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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Fazenda das Cacimbas do Vianna

Vista em frente a entrada para Cacimbas do Vianna, em Porto  do Mangue
Fazenda das Cacimbas do Vianna, 1810
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de Matemática da UFRN e membro do INRG
Hoje, vamos tratar, aqui, de uma outra fazenda que fazia parte do inventário de Domingos Affonso Ferreira e de sua esposa Dona Maria Theodora, cuja descrição foi feita, em 1810,  pelo procurador inventariante José Álvares Lessa. Em vários artigos já tratamos dessa fazenda, da qual tenho interesse, pois foi lá que nasceu minha avó Maria Josefina Martins Ferreira (mãe Sinhá). Cacimbas do Vianna que fazia parte do Assu, hoje, com as sucessivas divisões dos municípios do Rio Grande do Norte, faz parte de Porto do Mangue. Nos registros que encontramos, seu nome aparece de várias formas; Fazenda Cacimbas do Vianna, Sítio das Cacimbas, praia das Cacimbas e além do Sitio das Mercês na Fazenda Cacimbas do Vianna.
 Eram seis léguas de terras da Propriedade da dita Fazenda de gados, denominada Cacimbas do Vianna, as quais parte ao norte com terras das Fazendas Entradas, e Morro Branco; ao sul com a Barra do Rio dos Cavalos, ao nascente com o mar oceano e ao poente com terras do Arraial: as quais seis léguas de ditas terras houve por compra a Francisca Rosa da Fonseca, o falecido Domingos Affonso Ferreira e seu genro e sócio e, constituinte dele, procurador inventariante, o Coronel Bento José da Costa, por escritura pública das Notas de Francisco Gomes da Fonseca, Tabelião da Vila de Santo Antonio do Recife de Pernambuco; as quais seis léguas de terras da dita Fazenda de Cacimbas do Vianna foram vistas e avaliadas pelos avaliadores com casa, e currais da mesma fazenda por preço e quantia de dois contos de réis com suas pesqueiras na costa do mar.
Havia na dita Fazenda, entre outras criações: 200 cabras, 360 cabeças de ovelhas, 31 éguas novas, 14 cavalos de fábrica, 100 bezerras, 80 bezerros, 150 garrotas, 750 vacas e 4 bois de carro. Havia, ainda, na Fazenda um oratório com três imagens pequenas, no valor total de 10 mil réis.
Enquanto o ferro da Fazenda Amargoso era um F seguido de um c, a de Cacimbas do Vianna era uma Cruz.
O registro de casamento mais antigo que encontrei, datado de 25 de julho de 1824, foi de Antonio Gomes da Motta e Aldonsa Maria de Jesus; ele com 24 anos e filho de João Gomes da Motta e Izabel Maria de Sousa, e ela, com 16 anos, filha de Francisco Bernardo de Sousa e Joanna Lopes de Mendonça. Foram testemunhas João Martins Ferreira e João Baptista de Oliveira. João Martins Ferreira, antigo morador da Ilha de Manoel Gonçalves, foi administrador das terras do Coronel Bento José da Costa.
Em dezesseis de novembro de mil oitocentos e trinta e um, o pároco do Assu, Joaquim José de Santa Anna, batizou na Fazenda das Cacimbas de Vianna Jeronima, filha de João José Nepomuceno e Antonia Joanna, naturais do Assu, nascida aos trinta e um de outubro de mil oitocentos e trinta e um, tendo como padrinhos Ricardo Cardoso e Maria Esperança, ambos solteiros e do Assu.
Outro registro de casamento, na Fazenda Cacimbas do Vianna, foi o de Joaquim Teixeira de Sousa e Josefa Lopes Viégas, em 19/11/1855. O nubente era da freguesia de Angicos e a nubente da freguesia do Assu. Foram testemunhas Antonio Lopes Viégas Junior e João Lins Teixeira de Sousa, casados. João Lins Teixeira de Sousa casou com Izabel Felippina Lopes Viégas, no Sítio Saco, eram pais de Antonio, nascido em 31/03/1852, e batizado no Sitio das Cacimbas, em 15/11/1852, tendo como padrinhos Francisco Antonio Teixeira e Anna Joaquina Teixeira de Sousa (esposa de João Gomes Carneiro de Mello). Nesse mesmo dia e lugar, foi batizado Anna, filha de Manoel José de Sousa e Cosma Maria da Conceição, nascida em 4/05/1852, tendo como padrinhos Francisco Lins Wanderley e Anna Maria Wanderley, casados. Manoel José de Sousa e Cosma Maria da Conceição eram os pais de João Teixeira de Sousa, que nasceu em Cacimbas do Viana, e depois foi viver em Macau, conforme consta no livro 1º Centenário da Ordenação Sacerdotal do Monsenhor Joaquim Honório da Silveira. Manoel e Cosma contraíram núpcias em 24/02/1848, na Fazenda das Cacimbas do Vianna.
Em outros artigos já tivemos oportunidade de transcrever outros registros ocorridos na Fazenda Cacimbas do Vianna, principalmente da Família Martins Ferreira, que inicialmente vivia na Ilha de Manoel Gonçalves, deslocou-se, posteriormente, para Macau, por conta da submersão da dita ilha, e por último para aquela localidade, principalmente os descendentes do Major José Martins Ferreira. Uma parte da família depois foi para Santana do Mattos e Angicos, e outra parte não sei que destino tomou, pois não encontramos outros registros da dita família. Minha avó Maria Josefina Martins Ferreira, filha de Francisco Martins Ferreira, casou com Miguel Francisco da Trindade de Angicos; Josefina Emilia Alves Martins, filha de José Alves Martins, casou com Absalão Fernandes da Silva Bacilon, avós de Aristófanes Fernandes e Aluizio Alves; Encontramos os descendentes de Militão Alves Martins, irmão de Josefina Emília, em Lages, Acari, Cruzeta e Natal. Um outro irmão de Josefina Emilia era Delfino Alves Martins que agora estamos recuperando informações sobre sua descendência através de sua bisneta Noélia Agripino de Castro. Não localizamos até agora, os descendentes contemporâneos, de Manoel José Martins, Joaquim José Martins Ferreira e Josefa Martins Ferreira, os dois primeiros casaram na Fazenda das Cacimbas do Vianna. Josefa foi casada com o português Manoel Alves da Silva.

Um comentário:

  1. Olá, minha mãe Verônica que nasceu 1940 disse que vivia em Caçambas de Viana com minha bisavô Joana e sua mãe Francisca Pinto de Mendonça (que nasceu em 1910). Ela falava muito de sua infância em porto do mangue e que sua bisavó (Joana) tinha um sítio grande onde plantava de tudo e tinha galinhas, patos e outros animais. Minha avó teve vários filhos com meu avô Raul Cassiano da Cunha, que era pescador.
    Quando os filhos começaram a crescer minha avó e toda a família se mudaram para Macau e com isso, se foi a fartura que tinham no sítio de minha bisavó.
    Minha mãe também falava de sua bisavó que, segundo ela, se chamava Maria da Conceição.
    Eu queria muito entender um dia essa árvore genealógica e conhecer essas terras que já estão totalmente diferente do início do século XX.
    Minha mãe tem ascendência indígena por parte de mãe - mas não sei exatamente em qual grau de parentesco.

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