João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
O “Levante do Gentio Tapuia” (Guerra
dos Bárbaros) foi praticamente um genocídio. Dos que restaram, muitos foram
escravizados pelas famílias do militares participantes.
O capitão Theodósio da Rocha era
natural do Rio São Francisco, Vila de Penedo, filho do capitão Damião da Rocha.
Tinha 51 anos de idade, em 1708, pelo que consta de um assentamento de praça. No
ano de 1696, ele foi nomeado, pelo capitão-mor Bernardo Vieira de Mello, como
cabo do Presídio, de invocação de Nossa Senhora dos Prazeres, da Ribeira do
Assú. Eram seus filhos, conforme livros de batismos ou de assentamentos: João
da Rocha Vieira, Bonifácio da Rocha Vieira, Damião da Rocha Pimentel, Máximo da
Rocha, Antonio Vaz Gondim, Theodósio da Rocha, Margarida da Rocha, Thereza da
Rocha, e Marianna da Rocha.
O alferes Damião da Rocha
Pimentel, que assentou praça em 1699, filho do capitão Theodósio da Rocha, se
engraçou de Bárbara da Rocha, uma tapuia, escrava de sua irmã, viúva Margarida
da Rocha (foi casada com o capitão José Porrate de Morais Castro). Daí nasceu
uma filha natural, Maria da Rocha Pimentel.
Em 1744, na capela do Senhor
Santo Antonio do Potengi, o Reverendo Manoel Alves de Figueiredo casou Maria da
Rocha Pimentel com João de Deus da Fonseca, que era filho natural do licenciado
Bento da Fonseca e da tapuia, Maria Barbosa, escrava que foi do alferes de
Infantaria Antonio Barbosa de Aguiar, sendo testemunhas o capitão Bonifácio da
Rocha, tio da nubente, e o coronel João Pereira (ilegível). Bento da Fonseca
era cirurgião e esteve no Terço Paulista comandado por Manoel Álvares de Moraes
Navarro.
Encontramos o batismo de uma
filha do casal acima, como também de uma neta.
Michaella, filha legítima de
João de Deus da Fonseca e de sua mulher Maria da Rocha (Pimentel), naturais
ambos e moradores desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio
Grande do Norte, neta por parte paterna de Bento da Fonseca, natural desta
Freguesia e avó incógnita (omitiram o nome de Maria Barbosa) e por parte
materna de Bárbara da Rocha, de Nação Tapuia, e de Damião da Rocha, natural desta
dita Freguesia, foi batizada com os santos óleos aos vinte e cinco de março de
mil setecentos e sessenta e um anos, na Capela do Senhor Santo Antonio do
Potengi, desta Freguesia, pelo Reverendo Padre Manoel Antonio de Oliveira, de
licença minha; foram padrinhos o capitão João Marques, homem solteiro, morador
na Freguesia do Assú, e Dona Ângela de Moraes, solteira, filha da viúva Dona
Margarida da Rocha, freguesa e moradora desta dita Freguesia e pela certidão
que veio do dito Reverendo Padre que não continha mais, fiz este assento em que
por verdade assinei, João Freire de Amorim, vigário.
Ancelmo, filho natural de Anna
da Fonseca, e de pai incógnito, neto por parte materna de João de Deus da
Fonseca e de sua mulher Maria da Rocha, naturais desta Freguesia, nasceu no fim
de novembro de mil setecentos e oitenta e sete e foi batizada com os santos
óleos, de licença minha, na Capela de Santo Antonio do Potengi, aos trinta de
junho de mil setecentos e oitenta e oito, pelo Reverendo Bonifácio da Rocha
Vieira; foram padrinhos o alferes Anselmo José de Figueiredo (Faria) e sua
mulher Mariana da Rocha Bezerra, moradores nesta Freguesia. E não se continha
mais no dito assento, de que mandei fazer este, em que por verdade me assino.
Pantaleão da Costa de Araújo vigário do Rio Grande.
Outros filhos, de João de Deus
da Fonseca e de Maria da Rocha Pimentel, foram encontrados em alguns batismos,
como padrinhos: Damião da Rocha (Pimentel) e Maria dos Santos, ainda solteiros,
foram padrinhos de uma escravinha de Anselmo José de Faria, em 1773.
Dona Margarida da Rocha tinha
uma escrava, que depois passou para Ângela de Morais, sua filha, de nome
Ludovina, filha de Luiz de Freitas e Rufina da Cunha, cujos três filhos tiveram
como padrinhos, outros filhos de João de Deus e Maria da Rocha: Hilária, em 1772,
foi apadrinhada por Estanilau Pinheiro Teixeira, morador no Assú, e Úrsula
Leite de Oliveira, filha de João; José, em 1769, teve como padrinhos, Lourenço
da Fonseca e a mãe Maria da Rocha; Ludovina teve mais um filho, também, José, em
1771, cujos padrinhos foram Lourenço da Fonseca e a irmã Marcelina.
Antonia de Oliveira Leite foi madrinha junto
com o pai, João de Deus, de Maria, filha de Luis Pereira e Jacinta da Rocha, em
1761; os dois novamente padrinhos em 1765, de José, filho de Braz da Rocha e
Maria de Figueira, sendo a mãe de Braz da Rocha, a índia dona Bárbara da Rocha.
Um filho de João de Deus da
Fonseca, que aparece em um assentamento de praça, é João da Rocha da Fonseca. Outro
filho, Bento da Fonseca, mesmo nome do avô, faleceu em 1789, com 26 anos de idade.
O que chama a atenção, nesses registros, são as filhas com sobrenome Leite de Oliveira. Esse sobrenome parece vir através de Damião da Rocha Pimentel. Será que Dona Antonia Oliveira, esposa do capitão Theodósio e mãe de Damião, seria irmã de João Leite de Oliveira, e ambos filhos do capitão-mor desta capitania, Antonio Vaz Gondim?
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