João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor de
Matemática da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Hoje em dia é mais fácil fazer pesquisas genealógicas, até sem
sair de casa, desde que se tenha uma internet. Os mórmons vêm disponibilizando,
dia a dia, os seus microfilmes na web, com registros civis, livros de batismos,
casamentos e óbitos da Igreja Católica, entre outros documentos, de várias
partes do mundo, inclusive do Brasil. Do Rio Grande do Norte, já podemos
encontrar registros do Seridó. Os diversos programas de Genealogia, e os vários
trabalhos já publicados ajudam os interessados. Algumas informações
complementares sobre alguns dos nossos familiares ou conhecidos podem ser
encontrados, também, nos velhos jornais digitalizados pela Hemeroteca da
Biblioteca Nacional. Vamos exemplificar com alguns que encontrei nesses velhos
jornais.
No jornal do Rio de Janeiro, A Época, de 26 de setembro de
1912, consta a seguinte notícia: vitimado por uma queda, quando passeava a
cavalo, faleceu anteontem, na cidade de Angicos, Rio Grande do Norte, o jovem
cirurgião-dentista José Francisco Alves de Sousa. O moço, que por sua
inteligência e qualidades do coração era muito estimado no círculo de suas
relações, recebeu, a meses, nesta capital, o diploma de cirurgião-dentista e
achava-se no Rio Grande do Norte, de onde era natural, em visita a pessoas de
sua família. Era irmão do nosso ilustre colaborador, capitão J. da Penha, que
tem recebido muitas cartas, cartões e telegramas de pêsames e a quem
sentimentamos.
Meu trisavô, Miguel Francisco da Costa Machado, foi nomeado
agente dos Correios da Vila de Angicos, província do Rio Grande do Norte, em
1861, conforme Boletim de Expedição do Governo, e, também, no Correio da Tarde;
Segundo o jornal Actualidade, de 26 de junho de 1861, ele foi nomeado coronel –
comandante superior da Guarda Nacional dos municípios de Angicos e Macau, na
província do Rio Grande do Norte; pelo Correio Mercantil, de 30 de setembro de
1867, ele foi reformado no mesmo posto de coronel – comandante superior da
Guarda Nacional.
Pelo Jornal da Tarde, de 25 de outubro de 1870, saiu a
notícia da concessão de licença, para residir no Rio Grande do Norte, ao 2º
cadete 1º sargento reformado, José Avelino Martins Bezerra, devendo ser pago
dos seus vencimentos de reforma pela Tesouraria da Fazenda daquela província. No
Diário do Rio de Janeiro, de 24 de junho de 1870, consta que ele foi
contemplado com uma pensão de 600 réis diários. No relatório do Ministério da
Guerra de 1869, ele aparece como um dos feridos. José Avelino Martins Bezerra,
meu tio bisavô, era do 36º corpo de voluntário da pátria, na Guerra do
Paraguai.
Outro jornal digitalizado pela Hemeroteca é o Almanak Administrativo
Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro. Nele há registros, de várias
localidades, enviados pelas diversas intendências municipais. Em 1885,
encontramos entre outras informações, as seguintes: a Câmara Municipal de
Angicos era composta por João Luiz Teixeira Rola, seu presidente, José Avelino
Martins Bezerra, seu vice, alferes Antonio Barbosa Xavier de Sousa, capitão
José Martins Pedroza da Costa, José Gorgônio de Deus Gonçalves, Francisco
Soares de Paiva Rocha e Antonio Pascoal Baylon Bezerra; o secretário era José
Vitaliano Teixeira de Sousa, o procurador João Alexandre Alves de Sousa, fiscal
o alferes José Bezerra da Silva Grilo, e porteiro Luiz Antonio Cabral.
No mesmo Almanak, encontramos na lista de proprietários e
capitalistas: Alferes Antonio Martins Wladislao da Costa, o vigário Felis Alves
de Sousa, Firmino José Porcino da Costa, alferes Florêncio Octaviano da Costa
Ferreira, tenente João Felippe da Trindade, João Luiz Teixeira Rola, Joaquim
Costa Alecrim, Joaquim Teixeira de Sousa Pinheiro e Manoel Rebouças de Oliveira
Câmara. Era inspetor do Telégrafo elétrico, Benjamim Lopes Abath.
Foi na Gazeta de Notícias de 1 de dezembro de 1883 que tive
notícia dos falecimentos de Luiz José Soares de Macedo e do Major José Martins
Ferreira, este último, meu trisavô e um
dos fundadores de Macau, proveniente, e, talvez nascido na Ilha de Manoel
Gonçalves.
No jornal A Província, de Pernambuco, datado de 16 de
janeiro de 1874, encontramos o embarque para o Norte de Maria Martins Ferreira,
sua filha Maria Fernandes Moura e Silva, esposa de Balthazar de Moura e Silva
e, Ildefonso Moura e Silva, filho do
casal; nesse mesmo jornal, datado de 9 de junho de 1874, quem embarcou no navio Pirapama foi Balthazar de Moura e
Silva.
Maria Martins Ferreira era minha tia trisavó, pois era irmã
de meu trisavô, citado acima, Major José Martins Ferreira. No Jornal do Brasil
e no O Paiz, ambos do Rio de Janeiro, encontramos notícias do falecimento de
Balthazar de Moura e Silva, no ano de 1882, e o de Maria Martins Ferreira, em
22 de novembro de 1892. Nessa época, ela morava no Rio de Janeiro. Deve ter
sido levada para lá pelo filho, Comendador Antonio Barroso Fernandes.
Outra informação, tirada do Correio Mercantil, diz que
Joaquim Câmara Machado Rios era tio de Dr. Amaro Bezerra, e que Balthazar da
Rocha Bezerra, delegado em São Gonçalo, era cunhado de José Varella de Sousa
Barca.
Se alguém quiser conhecer melhor a participação do capitão
J. da Penha na luta contra a oligarquia Maranhão e no Ceará, onde morreu, um
dos jornais que tem bastante informações é A Época, do Rio de Janeiro.
Por tudo que foi relatado acima, pode-se observar que nesses
velhos jornais, digitalizados pela Hemeroteca, é possível encontrar informações
sobre parentes, que podem ajudar na construção da história das diversas
famílias brasileiras.
Anita e Zaira, filhas do capitão J. da Penha |