segunda-feira, 13 de abril de 2015

Quem era Bento Teixeira?


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.

Lá das Alagoas, Fábio Arruda me enviou um e-mail contendo um documento datado de 1711, onde constava o nome de Bento Teixeira e queria saber quem era ele e qual era o nome de sua esposa. Nesse documento, certo João Coelho de Araújo, morador na Capitania da Paraíba do Norte, requereu a cobrança de uma dívida contraída por empréstimo, por Christovão de Olanda Figueroa, que se encontrava preso na cadeia da dita Capitania, e sem bens. Como seu principal fiador era Francisco Camello Valcacer, já falecido, solicitava demandar os herdeiros, os genros por cabeça de suas duas filhas, Hierônimo Cavalcanti de Albuquerque, morador na capitania de Itamaracá, e Bento Teixeira, morador na capitania do Rio Grande.

Sobre Hierônimo, informou que era pessoa muito poderosa, aposentado, rico e afazendado, e aparentado na dita capitania, por ter exercido o posto de  capitão-mor e várias vezes o lugar de Juiz Ordinário e ter assentado praça de soldado só a fim de não ser demandado perante o Corregedor da Comarca, que ia em Correição; e naquela capitania havia Ouvidor e Auditor Donatário e tanto este com as mais justiças da dita Capitania lhes eram subordinados.

Quanto a Bento Teixeira, disse que era sargento-mor, na Capitania do Rio Grande, e que também exerceu várias vezes o posto de Juiz Ordinário, sendo pessoa poderosa, rica e afazendada.

Fui, então, procurar, entre os documentos que fotografei, notícias desse Bento Teixeira. Achei, apenas, quatro informações sobre Bento, todas em documentos que me foram enviados, anos atrás, pelo próprio Fábio Arruda.

No primeiro registro, Bento foi padrinho: Em 12 de junho de 1698 anos, na Capela de Nossa Senhora do O’ da Aldeia de Mipibú, com licença minha, batizou o Reverendo Manoel de Jesus a Phelippe, filho de Miguel da Rosa (Leitão) e de sua mulher Maria Dias; foram padrinhos o capitão Bento Teixeira Ribeiro e Maria de Moraes. Tem os santos óleos. Vigário Simão Rodrigues de Sá.

No documento seguinte, encontramos o batismo de um filho, cujo nome não foi transcrito para o registro: Em 10 de setembro de 1699, na Capela de Nossa Senhora do O’ da Aldeia de Mipibú, com a minha licença, batizou o Reverendo Padre Manoel de Jesus a (em branco), filho do sargento-mor Bento Teixeira Ribeiro e de sua mulher Joanna Camello Valcacer, padrinhos o capitão-mor Bernardo Vieira de Mello e (seu filho) o alferes tenente André Vieira de Mello. Não tem os santos óleos. O coadjutor Antonio Rodrigues Frazão.

O terceiro documento, com partes ilegíveis, datado de 5 de julho de 1693, trata  do batismo, em Mipibú, de Joanna, filha de Domingos Camelo e sua mulher Leonor do Rego, escravos de Bento Teixeira .

O quarto documento é um batismo, também, em Mipibú, de uma escravinha de Bento: em 27 de dezembro de 1707 anos, na capela de Nossa Senhora do O’ da Aldeia de Mipibú, de licença minha, batizou o Padre Antonio de Araújo e Sousa a Luzia, filha de Sebastiana, escrava de Bento Teixeira Ribeiro, e de Manoel Martins de Sá; foram padrinhos o mesmo padre Antonio de Araújo e Sousa e Violante Dias. Tem os santos óleos. Vigário Simão Rodrigues de Sá.

Nada mais encontrei sobre Bento e Joanna. Segundo Fábio Arruda, a única filha que apareceu para Francisco Camelo Valcacer e sua esposa Catarina de Vasconcelos, na Nobiliarquia Pernambucana, foi a esposa de Jerônimo Cavalcante de Albuquerque, com o mesmo nome da mãe, ou seja, Catarina de Vasconcelos. Joanna Camelo Valcacer não foi citada.

Quando Dona Anna da Silveira, mãe de Francisco Camelo Valcacer, fez seu testamento não citou entre os netos beneficiados, o nome de Joanna, É possível que na data desse dito testamento, Joanna ainda não tivesse nascido.

Por aqui, encontramos outras pessoas com sobrenome Valcacer, mas não foi possível estabelecer nenhum parentesco com os membros das família de Francisco Camelo Valcacer: o sargento-mor Manoel Camello Valcacer, como testemunha em um casamento,em 1727, de uma escrava do capitão João Leite de Oliveira; Manoel Valcacer de Morais, padrinho em 1833, lá no Assú; Antonio Camello Valcacer, Vigário Encomendado em Touros, por volta de 1840; Luiz Valcacer da Rocha Pitta; lá em Santana do Matos; e Francisca Barbosa Valcacer, natural de Igarassú, esposa do português, da Ilha de São Miguel, Simão Pereira da Costa; Francisco Carvalho Valcacer, que foi sesmeiro neste Rio Grande, e era casado com Dona Joana Maria da Fonseca.

 
Batismo de filho de Bento e Joanna



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