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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Meu tetravô e o testamento de Domingos Affonso Ferreira Jr.




João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Segundo Zilda Fonseca, em “Desbravadores da capitania de Pernambuco, seus descendentes, suas sesmarias”, Domingos Affonso Ferreira Jr. nasceu em 1781, filho de Domingos Affonso Ferreira e Maria Theodora Moreira de Carvalho. Enquanto Maria Theodora faleceu aos 9 de dezembro de 1803, seu marido, Domingos,  faleceu, no ano seguinte, aos 5 de fevereiro, menos de dois meses depois. O inventário destes dois últimos durou muitos anos. Em 1810, o inventariante, Bento José da Costa, ainda pedia avaliações das terras e bens, aqui no Rio Grande do Norte, sendo seu representante e administrador das terras do Assú, José Álvares Lessa.
Aos 28 de março de 1814, Domingos Jr. fez seu testamento, iniciando com as seguintes palavras: Digo eu, Domingos Affonso Ferreira (Jr.), que estando de cama temendo a morte, não sabendo a hora, e por estar em meu perfeito juízo ordeno meu testamento pela maneira seguinte. Primeiramente encomendo a minha alma a Santíssima Trindade que me criou e queira receber minha alma no céu, assim como fez a Jesus Cristo, unigênito do Padre, que uniu os homens, encomendo-me a Maria Santíssima, Anjo de minha guarda, Santo do meu nome queiram ser os medianeiros diante de Deus.
Nomeou como seus testamenteiros, o cunhado, coronel Bento José da Costa, Dona Joanna Cândida de Lima, e Dona Izabel Maria Ferreira. Declarou que era natural da Vila do Recife, filho de Domingos Affonso Ferreira e Dona Maria Theodora Moreira de Carvalho. Disse mais, que do melhor da sua fazenda fosse para o afilhado José Affonso Ferreira. Deixou mais ainda, quantia em dinheiro, para as tias D. Catarina Angélica, Dona Joaquina da Conceição e Dona Joanna Cândida, e para sobrinha e afilhada Dona Maria, filha de sua irmã Izabel Maria Ferreira. Nomeou como seus herdeiros universais seus irmãos machos e fêmeas.
Afirmou, ainda, que de posse dele havia um sítio na Ponte de Uchoa, com casa de vivenda, por conta do que lhe ia tocar por herança dos seus falecidos pais, cujos bens se achavam pro indivisos. Declarou que tinha contas com seu cunhado Bento José da Costa, com outro cunhado, José Antonio Alves de Souza, e com sua irmã Izabel Maria Ferreira.
Aos 23 de abril de 1814, pouco tempo depois do seu testamento, Domingos Jr. faleceu, solteiro, na Boa Vista, sem deixar sucessão.
No seu inventário, o que chama a nossa atenção é o número de pessoas que lhe deviam. A quase totalidade dos devedores estava, também, no inventário dos seus pais. É possível que ele tenha herdado essas dívidas ativas. Na lista, em ordem alfabética, aparecem, entre os muitos devedores, Antonio Lopes Viegas, Francisco Antonio Teixeira, lá do Assú,  e Bernardo José da Costa, irmão de Bento José da Costa.  Algumas dívidas já estavam a cargo de outras pessoas, entre elas o  inventariante Bento.
Em 1815, José Álvares Lessa, já era falecido, como se poder ver, em “Questão de Limites”, de um ofício do vereador Manoel Ignácio Pereira do Lago para o escrivão geral da Vila Nova da Princesa, Manoel de Melo Montenegro Pessoa. Por isso, nas dívidas ativas de Domingos Affonso Ferreira Junior, encontramos, que a cargo de João Martins Ferreira (meu tetravô) ficou uma dívida do falecido José Álvares Lessa, administrador das Fazendas do Assú, e consta da conta que com ele se ajustou em dezesseis de outubro de mil oitocentos e onze, o qual não deixou bens e sim algumas dívidas. Mais ainda, a cargo do dito João Martins, parte das dívidas que deviam as fazendas do Assú, de mil setecentos e noventa e oito a mil oitocentos e quatro, e mais ainda, as dívidas que deviam outras fazendas desde mil oitocentos e quatro a mil oitocentos e onze.
Além das terras compradas por Bento José da Costa e seu sogro,   Domingos Affonso Ferreira, em 1797, havia mais duas Sesmarias recebidas por este último em 1798, tudo aqui no Rio Grande do Norte. O capitão João Martins Ferreira foi administrador das terras do Assú, com base na Ilha de Manoel Gonçalves, e pelo visto deve ter assumido com o falecimento de Lessa. Outro detalhe é que a esposa de João Martins Ferreira se chamava Josefa Clara Lessa, possivelmente, filha do falecido José Álvares.
Felipe Neri Ferreira, irmão de Domingos