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sábado, 17 de janeiro de 2015

Senador, os Alves vieram de Macau




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
No velório da escritora Ana Maria Cascudo Barreto, estávamos em uma roda de amigos, quando Severino Vicente provocou o Senador Garibaldi Alves: João Felipe diz que os Alves vieram de Macau. Garibaldi, então, falou: mas não foi de Angicos?
Comecei a responder, mas a chegada contínua de pessoas impediu a complementação do assunto. Por isso, dou continuidade àquela conversa interrompida, neste artigo, embora já tenha tratado desse assunto em outros artigos.
Em 1810, administrava a Ilha de Manoel Gonçalves, pião de várias terras da região do Assú, José Álvares Lessa. Em 1818, o português e morador da Ilha de Manoel Gonçalves, João Martins Ferreira escrevia para o governador da província, José Ignácio Borges, dando notícia da invasão da dita ilha por corsários ingleses. Era casado com Josefa Clara Lessa, possivelmente, filha de José Álvares Lessa. Em 1823, capitão, encontramos João Martins Ferreira como testemunha ou padrinhos em várias localidades do Assú.
A invasão contínua das águas oceânicas sobre a Ilha foi obrigando seus moradores a se deslocaram para outras localidades, sendo a preferência maior pela então Ilha de Macau, ainda sem habitantes, tendo somente, por lá, alguns práticos. Na lista dos primeiros habitantes de Macau aparecem o capitão João Martins Ferreira, seu filho major José Martins Ferreira e mais quatro genros, segundo a tradição oral.
No período que vai de 1830 até 1834, encontramos os batismos de quatro filhos do major José Martins Ferreira e Delfina Maria dos Prazeres. Nesses registros, onde esses filhos têm seus registros um atrás do outro, por se tratar de reconhecimento de paternidade, consta que eles foram batizados em Macau, embora em outros registros, encontrados isoladamente, as localidades de alguns batismos sejam diferentes. No caso de José Alves Martins, o segundo filho dessa lista, ele foi batizado em Guamaré.
Pois bem, José Alves Martins, casou com Francisca Martins de Oliveira, no dia 27 de novembro de 1852, em Curralinho. Não havia informações dos pais dos nubentes. Em uma das mensagens de um Presidente desta província do Rio Grande do Norte, vamos encontrar a notícia do assassinato dele, em 1871, na povoação de Rosário, por um sócio, João Rodrigues Ferreira.
Em uma das minhas viagens a cidade do Assú, encontrei, no Fórum João Celso da Silveira Filho, o inventário do falecido, tendo como inventariante, e ao mesmo tempo tutor dos filhos órfãos, seu irmão mais velho, Manoel José Martins, ambos inventariante e inventariado moradores em Cacimbas do Viana.
Na relação desses filhos constavam: José Alves Martins (Jr.), 18 anos; João Alves Martins, 13; Francisco Alves Martins, 12; Joaquim Alves Martins, 11; Militão Alves Martins, 10; Josefina Emília Alves Martins, 8; Delfino Alves Martins, 7; Maria, 5; e o caçula Manoel Alves Martins, com 4 anos de idade.
Em 10 de janeiro de 1879, Dona Josefina Emília casou com Absalão Fernandes da Silva Bacilon, natural de Santana do Matos.  Esse casal gerou Dona Maria Fernandes (D. Liquinha) e Dona Jesuína, que casaram, respectivamente, com Manoel Alves Filho e Jose Fernandes Silva.
Manoel Alves Martins, o mais novo de todos os filhos do José Alves Martins, em 1888, foi emancipado por completar 21 anos. Casou, primeiramente, com Joaquina Teixeira Martins, nascendo desse casamento, aos 2 de dezembro de 1890, um único filho, Manoel Alves Martins Filho.  Enviuvando, casou com Maria Ignácia da Conceição. Desse casamento, nasceram vários filhos, entre eles Manoel Alves Filho, aos 10 de agosto de 1894, que casou com sua prima legítima Maria Fernandes (D. Liquinha). Martins desapareceu do sobrenome dos descendentes.
O percurso, portanto, da família Alves, aqui no Rio Grande do Norte, foi Ilha de Manoel Gonçalves, em seguida Macau, depois Cacimbas do Viana (Porto do Mangue), Santana do Matos, e, finalmente, a mais conhecida, Angicos. Os Fernandes (aqui desapareceram os sobrenomes Alves e Martins) onde a maior estrela foi Aristófanes, filho de Jose Fernandes da Silva e Jesuína Fernandes, permaneceram em Santana do Matos.
Inicialmente, alguns dos filhos do major José Martins Ferreira se assinavam como Martins Ferreira, mas com a chegada de outros filhos, com o mesmo nome, do seu segundo casamento com Josefina Maria Ferreira, foi introduzido o sobrenome Alves, que talvez seja originário de José Álvares Lessa, português de Leça da Palmeira, e antigo administrador da Ilha de Manoel Gonçalves.

Batismo de José Alves Martins