João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Alguns construtores da História
do Rio Grande do Norte, muitas vezes, não têm seus nomes escritos nos livros do
presente. Não são lembrados nem pelos seus parentes que sobrevivem hoje. Se não
foram militares, escritores, políticos e não exerceram atividade mais
significativa ficam esquecidos para sempre.
Manoel José Martins nasceu em
Macau, como podemos ver do registro a seguir: Manoel, branco, filho natural de
José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres, moradores nesta Freguesia,
nasceu aos dezenove de abril de mil oitocentos e trinta, e foi solenemente
batizado, com os Santos Óleos, aos vinte e um de maio do mesmo ano, em Macau,
pelo Reverendo José Beraldo de Carvalho, de minha licença, o qual (José
Martins) disse em minha presença reconhecia o dito párvulo por seu filho, e me
pediu fizesse essa declaração para todo tempo constar, foram padrinhos o
capitão Silvério Martins de Oliveira e sua mulher Joanna Nepomucena; do que
para constar mandei fazer este assento, e por verdade assino. O Vigário João
Theotônio de Souza e Silva.
Esse registro acima é o primeiro
de quatro, dispostos continuamente, onde José Martins Ferreira faz o
reconhecimento dos filhos: Manoel, José, Josefa e Joaquim.
Encontramos Manoel com vários
sobrenomes: Manoel José Martins, Manoel José Martins Ferreira, Manoel Martins
Ferreira. Em 1847, já em Cacimbas de Viana, ainda solteiro, ele foi padrinho,
junto com Josepha Clara Martins, de Justino, filho legítimo de Bartholomeu P.
da Silva e Izabel Maria da Conceição. Em 1857, ambos casados, Manoel José
Martins Ferreira e Josepha Clara Martins foram padrinhos de Manoel, filho
legítimo de João Alves Martins e Anna Maria de Jesus. Esse João Alves Martins,
que quando casou tinha o nome de João Martins Ferreira, era irmão de Manoel
José Martins, embora não aparecesse na lista dos reconhecidos pelo pai José
Martins Ferreira.
Vejamos seu casamento: Aos vinte
e oito de novembro de mil oitocentos e cinquenta, pelas 4 horas da tarde, na
fazenda das Cacimbas de Vianna, na Freguesia do Assú, foram unidos e abençoados
em matrimônio, de minha licença, pelo Reverendo Silvério Bezerra de Menezes, os
contraentes, meus fregueses, Manoel Martins Ferreira, e Prudência Maria
Teixeira, brancos, servatis ex more servandis: foram testemunhas José Martins Ferreira
e João Gomes Carneiro: do que faço este assento em que assino. Felis Alves de
Souza, Vigário Colado de Angicos.
Nesse registro não aparecem os
nomes dos pais dos nubentes. Acredito que essa Prudência era filha de Francisco
Antonio Teixeira de Sousa e Marianna Lopes Viegas, pois no inventario desta
última, do ano de 1839, aparece uma filha do casal, com a idade de seis anos,
com esse nome. Os Teixeira de Sousa tinham fazendas em Cacimbas de Vianna. No
ano de 1853, Manoel José Martins e João Lins Teixeira de Souza (irmão de
Prudência), foram testemunhas do casamento de escravos de João Teixeira de
Souza e de João Gomes Carneiro (casado com Anna Joaquina Teixeira de Souza).
Não encontrei um registro sequer
de filhos do casal Manoel José e Prudência. Acho que eles não tiveram filhos e,
talvez, isso foi determinante para
Manoel José assumir a tutoria dos filhos de seu irmão José Alves Martins,
assassinado em 1871. Eram nove, tendo o mais velho a idade de 18 anos e o mais
moço, 4 anos.
No inventário acima podemos
observar o zelo que Manoel José Martins teve, prestando contas periodicamente
do mesmo. À medida que os herdeiros ganhavam o direito da herança ela era
repassada aos mesmos, sem nenhuma contestação, sendo o último a receber o
caçula Manoel Alves Martins.
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