Felizarda Coelho Marinho e os Sousa Jardim (I)
Ainda restam muitas dúvidas com relação ao Massacre de Uruaçu, por conta dos diversos relatos. Curado, em sua carta para João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, informa que as viúvas e os órfãos foram levados para a Paraíba. Quem voltou e quem ficou por lá? Antonio Vilela Cid, o moço, tinha filhos? Estevão Machado de Miranda teve uma única filha, Margarida, como diz seu descendente Manoel Maurício ou mais como está escrito no livro "Castrioto Lusitano", de Raphael de Jesus? O livro "História de São Gonçalo" afirma que Helena da Cruz era o nome da filha de Estevão Machado de Miranda que foi trocada por um cão de caça. De onde Manuel Nazareno obteve essa informação? Hélio Galvão diz que duas filhas de Antonio Vilela Cid venderam terras para João Fernandes Vieira. De onde saiu essa informação?
Em outro artigo falei que meus hexa avós João Machado de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo tinham os mesmos sobrenomes do casal Margarida Machado de Miranda e Manoel Duarte de Azevedo. Até o presente momento, não encontrei um elo que garantisse que pelo menos um dos dois hexa avós descendia de Margarida filha de Estevão Machado e Barbara Vilela Cid. Pelos registros de casamentos e batismos que encontrei, eles viveram todos nas diversas partes de São Gonçalo. Há a participação de vários descendentes de Estevão Machado de Miranda no casamento dos filhos de João Machado de Miranda. Mas, por conta de não existir mais alguns livros da Igreja, não conseguimos, ainda, estabelecer uma descendência mais direta. Assim, tudo que se relaciona a João Machado de Miranda e Leonor Duarte de Azevedo, é, detalhadamente, examinado, em busca de encontrar uma relação entre essas famílias. Será que Manoel Maurício não se equivocou com relação aos descendentes de Antonio Vilela Cid e Estevão Machado de Miranda? No caso de Catherina Duarte de Azevedo, ele não fez referência a uma filha chamada Bárbara. No caso de Lourença de Araújo Correa, ela cita como esposo dela apenas Bento José Taveira Viana, omitindo o nome do primeiro marido Luiz Soares Correa.
Um dos exemplos dessa busca é relativo à filha de João Machado e Leonor Duarte que se chamava Felizarda conforme transcrição abaixo:
"Em 15 de setembro de 1706 anos na Capella de São Gonçalo do Potegi de licença minha baptizou o Padre Francisco Bezerra de Gois a Felizarda filha legitima de João Machado e de Leonor Duarte sua molher, foram padrinhos Salvador Martins, e Isabel Duarte filha do Capitão João Martins de Sá."
Percorrendo os livros de batismo e casamento, só encontro uma pessoa que poderia ser candidata, apesar do sobrenome: é Felizarda Coelho Marinho. Ela era casada com o Sargento Mor Manoel de Sousa Jardim, natural de Igaraçu, Pernambuco. Vamos aos argumentos que levam a essa suspeita. Em 1749, Manoel de Sousa Jardim foi testemunha, na Igreja de Santa Anna da Aldeia de Mipibu do casamento celebrado pelo Padre Mestre Frei Juvenal de Santo Albano, religioso capuchinho, entre Luiz Machado Duarte e Antonia Maria das Neves, filha de José Gomes Tissão e Rosa Maria Ferreira. Luiz era filho do casal João Machado e Leonor. Essa presença demonstra relacionamento entre as famílias de Manoel de Sousa Jardim e a de João Machado de Miranda.
Em vários batismos encontramos, como madrinha, Leonor Duarte, citada como filha de Manoel de Sousa Jardim. Esses registros eram posteriores ao falecimento de Leonor Duarte esposa de João Machado. Leonor Duarte, filha de Manoel de Sousa Jardim e Felizarda Coelho Marinho, morreu solteira, em 1784, com a idade de 50 anos. Minha hipótese é que esse nome foi dado à filha em homenagem a avó da batizada. O registro a seguir contém equívoco que fornece mais pistas para a hipótese de Felizarda ser, realmente, a filha de João Machado e Leonor Duarte.
"Ignacia filha legitima de Ignácio de Sousa Jardim e Anna Rodrigues de Sá, naturais desta Freguesia neta por parte paterna de Manoel de Sousa Jardim, natural da Vila de Iguarassu, e de Felizarda Coelho natural desta Freguesia e pela materna de Joam Machado e de Leonor Duarte naturais desta Freguezia nasceu aos vinte e oito de abril do ano de mil setecentos, e sessenta e nove, e foi batizado com os santos óleos, de licença minha na Capela de Jundiahy desta Freguesia pelo Padre Joam Tavares da Fonseca aos quatro de Maio do dito ano. Foram seus padrinhos Victoriano Rodrigues de Sá e Antonia Maria filhos de Victoriano Rodrigues de Sá. De que mandei lançar este assento em que me assino, Pantaleão da Costa de Araujo, vigário do Rio Grande."
O equívoco cometido é justamente com relação aos pais de Anna Rodrigues de Sá. Em um registro de casamento de Ignácio de Sousa Jardim e Anna Rodrigues de Sá, bastante estragado, de onde pouca coisa se poder tirar, é possível ver que Anna Rodrigues de Sá é filha natural de Leandro Rodrigues de Sá. Acredito, dentro da minha hipótese, que no lugar de assentarem o nome dos pais de Anna, colocaram o nome dos pais de Felizarda. No batismo acima o Victoriano Rodrigues de Sá, pai, era irmão de Anna Rodrigues de Sá, pois, era também filho natural de Leandro Rodrigues de Sá. Victoriano casou, em 1753, com uma filha de Manoel e Felizarda, de nome Luisa de Sousa. Portanto, os padrinhos acima, Victoriano e Antonia, eram primos carnais de Ignácia, a batizada.
No próximo artigo, citaremos outros filhos do casal Manoel de Sousa Jardim e Felizarda Coelho Marinho, além desses dois que casaram com filhos de Victoriano Rodrigues de Sá. Em especial, transcreveremos o casamento de Maria da Conceição com Luiz Duarte, filho de José Figueira e Archangela Lopes. Esse casamento traz novos indícios para nossa hipótese de Felizarda ser filha de João Machado e Leonor Duarte.
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