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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A viúva e o solteirão

 
A viúva e o solteirão
Sebastião Cardoso Batalha é o mais antigo Cardoso Batalha que encontrei nos registros de nossa História. Ele aparece nos  documentos  do Senado da Câmara como, também, nas concessões de Datas e Sesmarias, aqui no Rio Grande do Norte. Tinha uma bela assinatura.  Encontramos  descendentes seus nos registros de Santana do Matos. No livro de batismos que se encontra no Instituto Arqueológico e Histórico Pernambucano, encontramos o registro  de três filhos de Sebastião Cardoso Batalha e Flávia Rodrigues de Sá: Agostinho Cardoso Batalha (1705) e Antonio Cardoso Batalha (1709) e Ângela Custódia (1711).
Duas filhas de Antonio Cardoso Batalha casaram com dois filhos do tenente-coronel José Pinheiro Teixeira. Rosa Maria da Encarnação casou com Manoel Gonçalves Branco e Francisca Antonia Xavier com Bernardo Pinheiro de Oliveira.
O tenente-coronel José Pinheiro Teixeira era natural da Freguesia de São Martinho de Arrifana de Sousa, Bispado do Porto. Arrifana de Sousa, por carta régia  de três de março de 1770, viu sua designação alterada para Penafiel, e ser elevada a cidade.
Bernardo Pinheiro de Oliveira casou a primeira vez, em 1752,  com Joana Ferreira de Melo, filha de Estevão Velho de Melo e Joana Ferreira de Melo (bisavós de Miguelinho). Teve um filho natural com Cosma Damiana Aguiar, de nome Miguel Rodrigues Aguiar. O seu segundo casamento foi com Francisca Antonia Xavier, na Fortaleza dos Reis Magos, que transcrevemos para este espaço.
“Aos vinte e dois de abril de mil setecentos e cinquenta e quatro na Capela dos Santos Reis Magos da Fortaleza desta cidade, capitania do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações nesta Matriz, na forma do Sagrado Concilio Tridentino sem haver impedimento, de licença do Reverendo Vigário Doutor Manuel Correa Gomes, com presença do Reverendo Padre Francisco de Albuquerque Melo e das testemunhas que com ele presentes estavam e assinaram o Reverendo Padre Manoel Cardoso de Andrade, de hábito de Sam Pedro, viúva Ângela Custódia, moradores nesta dita cidade, se casaram solenemente em face da Igreja o cabo de esquadra de Infantaria Bernardo Pinheiro de Oliveira, viúvo que ficou por falecimento de Joana Ferreira , sua mulher, filho legitimo do tenente-coronel José Pinheiro Teixeira e de sua mulher Maria da Conceição de Oliveira, com Francisca Antonia Xavier filha legitima do tenente Antonio Cardozo Batalha, e de sua mulher Ana Maria da Apresentação naturais ambos desta dita cidade, e nela moradores, e logo lhes deu as bênçãos conforme os ritos da Santa Madre Igreja,do que mandou o Muito Reverendo Senhor Doutor Visitador fazer este assento em que asinou. Marcos Soares de Oliveira. Visitador”
Olavo de Medeiros Filho, no seu livro “Aconteceu na Capitania do Rio Grande do Norte”, fez uma pequena genealogia dos Moraes Navarro que chegaram aqui com o Terço Paulista. Chegaram aqui o Mestre de Campo Manuel Álvares de Moraes Navarro e seu irmão José de Moraes Navarro. Sobre Manuel Álvares de Moraes Navarro, filho de José e sobrinho de Manuel, escreve Olavo: “nascido por volta de 1739, solteiro, falecido aos 11 de novembro de 1798. Capitão. Morava no seu engenho Potengi, em São Gonçalo do Amarante – RN. Proprietário de uma légua de terra na ribeira do Ceará-Mirim, além de outras três léguas no riacho Malacacheta, na mesma ribeira. O seu testamento acha-se arquivado no acervo documental do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (caixa 71). Em 1786, Manuel era Administrador da Cobrança dos Rendimentos do Gado do “Vento” da Ribeira do Assú”. Manuel é o solteirão de nossa História.
Pois, bem, Bernardo Pinheiro Teixeira faleceu em 7 de setembro de 1761, com a idade aproximada de 40 anos, deixando Dona Francisca Antonia viúva. Nesse mesmo ano, em 18 de novembro, tinha falecido Francisca, filha dele e de Francisca Antonia, com a idade aproximada de 5 anos.
Em 1764, três anos após o falecimento de Bernardo Pinheiro Teixeira, há um registro envolvendo a viúva Francisca Antonia Xavier e o solteirão  Manuel Álvares de Moraes Navarro. Prestem atenção no relato do Padre Miguel Pinto Teixeira.
“Inácia filha da viúva Francisca Antonia Xavier, natural desta Freguesia, e dizem que do capitão Manuel Álvares de Moraes, natural desta dita Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, neto pela parte paterna  do sargento-mor José de Moraes Navarro, natural de São Paulo, e de Dona Francisca Bezerra natural da Paraíba, e pela materna de Antônio Cardoso Batalha e de Ana Maria da Apresentação naturais desta dita Freguesia, foi batizada nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação com os Santos Óleos por mim Pro vigário abaixo assinado aos dezoito de abril de mil setecentos, e sessenta e quatro. Forão seus padrinhos o capitão José Pedro de Vasconcellos, homem casado, e morador nesta dita Freguesia, e Rosa Maria mulher do alferes Manoel Gonçalves Branco, de que fiz este assento, em que por verdade me assino. Miguel Pinto Teixeira, Pro vigário do Rio Grande”
Essa conversa que antigamente era diferente não é tão verdadeira. Os registros da Igreja dão conta de muitas situações interessantes. Os bispos e padres visitadores das Freguesias relatam as reclamações que recebiam dos pais das moças por conta dos moços da época. O volume de filhos naturais é razoável. Muitos dos expostos em casa de fulano eram, na verdade, filhos desse fulano ou de gente da família.

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