receio que tenhamos nos enganado a respeito do parentesco entre meu trisavô José Pedro de Vasconcellos e seus ascendentes mencionados no artigo. Apesar de na certidão de casamento de José Pedro constar como seus pais Antônio José Siabra de Vasconcellos e Alexandrina Maria Siqueira, Antônio foi batizado em 1762, já meu trisavô casou em 1864 e, conforme indica o pedido de licença anexado aos documentos do matrimônio, ele devia ter por volta de 20 anos a essa época, pois o comandante da companhia em que ele servia se refere a sua "pouca idade". Portanto, acho bastante improvável que José Pedro tenha nascido quando seu "pai" Antônio José tinha cerca de 80 anos. O mais provável é que o Antônio José citado em seu artigo tenha dado a um filho o mesmo nome, e esse, sim, seria o pai do meu trisavô José Pedro. O que o senhor acha?

    Abraços!

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