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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Morreu de desconcerto do seu sexo

Morreu de desconcerto do seu sexo
A morte era uma constante naquela época. Ela e a vida pareciam ser a mesma coisa. Tantos nasciam e outros tantos morriam. José Francisco Alves de Sousa e Maria Ignácia Teixeira do Carmo tiveram 21 filhos. Nos livros de registros que pesquisávamos, os nascimentos dos filhos do casal se sucediam a cada ano. Mas, apenas seis chegaram à idade adulta. Ainda assim, José Francisco, mesmo nome do pai, morreu de uma queda de cavalo. O capitão José da Penha foi assassinado sem completar os 39 anos. José Anselmo morreu envenenado e, antes, tinha perdido dois filhos que se suicidaram. Irma, outra filha de José Anselmo, morreu atropelada.
Antonio Barbosa da Costa e Claudianna Francisca Bezerra, pais de dois dos primeiros povoadores de Carapebas, Antonio Francisco da Costa Bezerra e José Alexandre Solino da Costa, perderam três filho jovens, Anna, Maria e Alexandre com 20, 19 e 16 anos respectivamente, em menos de um mês. Vejamos o registro de um deles, pois, todos morreram da mesma causa:
"Aos dezanove de Agosto de mil oitocentos e vinte e cinco na Capela de Angicos, filial desta Matriz de Santa Anna do Mattos, se deu sepultura ao cadáver do Adulto Alexandre com dezeseis anos de idade, filho legitimo do falecido Antonio Barbosa e Claudianna Francisca, falecido de Câimbras de Sangue, e sem sacramentos, e sendo envolto em habito branco foi por mim encommendado, do que para constar fiz este assento, que assino. O Vigário João Theotonio de Sousa e Silva."
Antonio Francisco, por sua vez, perdeu a esposa Agostinha, de parto, em 2/71827, e casou de imediato, em 12/10/1827, com Vicência filho de Vicente Ferreira da Costa e Mello do O' e Joaquina Maria do Rosário. Anna, filha de Antonio Francisco e Agostinha, casa mais adiante com Alexandre Avelino, filho de Vicente e Joaquina. Este último casal perdeu, em 1824, dois filhos em menos de um mês.  Francisco de Borja Soares Raposo da Câmara e Anna Francisca dos Milagres perderam, também, três no mês de março do mesmo ano. Vamos a alguns registros interessantes que encontrei ao longo da pesquisa, preservando tanto quanto possível o original:
" Aos dezessete de Março de mil oitocentos e sessenta e cinco foi sepultado no Cemitério de Rosário na Freguesia de Assú amortalhado em hábito branco a Adulta Francisca Maria do Espírito Santo, branca idade de sessenta e cinco anos, morreu de desconcerto de  seu sexo, foi confessada, e sacramentada pelo Re.do Elias Barbalho Beserra; do que para constar fiz este assento em que me assino. O Vigário Manoel Jerônimo Cabral."
Tive o cuidado de verificar se era isso mesmo o que estava escrito, pois, não consigo compreender o significado dessa expressão.
"Aos vinte e oito de Fevereiro de mil oito centos e sessenta três, foi sepultado no Cemiterio desta Villa a adulto Francisco José de Almeida com cinquenta anos de idade solteiro faleceu de bebedeira, foi em volto em habito preto, e encomendado por mim = Do que para constar fizeste assento em que me assino. O Vigário Manoel Jerônimo Cabral."
Aos vinte e nove de Novembro de 1873, faleceu de Velhice, com cento e dez anos d'idade, o preto d'Africa, liberto, José Rodrigues de Sanct' Iago, viúvo de Caetana Maria Cabral, e envolto com habito branco, encomendado pelo Pe. Elias Barbalho Biserra, foi no dia seguinte , sepultado, no Cemiterio do Rosário; do que para constar fis este assento, que assino. Vigário Joaquim Manoel d'Oliv.a Costa."
"Aos trinta de Março de mil oitocentos setenta e cinco foi sepultado, por se achar inundado o Cemitério publico de Rosário, a margem de um (ilegível) Sitio=Pendências, onde limitam os Fazendeiros Alferes Felix Rodrigues Ferreira e Manoel Alves Barbosa, d'esta Freguesia de Macau, o adulto Antonio Veríssimo de Luna, branco, idade de quarenta e cinco anos, morador na Bahia da Traição da Província da Parahyba do Norte, casado com Ideltrudes de Carvalho Luna, morreu de Bronquite, sem sacramento por não poder, e para constar fiz este assento, e o assinei. Padre Elias Barbalho Biserra, Coadjutor – Pro- Paróco de Macau."
"Sepultou-se no Cemitério desta Villa de Macau no dia vinte e nove de Novembro a parvula Maximina  com idade de quatro anos, filha legitima de D.r José Maria de Albuquerque, e D. Maria Luduvina de Cisneiro, faleceu a bordo do Vapor Pirassununga em viagem de Aracaty a esta Villa foi em volta em habito preto e encomendada por mim. Do que para constar fis esta assento em que me assino. O Vigário Manoel Jerônimo Cabral."
Em 1862, 1863 e 1864 há muitos registros de morte por cólera, inclusive de um filho de Joaquim Rodrigues Ferreira, fundador de Alto dos Rodrigues.
Mas a vida não pára e vai encontrando caminhos para sobreviver aos reveses que vão aparecendo. Veja a seqüência de casamentos que vão ocorrendo quando vai morrendo um parceiro. Manoel Jacintho da Trindade, irmão de João Felippe, casou com Josefa Francisca Xavier Bezerra, em 15/9/1866. Josefa morre, e ele casa, em 25/06/1870, com Anna Maria da Conceição, irmã da mulher de João Felippe. Aí, Manoel Jacintho morre, e Anna casa, em 25/1/1877, com Manoel Olimpio Dantas Cavalcanti, lá de Macau. Depois quem morre é Anna, e Manoel Olímpio casa, em 18/10/1888, com Emygdia Bezerra da Costa Avelino, irmã de Pedro Avelino e Emygdio Avelino.

2 comentários:

  1. É isso aí Surley, lá para trás encontramos muitas histórias interessantes. Não sei como os Padres definiam de que morriam seus fiéis.

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