João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Como registrei no artigo anterior, Joaquim José de Mello
Pinto casou em 1833, em São José de Mipibú, com Izabel Maria de Alexandria. No
ano de 1834, aos três de dezembro, nasceu Francisco Xavier de Mello Pinto,
primeiro filho do casal, que foi batizado aos 31 do mesmo mês e ano, na capela
do Ferreiro Torto, sendo padrinhos Francisco de Freitas Costa (que foi
testemunha do casamento) e Maria José de Jesus, mãe de Izabel. Nessa data, o
casal morava em Tabatinga, aqui em Macaíba. Não encontrei outros filhos de
Joaquim e Izabel. Mas, aos três de novembro de 1843, Joaquim José de Mello
Pinto ficou viúvo de Dona Izabel, moradora, ainda, em Tabatinga, que foi
sepultada na Capela de Jundiaí.
Em setembro de 1865, na Tabatinga, foi batizado Cândido, com
dois anos de idade, filho natural de Francisco Xavier de Mello Pinto e de
Francisca Genuína Ferreira, tendo com padrinhos Joaquim José de Mello Pinto,
avô de Cândido, e Maria Teixeira de Mello. Dois anos depois, em 16 de outubro,
na Tabatinga, Francisco Xavier de Mello Pinto casou com Francisca, nessa data,
viúva de José Alexandre da Silva. No ano seguinte, ainda, morador de Tabatinga,
Francisco faleceu e foi enterrado no cemitério de Jundiaí.
Não encontrei um segundo casamento de Joaquim José de Mello
Pinto. Viúvo, é possível que esse Joaquim José fosse o mesmo que faleceu, em
1867, na Casa de Caridade, embora constasse como casado no registro de óbito e,
portanto, poderia ser o bisavô do meu primo João Batista.
Mas, eu tinha os anos de nascimentos do velho João Baptista
de Mello Pinto e dos seus irmãos. Procurei os registros de batismo, da
Freguesia Ceará-Mirim, desses filhos de Joaquim José de Mello Pinto, mas nada
encontrei. Aí, procurei os registros de casamento de um deles. O registro do avô
do meu primo, João Baptista de Mello Pinto, que casou em Angicos, não continha
o nome dos pais dos nubentes. Mas, encontrei o registro do casamento de um
irmão dele, conhecido por Zumba, de nome José Gomes de Mello Pinto, que me
surpreendeu, e que transcrevo para cá.
Aos vinte e nove de dezembro de mil oitocentos e oitenta e
seis, depois de feitas as diligências do estilo, sem impedimento algum, nesta Matriz
de Ceará-Mirim, em presença das testemunhas capitão Bonifácio Vieira Goveia e
João Baptista de Mello Pinto (esse casou com minha tia-avó Maria Rosa), uni em
matrimônio os contraentes José Gomes de Mello Pinto e Maria Clotilde Varella
Borges; ele filho natural de Anna Joaquina do Nascimento e ela filha legítima
de João Varella Borges e de Maria Varella de Oliveira, e assistiram as bênçãos
nupciais no dia dois de janeiro de mil oitocentos e sete, ambos os contraentes naturais
e moradores nesta Freguesia. O Vigário Frederico A. Raposo da Câmara.
Com a informação acima, e as que seguem abaixo, descobri que
o avô do meu primo e os irmãos deles eram filhos naturais de Anna Joaquina do
Nascimento e, por isso, a procura por filhos de Joaquim José de Mello Pinto,
tinha sido infrutífera. Voltei aos batismos para procurar os registros dos
filhos de Anna Joaquina do Nascimento. Aí, encontrei os batismos, que seguem
abaixo, com exceção de Zumba, pois a microfilmagem dos livros de 1863 está ilegível.
João Baptista de Mello Pinto, branco, filho natural de Anna
Joaquina do Nascimento, nasceu aos dez de junho de1860, e foi batizado pelo
padre Luiz Fonseca Silva, aos 17 de julho do mesmo ano, sendo seus padrinhos
Francisco José de Mello e Rita Coralina do Espírito Santo.
Francisco (do qual não encontrei outros registros
posteriores), índio, filho natural de Anna Joaquina do Nascimento, nasceu aos
três de fevereiro de 1861, e foi batizado aos trinta de agosto do mesmo ano, pelo
vigário Luiz da Fonseca Silva, sendo seus padrinhos José Pegado de Oliveira e
Joaquina Maria da Conceição, casados.
Manoel de Mello Pinto, branco, filho natural de Anna
Joaquina do Nascimento, nasceu aos dezoito de outubro de 1864, e foi batizado
pelo vigário Luiz da Fonseca Silva, aos vinte e oito do mesmo mês e ano, sendo
seus padrinhos Joaquim Rodrigues da Silva e sua mulher Maria Rosa do Sacramento
e Silva.
Francisco de Mello Pinto, branco, filho natural de Anna
Joaquina do Nascimento, natural da Freguesia de São José, e moradora na de
Ceará-Mirim, foi batizado aos trinta e um de maio de 1866, na casa de oração da
Vila de Ceará-Mirim, pelo padre Targínio Pinheiro de Carvalho, sendo seus
padrinhos João Victorino Ferreira Nobre e sua mulher Dona Anna Ferreira Nobre
Pelinca.
Nos registros acima, é através do primeiro Francisco, que
fica confirmado que Anna Joaquina do Nascimento era índia, além de ser natural
de São José de Mipibú. Através de velhos jornais do Acre, onde foi morar,
descobri que o segundo Francisco nasceu no dia 1 de maio de 1866.
Segundo os bisnetos João Batista de Mello Pinto e José de
Mello Pinto, Dona Anna Joaquina do Nascimento, com a morte do pai dos seus
filhos, foi lavar e passar, na Vila de Ceará-mirim, para poder sustentar a
família. Dizem mais que ela era muito braba, e que Zumba, seu filho herdou essa
brabeza. Zumba foi assassinado em Recife.
Para concluir transcrevemos o casamento de Nestor de Mello
Pinto, filho de João Baptista de Mello Pinto e Maria Rosa da Trindade, e neto paterno
de Dona Anna Joaquina do Nascimento: Aos vinte de novembro de mil novecentos e
dezoito, na Fazenda Santa Luzia, em presença das testemunhas André Avelino da
Trindade e Manoel de Mello Pinto, servatis servandis, assisti o recebimento
matrimonial de Nestor de Mello Pinto e Luisa Rita da Trindade, solteiros,
naturais, ele de Ceará-Mirim, e ela desta Freguesia, e previamente dispensados
do impedimento de 2º grau de sanguinidade. Padre Júlio Alves Bezerra (tio do
escritor Afonso Bezerra).
Luisa era filha de Joaquim Felippe da Trindade e Rita
Emiliana de Assis Barbalho, aquele irmão de Maria Rosa da Trindade, e de André
Avelino da Trindade. Manoel de Mello Pinto, tio de Nestor, casou a segunda vez
com Anna, irmã gêmea de Joaquim Felipe.
Nestor e Luisa |
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