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terça-feira, 23 de julho de 2013

Adélia Cavalcanti de Albuquerque, a esposa de Leônidas da Fonseca


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG
O capitão J. da Penha, já eleito deputado, no Ceará, veio capitanear, aqui no Rio Grande, a luta contra a oligarquia Maranhão, movimento que se espalhava de maneira semelhante em outros estados. O que não parece claro, para muitos, é a razão da escolha, como candidato a governador, do filho do Presidente da República Hermes da Fonseca. Quem era, de verdade, Leônidas Hermes da Fonseca para ser escolhido, se isso parecia uma contradição com a luta contra as oligarquias? Resolvi pesquisar nos velhos jornais alguma informação que justificasse tal escolha. Em primeiro lugar procurei descobrir quem era a esposa de Leônidas, dada como natural do Rio Grande do Norte, pois nem o nome dela eu sabia.

Do jornal “O Paiz”, datado de 10 de setembro de 1911, extraí a informação que o 2º tenente Leônidas Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, Presidente da República, casou, no dia 9 de setembro de 1911, no Palácio Guanabara, com Adélia Cavalcanti de Albuquerque, sobrinha do capitão Joaquim Brilhante, ajudante de ordem do Sr. chefe de Polícia. O ato civil foi às 2 horas da tarde, servindo de testemunhas, da noiva, o Dr. Belisário Távora, o general Percílio da Fonseca, o coronel Cyrillo Brilhante (tio da noiva), e o capitão Luiz Lobo, e do noivo, o senador Pinheiro Machado, o Dr. Álvaro de Teffé e o Dr. Sebastião de Lacerda. O ato religioso foi as 3horas e 30 minutos, na rica capela, armada no salão à esquerda da sala de espera, servindo de padrinhos, da noiva, a Exma. Sra. D. Orsina Hermes da Fonseca (mãe do noivo) e o capitão Joaquim Brilhante, e do noivo, o deputado Fonseca Hermes e a Exma. Sra. D. Honorina Brilhante (esposa de Joaquim).

Na notícia acima, nenhuma informação sobre os pais da noiva. Outro jornal do Rio de Janeiro dizia, apenas, que “a gentilíssima senhorita Adélia Cavalcanti de Albuquerque pertencia a distinta família do norte.

No jornal “A Época”, de 23 de março de 1913, foi postado, de Recife, por Paulino Guedes, Juiz de Direito “aposentado pelo governo dos Maranhões”, um artigo que contém o seguinte trecho: Como político do Rio Grande do Norte, venho pedir ao vosso conceituado jornal permissão para dar verdadeira informação do que se vai na política potiguar: - De Natal telegrafaram ao tenente Leônidas Hermes que a indicação de seu nome para governador daquele Estado não passava de exploração e que ele não acreditasse no valor da oposição; que viesse incógnito percorrer o centro do Estado para se convencer de que qualquer candidato anti-oligarquia seria derrotado etc...Em primeiro lugar devemos declarar que o candidato a governador de nosso Estado ainda não foi definitivamente escolhido, mas se essa escolha recair no tenente Leônidas onde estará a exploração?... Pois esse ilustre militar será indigno de administrar a querida terra de sua digna esposa? Não estará no gozo dos seus direitos políticos? Que exploração, pois haverá na escolha do seu nome?

Sem nenhuma informação sobre os pais de Adélia e a confirmação da naturalidade dela, solicitei ajuda aos colegas do grupo GenealBr. Recebi, então, de Pedro Auler informação que tinha encontrado no “Diário da Noite”, a notícia do falecimento de Adélia, e, pela data, foi procurar os registros da época no familysearch, cujo link me enviou, de onde extraí que: faleceu, em 8 de setembro de 1951, Adélia de Albuquerque Fonseca, com sessenta e seis anos, sete meses de idade, natural do Rio Grande do Norte, viúva de Leônidas Hermes da Fonseca, filha de Francisco Cavalcanti de Andrade e de Júlia Leopoldina Cavalcanti. Constava ainda que ela tinha deixado três filhos maiores.

Nos jornais mais antigos daqui, que examinei, a única informação que tinha, dava conta que Francisco Cavalcanti de Andrade tinha obtido uma licença por ter aberto seu estabelecimento em 1888.

Pelas informações acima, fui procurar no livro de batismos da catedral, ano de 1891, algum possível registro de Adélia. Encontrei, então, o seguinte registro: Aos vinte e oito de junho de mil oitocentos e noventa e um, na Matriz da Senhora da Apresentação, batizei, solenemente, a párvula Adélia, nascida aos 7 de março do mesmo ano, filha legítima de Francisco Cavalcanti d’Andrade e Júlia Leopoldina Cavalcanti, sendo padrinhos José Zacharias Vieira de Mello e Joanna Vieira de Mello. Fiz escrever este assento e assinei. Pe. João Maria Cavalcanti de Brito.

Estava confirmada a naturalidade de Adélia, mas que família era essa, aqui no Rio Grande do Norte? Fui, então, em busca do casamento dos seus pais. Encontro um registro que parece ser o casamento deles, mas na parte referente aos nubentes a imagem está com defeito. No documento está registrado que o casamento foi em 16 de abril de1887, na capela da Piedade, no Quartel Militar, sendo os pais do noivo, João Baptista d’ Andrade e Rozaura Cavalcanti d’Andrade e da noiva, Manoel Brilhante da Motta Cavalcanti e Ana Paula Cavalcanti d’Albuquerque. Júlia era natural de Timbáuba, Pernambuco.
Manoel Brilhante e Ana (ou Antonia) eram pais, também, de Amália Brilhante d’Albuquerque, Manoel Brilhante d’Albuquerque, João Brilhante d’Albuquerque, Cyrillo Brilhante d’Albuquerque e Joaquim Antonio Brilhante, estes dois últimos presentes no casamento de Adélia.

P. S. Estive na Cúria procurando o original que continha o casamento dos pais de Adélia. Realmente, o casamento acima, datado de 16 de abril de 1887, foi de Francisco Cavalcanti de Andrade e Júlia Leopodina Cavalcanti.. No documento, a parte que contém o nome dos nubentes está partida. Localizei o nome do casal, na dobra do livro,pregado com durex.