João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN,
membro do IHGRN e do INRG
Em alguns testamentos e inventários, mais antigos, já faltam
algumas folhas. O testamento de Joaquim Rodrigues, escrito de próprio punho, por
exemplo, começa na página 4, e lá está escrito: ...for aberta a sucessão, serão
herdeiros da referida terça os meus filhos, que existirem do segundo leito.
Peço e espero que meus filhos do primeiro casamento não verão nesta disposição manifestação
de menos amor e amizade às suas pessoas por minha parte.
Declaro que quero ser sepultado no cemitério do lugar em que
falecer e que meu enterro deverá ser simples e sem pompa, correndo as despesas,
por este feito, por conta de minha terça. Nomeio meus testamenteiros a minha
mulher Ricardina Rodrigues Cavalcanti, Bacharel João Alves de Oliveira e
Salustiano Francisco Cacho, na ordem que estão indicados: a todos e a cada um
dos quais rogo, queiram aceitar esta minha incumbência.
Este é meu testamento e a última vontade para ser cumprida
depois de minha morte e por ele revogo qualquer outro que por ventura exista.
Recife, dez de março de mil oitocentos e noventa e nove. Joaquim Rodrigues Ferreira.
Esse testamento foi levado ao cartório do tabelião
Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão, rua Dr. Feitosa, Recife, sendo
testemunhas: Henrique Bernardes de Oliveira, José Carlos de Sá, Joaquim dos
Anjos Nogueira, João Batista de Sá e Julião Barbosa de Souza, moradores em
Recife.
No dia 24 de março de 1804, na cidade de Macau, em casa de
residência do testador Joaquim Rodrigues Ferreira, a viúva Dona Ricardina,
entregou ao Juiz João Teixeira de Souza, o testamento do seu marido, que
faleceu, em seu sitio denominado Alto do Rodrigues, no dia anterior, às duas
horas e vinte minutos da tarde, pouco mais ou menos.
Dona Ricardina apresentou, como filhos do coronel Joaquim
Rodrigues Ferreira, os nomes que seguem. Do casamento com D. Generosa (Bela)
Rodrigues da Silveira: Dona Olympia Rodrigues de Souza, 45 anos, casada com o
tenente-coronel Joaquim Ildefonso Virgulino de Souza, residente em Macau; Odorico
Rodrigues Ferreira, com 40 anos, casado (com Amélia Rodrigues Ferreira),
morador e residente na Pendência; Anna Rodrigues Ferreira, de 35 anos, casada
com Manoel Teixeira de Carvalho Filho, residente em Macau.
Do casamento com a inventariante, Dona Ricardina, listou os
seguintes filhos: Rosa Rodrigues Cacho, com 27 anos, casada com Antonio de Castro
Cacho, residente em Macau; Ricardo Rodrigues Ferreira, com 24 anos, casado,
residente na cidade de Recife; Álvaro Rodrigues Ferreira, com 23 anos,
solteiro, residente em Macau; Rodrigo Rodrigues Ferreira, com 22 anos,
solteiro, residente em Macau; Laura Rodrigues de Oliveira, 20 anos, casada com
José Fernandes de Oliveira, residente em Macau; Irineu Rodrigues Ferreira, com
19 anos, solteiro, residente em Macau; Delmiro Rodrigues Ferreira, 14 anos, residente
em Macau; Marfisa Rodrigues Ferreira, com 13 anos, residente em Macau; João
Rodrigues Ferreira, 11 anos, residente em Macau; Francisco Rodrigues Ferreira,
9 anos, residente em Macau.
No inventário aparecem vária terras que foram compradas pelo
testador, em diversos municípios. A fim de reconstituir os nomes dessas
localidades e seus donos, listamos aqui esses bens de raiz do falecido: Sítio
denominado “Alto do Rodrigues” no município de Macau, compreendendo uma posse
das sobras das terras do antigo Sítio “Sacco”, comprada a Rufino Álvares
Clavassino Costa; noventa e seis braças de terras, no lugar denominado Ponciana,
do município de Macau, comprada a João Albano Cabral e sua mulher (Justina
Maria da Conceição); mais seis braças e meia de terras, no mesmo lugar
Ponciana, a margem do Rio Assú, extremando-se com a terra de Theodoro Alves
Guimarães, compradas aos herdeiros de Francisco de Sales Urbano; 22 braças de
terras, em Macau, a margem direita do Rio Assú, comprada a Dona Josefa Ferreira
Monteiro; nessa mesma Tabatinga, 12 braças de terras compradas a Dona Anna Rosa
Fernandes de Jesus; nessa mesma Tabatinga, 14 braças de terras, compradas a
Manoel Joaquim de Lima; 30 braças de terras, nessa mesma Tabatinga, compradas a
Jerônimo Fernandes Gomes; meia braça de terras, na Tabatinga, comprada a Manoel
Luiz Ferreira das Neves; 43 e 1/2 braças de terras no lugar denominado Buraco
do Estevam, compradas a José Francisco dos Anjos; uma parte de terras em Gaspar
Lopes, município de Angicos, comprada a Francisco Quilidônio da Costa Machado; duas
partes de terras, no lugar denominado de Serra Aguda, município de Angicos,
compradas a Francisco Xavier da Cunha Vasconcelos; 400 braças de terras, com
fundos de 4 500 braças, no lugar denominado Baixa do Pau Branco, comprada a
Francisco da Rocha Freire Cabeleira; uma posse da data de terras Curralinho, em
Angicos, atualmente denominada Santa Rosa, comprada a Francisco Xavier de Souza
e sua mulher; Uma parte de terra, no lugar denominado São Julião, comprada a
Julião Barbosa de Souza e sua mulher.
Joaquim Rodrigues Ferreira era filho do português Manoel
Rodrigues Ferreira e da assuense Izabel Martins Ferreira, que foram moradores
na Ilha de Manoel Gonçalves.
Herdeiros de Joaquim Rodrigues Ferreira |