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quarta-feira, 2 de março de 2011

A mente que não muda

A citação de Sócrates "Conhece-te a ti mesmo" é a expressão mais verdadeira de todos os tempos. Mas, infelizmente, poucos percebem o seu verdadeiro valor. Ela não está presente no nosso dia a dia. Somente em algum insight sentimos toda a sua verdade. Toda a educação deveria ter como principio a frase de Sócrates. Todo conhecimento deveria partir do conhecimento de si mesmo para os conhecimentos mais exteriores.
A genealogia, que está sempre presente nos artigos que escrevemos aqui, faz parte do conhecimento que temos de nós mesmo, pois, nossa existência foi construída a partir daqueles que foram nossos ascendentes. Mas, hoje, sairemos da Genealogia por conta de uma discussão que está presente no Congresso Nacional.
É estranho ver nossos congressistas querendo mudar a Constituição para incluir nela alguma coisa sobre felicidade. O que eles sabem sobre isso? Será que pensam que seremos mais felizes através de leis. Quanta ignorância. Quanta petulância. Alguns países, como o Butão, já têm um índice que se relaciona a felicidade. Pura ilusão.
Buda, que esteve na Terra quinhentos anos antes de Jesus, foi criado sem tomar conhecimento do que acontecia de verdade ao seu redor. Tentaram esconder durante muitos anos a realidade para ele.
Quando percebeu que o mundo era diferente daquilo que vivia, deixou a mulher e o filho e saiu pelo mundo atrás de compreender o sofrimento. Depois de experimentar todas as extravagâncias espirituais, e ter chegado a um estado de penúria, abandonou tudo isso, e então, naquele momento de abandono, surgiu para ele toda a sabedoria do Universo.
Buda deixou uma mensagem para todos nós muito clara: "ninguém precisa percorrer o mesmo caminho que eu percorri". E disse através dos seus ensinamentos o que teríamos que fazer. Mas, o que nós temos feito o tempo todo? Procuramos viver de experiência em experiência até o fim da vida, sem descobrir de fato a verdade.  Por que fazemos tudo errado?  Por que a mente não quer. Ela não se interessa pela sabedoria, mas sim pela sua própria esperteza, seus malabarismos e suas invencionices.
Depois veio Jesus e disse: "quando orares, não sejais como hipócritas; pois gostam de crer em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, serem vistos pelos homens. Disse mais: Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto te recompensará.
E orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, orais deste modo.". E nesse momento deu um exemplo de oração que foi o Pai  Nosso.  E que fazem as pessoas no mundo todo? Repetem de forma vã o Pai  Nosso.
Há coisa mais simples de se entender? Por que então continuamos a fazer errado? Por que fazemos completamente diferente do que foi ensinado? Repito. Por que a mente não quer. Prefere fica na comodidade das rotinas, das repetições. Com certeza essa mente não quer mudar.
Jiddu Krishnamurti acreditava que em algum ponto de nosso desenvolvimento, a mente tomou um caminho errado. Eu suspeito que sim. Não vejo progresso no ser humano.
Ele disse, em certo momento: "uma das funções do pensamento é estar continuamente ocupado com alguma coisa. Em geral, desejamos ter a mente continuamente ocupada, para nos impedir de ver-nos como realmente somos. Temos medo de sentir-nos vazios. Temos medo de encarar nossos temores".
 A tecnologia nos contempla diariamente com as melhores novidades em todos os campos do conhecimento, mas isso não parece mudar o comportamento para melhor dos seres humanos. É como se sabedoria e ciência fossem caminhos paralelos que nunca vão se encontrar.
Estamos conseguindo prolongar nossas vidas. Daqui a uns anos viveremos em média cem anos, muito embora boa parte de nosso corpo estará constituído por muitas peças de reposição. Seremos autômatos sem alegria!
A internet e o celular nos colocam, instantaneamente, em contato com os mais distantes lugares e as mais diferentes pessoas. Mas, como todo aparato tecnológico, serve ao bem e ao mal.
Preferimos as meias verdades. Em cada ramo do conhecimento fazemos nossas escolhas. Eu sou Junguiano, fulano é Freudiano, sicrano é comunista e beltrano é democrata. Precisamos estar abrigado por uma coisa que seja maior do que nós para esconder nossa pequenez. As religiões e os partidos, na sua grande maioria, são instrumentos para alcançar poder, tráfico de influência e enriquecimento.  
Cada eleição se torna o exemplo de que nada vai mudar de verdade. Os donos dos partidos impõem seus candidatos. Os partidos e suas coligações homologam esses candidatos e o pobre eleitor é obrigado a marcar com um x uma dessas criaturas, sacramentando a escolha dos sabidos. E mais uma vez tudo se repetirá, sem grandes novidades.
Quase que diariamente, a Terra tenta nos abalar com seus terremotos, inundações, vulcões, nuvens de poeira e outros fenômenos. Ficamos atentos, momentaneamente, mas tudo volta a rotina em pouco tempo. E todos nós marcharemos para um destino sem perspectivas. A mente não quer mudança!

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