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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um certo Capitão Pedro Álvares Ferreira

No livro de Leyla Perrone – Moisés, intitulado "Vinte Luas", que conta a viagem de Paulmier de Gonneville ao Brasil, de 1503 a 1505, ela escreveu: "O relato histórico, tanto quanto o ficcional, é sem limites de extensão. As ramificações, os pormenores e as especulações são infinitos. Os limites do discurso histórico são os documentos. Mas na interpretação e na interligação dos documentos, é a imaginação que constrói a verdade possível, sobretudo quando os documentos são poucos e lacunares."
Muitos livros da Igreja que registraram os batismos, óbitos e casamentos, já não existem mais. Entre os que ainda encontramos, vários estão deteriorados. Em muitos, os registros de casamentos são incompletos, não citando os nomes dos pais dos nubentes. Assim, a tarefa de reconstituição de uma genealogia torna-se difícil. São necessários vários documentos para se imaginar uma hipótese.
Quando se conta a História de Macau ou da Ilha de Manoel Gonçalves não há nenhuma referência ao Capitão Pedro Álvares Ferreira, mas ele aparece nesses lugares, e colado com a família do Capitão João Martins Ferreira. A primeira vez que vi o seu nome, foi no batismo de José, filho do Major José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres. Ele e Francisca Martins Ferreira foram os padrinhos, em dezesseis de Agosto de 1831, em Macau, do dito José, nascido em dois de Julho do dito ano. Fiquei intrigado com esse nome e passei a prestar atenção a todo registro onde o nome dele aparecia. Queria saber quem ele era e sua relação com a família do Capitão João Martins Ferreira. Encontramos vários registros.
Já em 1824, ele está na Ilha de Manoel Gonçalves. Nessa data ele e José Martins Ferreira eram solteiros. Foram testemunhas do casamento de Manoel Barbosa de Andrade e Maria Francisca da Conceição. O noivo, com 36 anos, e filho de Gonçalo Barbosa de Moura e Catharina Maria de Jesus. A noiva, com 20 anos, sem informações sobre os pais.
No ano seguinte, na mesma Ilha de Manoel Gonçalves, ele aparece como testemunha, juntamente, com o Capitão João Martins Ferreira, pai de José Martins Ferreira, no casamento de José Álvares Barbosa e Dionízia Ribeiro. O noivo, com vinte e três anos de idade, era filho de Miguel Teotônio de Seixas e Tereza Maria de Jesus. A noiva, com dezoito anos de idade, era filha de Joaquim José Ribeiro e Maria Anna Barbosa da Rocha.
Em 1831, na mesma Ilha, e ainda solteiro, foi padrinho junto com a mulher do Capitão João Martins Ferreira, Dona Josefa Clara Lessa, de Maria, filha de Tomás Pinto Martins e Josefa Florinda Pessoa.
No batismo de Maria, filha do Major José Martins Ferreira e Josefina Maria Ferreira, em dois de Junho de 1845, no Comissário de Cacimbas do Vianna, o Capitão Pedro Álvares Ferreira e Dona Josefa Christiniana Ferreira foram padrinhos por procuração passada por Bento José da Costa Junior e Dona Emília Júlia Pires Ferreira. Nesse ano o velho Bento José da Costa, dono das terras administradas por João Martins Ferreira, era falecido. Emília Júlia era filha de Gervásio Pires Ferreira que juntamente com o Coronel de Milícias Bento José da Costa fizeram parte de uma junta governativa de Pernambuco. O avô de Bento Junior era primo legitimo de Gervásio Pires.
Quando houve o batismo de um filho do Capitão Pedro Álvares Ferreira, o Major José Martins Ferreira é quem foi procurador como podemos ver no registro a seguir.
"João, filho legitimo de Pedro Álvares Ferreira e Maria Emília das Dores Ferreira, nasceu a vinte e quatro de Junho de mil oitocentos e quarenta e quatro: foi batizado solenemente de licença minha, na Fazenda Cacimbas, pelo Reverendo David Martins Freire Delgado a vinte e cinco de Dezembro do mesmo ano e foram Padrinhos Nossa Senhora da Conceição, e Domingos da Costa de Oliveira, por procuração ao Major José Martins Ferreira, casado; e para constar mandei fazer este termo em que assinei. Manoel Januário Bezerra Cavalcante, Pároco Colado do  Assú."
Em um trecho constante do Livro "Questão de Limites", de Vicente Lemos e Tavares de Lira, encontramos o seguinte documento:
"José Paulino Cabral, secretário da Intendência Municipal da Cidade do Açú, por titulo e nomeação legais, etc.
Certifico em virtude de petição supra que revendo e dando busca nos livros de vereação em meu poder e arquivo em um deles as folhas 202 v. e na vereção de trinta e um de Janeiro de mil oitocentos e vinte e nove encontrei, além de muitas outras nomeações e administradores de novo imposto de carne verde e subsídio literário para diversos lugares, a de Pedro Alves Ferreira para Mossoró. É o que me cumpre certificar em virtude da petição e a vista do próprio original, ao qual me reporto; dou fé. Secretaria da Intendência Municipal da Cidade do Açú, em 28 de Agosto de 1901. O Secretário, José Paulino Cabral (Estava selada)."
Acredito que seja o mesmo Pedro Álvares Ferreira que estudamos aqui, pois, próximo a essa época, o Capitão João Martins Ferreira arrematou o dízimo de sal de Mossoró.
Embora não tenha nenhuma comprovação, mas a partir dos documentos encontrados, acredito que Pedro Álvares Ferreira fosse um dos filhos do Capitão João Martins Ferreira. Aliás, alguns filhos do Major José Martins Ferreira tinham o sobrenome Alves. Um deles é justamente José Alves Martins cujo batizado noticiamos no inicio deste artigo. É dele que se origina a família Alves de Angicos.

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